
Calciopédia
·7 Juli 2025
Ídolo na Fiorentina, Cesare Prandelli foi o arquiteto da reconstrução da seleção italiana

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·7 Juli 2025
Se alguém resumir a carreira de Cesare Prandelli como treinador à eliminação precoce da Itália na Copa do Mundo de 2014, você pode cravar que essa pessoa está completamente equivocada. Menor dos problemas daquela seleção, o técnico vice-campeão europeu de 2012 é conhecido por ter mudado o estilo de jogo dos azzurri, além de ter sido ídolo de Parma e Fiorentina. Com uma carreira construída em torno da valorização de talentos e de um futebol ofensivo, o lombardo transformou times, desenvolveu jogadores e se tornou um defensor ativo de valores sociais no esporte.
Nascido em Orzinuovi, na Lombardia, em 19 de agosto de 1957, Prandelli iniciou sua trajetória no futebol como jogador, e desenvolveu uma carreira bastante razoável, passando por equipes como Cremonese, Atalanta e Juventus – na Velha Senhora, faturou vários títulos, inclusive o da Copa dos Campeões. Contudo, foi fora das quatro linhas, como técnico, que o meio-campista deixou, de fato, sua marca no esporte.
Imediatamente após encerrar sua carreira como atleta, pouco antes de completar 33 anos, Prandelli iniciou sua trajetória como técnico do setor juvenil da Atalanta, agremiação que defendeu por seis temporadas e na qual se aposentou. Entre 1990 e 1997, o ex-volante comandou os times das categorias Allievi (sub-17) e Primavera (sub-19), faturando os scudetti de ambas e levantando ainda uma taça da Copa Viareggio.
Cesare também chegou a assumir a equipe principal em 1993-94, após a demissão de Francesco Guidolin. O lombardo nem tinha ainda a licença para atuar em nível profissional e, por isso, teve de trabalhar ao lado de Andrea Valdinoci. Ainda inexperiente, dirigiu o elenco em 24 rodadas, mas não conseguiu salvar a Dea do rebaixamento para a Serie B.
Após acessos com Verona e Venezia, Prandelli fez o Parma conquistar vagas na Copa Uefa por dois anos seguidos (Getty)
Ao longo de seu trabalho na Atalanta, Prandelli mostrou que entendia de futebol. Assim, foi escolhido pelo Lecce, promovido à Serie A na temporada 1997-98, para assumir o lugar de Gian Piero Ventura, que rumou ao Cagliari. Apesar dos esforços, durou somente o primeiro turno no cargo e foi demitido pelos giallorossi após a 18ª rodada. À época, o time da Apúlia era o penúltimo colocado do campeonato – e, de fato, não evitou o rebaixamento.
Prandelli, tal qual o Lecce, também foi para a Serie B em 1998. O lombardo assumiu o comando do Verona, e, de cara, conduzindo o clube à elite com o título da segundona – que, curiosamente, seria o seu único no futebol dos adultos. Em seu segundo ano pelo Hellas, o treinador deu um passo adiante em seu trabalho, já que o seu time não correu risco de rebaixamento e terminou o campeonato na tranquila nona colocação, exatamente no meio da tabela.
Sua passagem pelo Verona ficou marcada pela capacidade de potencializar jogadores, o que viria a ser sua marca dali em diante. Um deles foi Fabrizio Cammarata, cria da Juventus, que sob sua orientação marcou 15 gols em 33 jogos na Serie B e mais nove na primeira divisão, alcançando o auge de sua carreira. Prandelli também foi o responsável por acreditar no brasileiro Adaílton, que não vinha de bons momentos no Parma e no Paris Saint-Germain. Sob suas ordens, o gaúcho se tornou titular, anotou oito tentos e iniciou sua trajetória como ídolo no Vêneto.
