Calciopédia
·12 Desember 2024
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·12 Desember 2024
Há quanto tempo Turim não vivia uma noite europeia como a desse 11 de dezembro? A Juventus voltou a se encontrar com as vitórias, não por acaso, ou contando com a sorte, mas sim, por conta do seu bom futebol e de sua nova filosofia de jogo que, entre altos e baixos até aqui, necessita de tempo e de grandes desafios para se consolidar de vez. O tempo, Thiago Motta ainda não teve, mas os confrontos de peso, esses sim já se fazem presentes. Contra o bicho-papão – apesar de sua má fase – Manchester City, a Juventus venceu e com autoridade: 2 a 0.
Dessa vez, as lesões ficaram em segundo plano, visto que, apesar de não contar com Cambiaso, Motta teve à disposição Douglas Luiz e McKennie, ambos retornando de problemas físicos. E, se no cenário nacional a Juventus ainda se encontra invicta na temporada, apesar do excesso de empates, a história era diferente na Liga dos Campeões. Após a derrota contra o Stuttgart, há quase dois meses, os bianconeri apenas empataram com Lille e Aston Villa. Pela frente, tinham um dos times que, no início da temporada, estava no grupo de favoritos a levantar a orelhuda. É verdade que os Citizens estão em maus lençóis, mas isso não diminui o tamanho da vitória dos italianos, que talvez tenham feito sua melhor exibição na gestão do ítalo-brasileiro.
O jogo começou com muita posse de bola dos visitantes. Danilo era responsável por Bernardo Silva, enquanto Savona ficou com a dura missão de marcar Doku. Nenhuma dificuldade para os mandantes, visto que o Manchester City concentrava sua criação pelo meio. Apesar do controle britânico, era a Juventus que demonstrava saber mais o que fazer com a pelota. Depois desse momento de pressão inglesa, em uma saída de bola que começou com Di Gregorio, Vlahovic teve a primeira escapada do jogo, mas foi flagrado em impedimento. Aos 19 minutos, o cenário se repetiu com um bom chute de Yildiz, que passou raspando a trave de Ederson.
Como de costume, Conceição e Yildiz eram os mais incisivos no ataque bianconero, enquanto Koopmeiners e Vlahovic faziam uma partida abaixo da média, tecnicamente falando. Com um primeiro tempo morno, naturalmente a posse de bola de um time tão talentoso como o Manchester City se transformaria em perigo. Aos 39 minutos, Di Gregorio fez sua primeira grande defesa da noite quando Haaland tentou encobri-lo após De Bruyne tirar um passe da cartola.
“Ainda estou aqui”: em contraste com noite apagada de Haaland pelo City, Vlahovic abriu o placar para a Juventus (Getty)
O primeiro tempo se encerrou com um equilíbrio bem evidente entre as equipes. Os ingleses controlavam o jogo, mesmo imprimindo pouco ritmo a ele, enquanto os donos da casa exploravam as brechas deixadas pela fragilidade defensiva do adversário. Mesmo com maior posse, quem melhor utilizava a saída com os pés como recurso eram os mandantes, que não se sentiram intimidados, mesmo enfrentando o maior expoente do seu novo estilo de jogo. Destaque para a fase defensiva, em que todos foram muito bem quando exigidos.
Para a segunda etapa, a única mudança realizada por Thiago Motta era a que faltava: o novo ímpeto na atitude do time, que já não respeitaria tanto o Manchester City quanto no primeiro tempo. Antes mesmo dos 10 minutos iniciais, a Juve viu Gatti desarmar De Bruyne e partir para se aventurar no ataque. A jogada chegou a Locatelli, que cruzou na área, e o próprio zagueiro emendou um voleio bloqueado por Ederson. Na sequência, Yildiz conseguiu cruzar mais uma vez e, quis o destino, que o lance que abriria o placar, da cabeça de Vlahovic, fosse semelhante ao que tirou o gol de Conceição contra o Aston Villa. Dessa vez, a bola entrou, e a Velha Senhora foi recompensada por sua intensidade inicial.
