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·26 November 2024
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João Félix, o príncipe da Luz, foi o mais recente convidado do podcast «Geração 90» do Expresso. O jogador do Chelsea falou sobre a saída do FC Porto para o SL Benfica, a influência do irmão, Hugo Félix, e a pressão que «não sente».
Natural de Viseu e com o sonho comum de muitos meninos e meninas, Félix viajou até à cidade do Porto em busca de o concretizar. Na primeira noite em que ia dormir na Casa do Dragão, uma hora depois de o pai o deixar, ligou-lhe, com saudades: «Liguei-lhe a chorar, pedi para me ir buscar. Ele disse-me ‘vou-te buscar, mas depois não te levo mais’. Percebi que se quisesse continuar tinha de ir para lá viver. Depois de falarmos cinco minutos decidi ficar.»
De azul e branco, e com apenas 15 anos, o pequeno João não estava satisfeito por não ser opção regular e equacionava voltar a Viseu para fazer o que mais gostava. Eis que surge Hugo Félix, que ia despertando as atenções dos dirigentes do SL Benfica. O interesse no irmão mais novo, fez com que o mais velho acabasse de águia ao peito também. «Acabei por ir com ele em pack. Ele na altura estava muito bem e o Benfica queria-o. Somos muito próximos, apesar de diferentes, temos uma relação especial», admitiu o internacional português.
Chegou aos encarnados desacreditado e acabou sair como a transferência mais cara de sempre do clube, mas pressão? Nem vê-la. «Nunca senti muito isso da pressão. Se vais fazer uma coisa em que sabes que és bom, em que tens confiança, não tens necessidade de sentir pressão. Se te sentires pressionado, as coisas vão sair pior», começou por dizer. «Outra coisa é ansiedade. Já senti mais, hoje em dia lido bem e com o tempo vais percebendo», complementou.
«Vejo muitos pais a pressionar os filhos para serem o próximo Cristiano Ronaldo, os 'putos' às vezes nem querem, os pais é que querem isso, mas deves fazer o que te faz feliz», rematou.
Sobre os 126 milhões de euros pagos pelo Atl. Madrid às águias e sobre a saída «precoce» do clube lisboeta disse: «Aconteceu como tinha de acontecer. Foi tudo muito depressa, porque tinha acabado de chegar à equipa A, jogo os jogos todos - com Bruno Lage -, sou vendido, mudo de país, de língua… Na altura pode ter havido quem tenha ficado chateado por ir embora, mas são oportunidades…E se depois me tivesse lesionado?».
«Tive uma fase em que sentia ‘posso tudo’, que era intocável, e é normal dado tudo o que aconteceu, mas foi rápido, abriram-me os olhos», recordou. «O meu pai diz o que tem a dizer. E costumo dizer que quero que os meus filhos tenham a educação que eu tenho. Do valor? Nunca me passa pela cabeça, só me lembro se me falarem. Não estou na cama, antes de adormecer, a pensar que custei 126 milhões. Não é coisa que me passe na cabeça», completou.
Críticas, exposição, análise constante e falta de privacidade. Alguns dos pontos negativos que Félix enaltece como consequência da exposição pública da profissão. «Muita gente não percebe que um jogador tem família e amigos. Temos sentimentos, emoções. Por acharem que ganhamos muito dinheiro temos de lidar com isso, mas temos vida pessoal e se não estivermos a render pode estar a acontecer alguma coisa, algo não está bem», frisou.
O criativo de 25 anos revelou ainda os seus maiores sonhos profissionais: «O meu maior sonho é ganhar um Mundial e já em 2026 sim [risos], ou a Champions. Esse é o ponto alto da carreira de um jogador», mas deixou uma garantia. «Se não atingir não vou ficar frustrado. Tive a sorte de jogar em grandes clubes, com jogadores incríveis».
E o maior medo? «Não tenho medo do que as pessoas vão achar, mas tenho medo de falhar comigo, de me desiludir a mim mesmo. De coisas que eu sei que posso atingir e não atingir por culpa minha».
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