Em 2004, Prandelli chegou à Roma, mas sentiu que precisava deixar o futebol para cuidar de sua esposa, que convivia com um câncer (AFP/Getty)
Ao fim da temporada 1999-2000, Prandelli optou por se demitir do Verona e voltar à Serie B: o motivo era uma boa proposta financeira do Venezia, então de posse do polêmico empresário Maurizio Zamparini. Competente, outra vez o treinador levou seu time à elite do futebol italiano, graças ao quarto lugar da segundona. Nessa campanha, Cesare potencializou mais dois atacantes: Arturo Di Napoli, autor de 16 gols, e Filippo Maniero, que fez 17. Entretanto, depois de um início negativo na primeira divisão, com cinco derrotas em cinco rodadas, o lombardo foi demitido no fim de setembro de 2001.
O péssimo desempenho na Serie A pelo Venezia deixou Prandelli perdido e estressado. Sem direção, não teve emprego até junho de 2002 e, durante esse período, passou a jogar golfe para tentar desanuviar as ideias. Talvez tenha funcionado, pois seu novo trabalho seria um divisor de águas em sua carreira. No Parma, Claudio Cesare se transformou num dos principais técnicos do futebol italiano.
Em 2002, o Parma acabara de ser campeão da Coppa Italia, ainda que vivesse um período de menos investimentos por parte da Parmalat – que viria a falir pouco depois, quase levando o clube junto para o buraco. Ainda assim, o elenco crociato contava com alguns bons nomes e Prandelli, com seu futebol ofensivo, voltou a valorizar atacantes. Na temporada 2002-03, os ducali ficaram na quinta colocação da Serie A e foram conduzidos pelos gols de Adrian Mutu (22 no geral; 18 no campeonato) e de Adriano (17; 15).
Depois de hiato, o treinador acertou com a Fiorentina e, em Florença, fez o seu melhor trabalho em nível de clubes (AFP/Getty)
Foi o treinador lombardo que transformou Adriano em “Imperador”. O potente atacante, que já havia mostrado talento na Itália em alguns meses de Inter e Fiorentina, subiu de patamar e aprendeu a ser um novo jogador, adaptado às necessidades do esporte na Europa – fato reconhecido pelo atleta e repetido em várias ocasiões. Numa conversa com Romelu Lukaku, numa transmissão ao vivo no Instagram, Didico deixou isso evidente. “O técnico mais importante da minha carreira foi Prandelli. No Parma, ele me ajudou muito. Depois do treino, ele me colocava para fazer sessões específicas para entender melhor a filosofia do futebol italiano e resolver as dificuldades táticas”, afirmou.
Na temporada seguinte, Mutu foi para o Chelsea e Adriano ficou – pelo menos até janeiro de 2004, quando a Inter o contratou novamente, devido a sua absurda evolução e aos oito gols marcados em nove aparições na Serie A. Prandelli, entretanto, valorizou outro nome: Alberto Gilardino, que foi vice-artilheiro da Serie A, com 23 tentos. E o Parma seguiu no alto: abocanhou mais uma vaga na Copa Uefa, devido a um novo quinto lugar no Italiano.
Com a crise na Parmalat, que provocou um verdadeiro desmanche no Parma em 2004, e o interesse de clubes maiores, Prandelli foi contratado para substituir o lendário Fabio Capello, que decidiu deixar a Roma, então vice-campeã italiana, um ano antes do fim de seu contrato expirar e acertar com a Juventus – o que provocou a ira da torcida capitolina. O técnico lombardo, que também chegou a ser sondado pela Velha Senhora, foi apresentado em Trigoria, comandou a equipe em todo o trabalho de pré-temporada, mas uma tragédia pessoal interromperia o breve império de Cesare na Cidade Eterna, duas semanas antes do início da Serie A.