Após o gol, Pep Guardiola inverteu seus pontas, e Danilo passou a marcar Doku pelo lado esquerdo bianconero. As melhores oportunidades dos visitantes vieram dessa troca, incluindo uma finalização perigosa do belga, aos 65 minutos. Gündogan e De Bruyne tinham liberdade pelo meio, e a Juventus se segurou na boa atuação de seus defensores. Todos fizeram bloqueios importantes: Locatelli e Gatti foram impecáveis, enquanto Savona, Danilo e Kalulu mostraram segurança ao impedir que os visitantes entrassem na área para finalizar.
Porém, a pressão do Manchester City logo exigiria que Di Gregorio, mais uma vez, fizesse uma defesa espetacular em chute colocado de Gündogan, da entrada da área. No escanteio gerado pelo lance, Gatti bloqueou um arremate de Grealish. A Juventus conseguia algumas escapadas com Yildiz e Chico Conceição, mas sem grande efetividade. Nesse momento, o ônibus bianconero estava estacionado na defesa e funcionava muito bem. McKennie, voltando de lesão, entrou em campo junto de seu compatriota Weah, substituindo Thuram e Conceição. Não demorou para o camisa 16 da Velha Senhora mostrar sua estrela, novamente em uma noite europeia.
Voltando de lesão, McKennie marcou um golaço e fechou a conta da vitória da Juve, que aprofundou a crise do time de Guardiola (Getty)
Aos 75 minutos, após o bom momento do City, Danilo desarmou Doku de maneira brilhante e, em um contra-ataque, McKennie encontrou Weah. Após não conseguir de primeira, o ponta norte-americano achou um passe para seu companheiro de seleção, que aplicou um voleio, dando números finais ao jogo e marcando seu segundo gol nesta Liga dos Campeões. Um tento muito importante para o meio-campista, que anotou logo na partida em que retornava de lesão, e mais ainda para a Juventus, que exauriu ali qualquer ímpeto dos ingleses.
Também voltando de um período afastado, Douglas Luiz reencontrou seu antigo clube ao entrar em campo junto de Mbangula, nos lugares de Vlahovic e Yildiz. Não havia muito o que ser feito, a não ser os dois cartões amarelos aplicados a Grealish e Bernardo Silva, que simbolizaram o nervosismo inglês dentro de campo. O jogo foi pouco faltoso, e o árbitro Clément Turpin teve trabalho apenas para apartar um pequeno conflito envolvendo o meia português dos Citizens e Di Gregorio, causado por cera do goleiro bianconero.
A partida se encerrou, e as boas notícias para a Juventus não se limitaram aos três pontos após quatro empates consecutivos e à sólida vitória sobre um dos postulantes ao título – que amargaram sua sétima derrota nos 10 últimos jogos e podem estar perdendo esta condição. O excelente desempenho defensivo, mais uma vez, foi motivo de celebração. Doku, o jogador mais insinuante do City, não conseguiu se impor contra Savona e muito menos contra Danilo. No meio-campo, apesar dos espaços, Locatelli neutralizou as jogadas adversárias. É justo destacar o camisa 5, que, mesmo com mudanças em sua dupla, tem se mantido como um pilar para a equipe no meio-campo.
Sendo este o último jogo de Liga dos Campeões em 2024, a Juventus terminará o ano com um respiro no cenário europeu. Com a vitória, ocupa a 14ª posição e reduz a distância para a zona de classificação direta às oitavas a apenas dois pontos. O resultado certamente empolgará os bianconeri, que tentarão transformar a boa moral em mais vitórias, primeiro contra o Venezia, pelo Campeonato Italiano, novamente em Turim. Após esse confronto, a Velha Senhora receberá o Cagliari, pelas oitavas de final da Coppa Italia, em busca de defender seu título. No cenário continental, a Juve volta a campo apenas em 21 de janeiro, quando visitará o Club Brugge. Já Guardiola precisará se virar na Champions League: seu time, 22º colocado, encara também os belgas, na derradeira rodada do torneio, e, antes disso, fará um duelo de desesperados (quem diria…) com o Paris Saint-Germain.