Trétis
·12 November 2024
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Na tentativa de acalmar os ânimos após sua terceira derrota com gol sofrido na reta final da partida, Lucho González clamou por injustiça quando falou nos sete resultados negativos que já acumula em oito jogos no comando do Athletico.
Em três diferentes oportunidades, em entrevista coletiva, treinador mencionou questão. Lucho não só ressaltou resultado injusto no 2 a 1 sofrido contra o São Paulo, mas disse que nenhuma derrota foi merecida. Técnico espera que fator vire no próximo sábado (16), contra o Atlético-MG:
“O futebol tem muito de injustiças. Muitas vezes não é quem merece que sai beneficiado. Buscamos o resultado e no final tomamos o gol.” “Futebol tem essa coisa da injustiça. Em algum momento, e no sábado (jogo contra o Atlético-MG), isso pode se virar ao nosso favor. É isso que me dá esperança.” “Não passa pela minha cabeça nenhuma situação dessa (pedir demissão). As derrotas doem muito. Em um ou outro jogo cometemos algum erro, em nenhum momento em que fomos superados, deixamos de criar, ou de merecer mais pontos.”
O Athletico só venceu o Cruzeiro (3 a 0), com um jogador a mais desde os três segundos do primeiro tempo, desde a chegada de Lucho González. Outros sete jogos configuram sete derrotas, cinco por vantagem mínima, contra Flamengo (1 a 0), Botafogo (1 a 0), Fluminense (1 a 0), Vitória (2 a 1) e São Paulo (2 a 1), além de goleadas sofridas contra Racing-ARG (4 a 1) e Corinthians (5 a 2).
Lucho González concede entrevista coletiva. Foto: Trétis
O quesito “justiça” no futebol é interpretativo e muito utilizado em coletivas pós-jogo para justificar o injustificável. Claro que Lucho pode ter dito apenas para tentar pintar cenário mais positivo ao torcedor e à imprensa, mas fato é que treinador já utilizou discurso parecido em outras oportunidades.
Ficam como exemplos as derrotas contra o Botafogo, por 1 a 0 na Baixada, e contra o Corinthians, por 5 a 2 em São Paulo. Em ambos os jogos, a falta de eficiência para converter chances foi considerada o maior problema pelo treinador.
Números concordam com Lucho, em casos. Contra o Corinthians, por exemplo, o Athletico finalizou 22 vezes (comparadas às 14 finalizações do adversário), além de ter mesmo número de grandes chances criadas (2 a 2). Se fosse mais eficiente no ataque, talvez pudesse ter equilibrado goleada sofrida.
Contra o Botafogo, Mastriani teve chance frente à frente com Jhon, e bateu mal na bola. O Furacão finalizou 26 vezes (contra 11 do Botafogo) e teve, de novo, mesmo número de grande chances criadas (2 a 2).
Então Lucho está certo? Depende. Se forem considerados apenas números absolutos de criação de chances, talvez. Mas outros dois fatores entram nessa estranha reflexão de justiça ou injustiça.
O primeiro deles, ainda falando sobre ataque, é a estatística de gols esperados, que mede a qualidade das chances criadas. Apenas contra o Botafogo o Athletico teve maior número de gols esperados do que de gols marcados, ou seja, marcou menos do que devia, estatisticamente.
Contra o líder do campeonato e contra o Vitória, por margem mínima, o Athletico venceu na estatística entre as derrotas com Lucho, o que poderia indicar injustiça:
Mas até nos jogos “estatisticamente injustos” contra Botafogo e Vitória, o segundo fator fala mais alto: a parte defensiva. O Furacão criou e não teve eficácia para definir, de fato. Mas Almada colocou bola no travessão e Luiz Henrique perdeu chance cara a cara com Mycael.
O erro individual de Kaíque Rocha condicionou, mentalmente, o jogo contra o Vitória, que envolveu defesa atleticana para virar placar.
É bonito lembrar das grandes chances perdidas de Pablo e Emersonn contra o Fluminense como algo que justifique “bom jogo, mas azar”, e esquecer dos erros de Praxedes e Fernando, que resultaram no gol de Cano. Pode-se lembrar com carinho de como Zapelli teve chance perdida quase na pequena área contra o Flamengo, mas esquecer da falha defensiva que resultou no gol de cabeça de Gerson.
Ou, como fez Lucho no sábado (9), se pode dizer que o futebol é injusto para justificar derrota que teve dois gols sofridos em erros individuais de Lucas Belezi e Marcos Victor. Jogo, no ataque, foi o pior em termos de gols esperados na temporada do Athletico, também.
A frase “justiça no futebol é bola na rede” é usada a esmo no futebol brasileiro, mas não pinta cenário completo. Há casos, sim, que placares são injustos e que o nível de atuação pinta cenário que poderia ter sido diferente. Mas não é o caso de Lucho, mesmo que isso também não signifique que seja inteiramente culpa do treinador.