Sob o comando do treinador, a Viola bateu de frente com gigantes na Serie A e na Champions League (AFP/Getty)
Depois de algumas semanas de reflexão, Prandelli optou por deixar o cargo antes de estrear oficialmente pela Roma para cuidar de Manuela Caffi, sua esposa, que lutava contra o câncer de mama. A decisão foi apoiada pela equipe giallorossa, que não se opôs à vontade do técnico, e gerou uma corrente de solidariedade no futebol italiano. Para o lugar do lombardo, os capitolinos buscaram o ídolo Rudi Völler, recém-demitido pela Alemanha. Cesare, por sua vez, se afastou da profissão por um ano – sua companheira, com quem era casado desde 1982, infelizmente, não teve melhora em seu quadro de saúde e faleceria em novembro de 2007, aos 45 anos.
Com o apoio de Manuela, Prandelli retornou ao banco de reservas em 2005, para comandar a Fiorentina, que teria seu segundo ano na Serie A após a falência que lhe obrigou a passar pelas categorias inferiores. Em Florença, viveria uma das fases mais emblemáticas de sua carreira. E, de cara, transformou uma equipe que brigou para não cair numa das mais interessantes do futebol italiano.
Em 2005-06, foi a vez de Prandelli começar a impulsionar o futebol de Riccardo Montolivo e o de Giampaolo Pazzini, além de fazer Luca Toni, contratado junto ao Palermo, ampliar os já ótimos números que tinha obtido pelos sicilianos – com 31 gols, o atacante foi o artilheiro da Serie A e conseguiu se consolidar como centroavante titular da Itália tetracampeã mundial, em 2006.
No auge de sua carreira, Prandelli foi escolhido como técnico da Itália e, além de ter mudado a forma de jogar da seleção, foi vice da Euro 2012 (AFP/Getty)
Dentro de campo, a Fiorentina foi quarta colocada do Italiano, mas o envolvimento de diretores no Calciopoli, escândalo de manipulação de resultados que explodiu naquela época, resultou numa severa punição à equipe violeta: os 30 pontos perdidos fizeram com que os gigliati perdessem a vaga na Champions League e caíssem para a nona posição da Serie A. Isso não modificou a avaliação do reconhecido trabalho de Prandelli, que foi premiado com a Panchina d’Oro, honraria concedida ao melhor treinador da temporada na Itália. Que ele faturaria novamente na época seguinte.
Ainda como parte das sanções pelo Calciopoli, a Fiorentina começou 2006-07 com 15 pontos negativos na Serie A. Para Prandelli, não foi um problema: ele comandou a sua equipe numa bela campanha e, com o terceiro melhor desempenho em campo, fez a Viola terminar a competição em sexto, classificada para a Copa Uefa. Naquele ano, Toni e Mutu, que voltou a trabalhar com o técnico, atingiram níveis extraordinários e lideraram os gigliati, com 16 gols cada.
Em 2007, Toni foi vendido ao Bayern de Munique, mas a Fiorentina não sofreu com sua saída. Até porque Prandelli reorganizou o seu coletivo, Mutu chamou a responsabilidade no ataque e a Viola teve uma de suas melhores temporadas sob o comando do técnico, indo bem em todas as três competições que disputou: foi até as quartas da Coppa Italia; caiu frente ao Rangers nas semifinais da Copa Uefa, e apenas nos pênaltis; e foi quarta colocada da Serie A, deixando o Milan de Carlo Ancelotti e do Bola de Ouro Kaká para trás e ficando com a última vaga italiana na Champions League. Dessa vez, Cesare não ganhou o Panchina d’Oro, atribuído pela FIGC, a federação local. Entretanto, foi agraciado como melhor treinador no prêmio Oscar del Calcio, da AIC, a associação nacional dos jogadores.
A inesperada queda na fase de grupos da Copa de 2014, no Brasil, abreviou a passagem do lombardo pela Nazionale (Getty)
Nas competições europeias da temporada seguinte, a Fiorentina não conseguiu se superar e terminou eliminada por adversários mais fortes: Bayern de Munique e Lyon, na fase de grupos da Champions League, e Ajax, nos 16-avos de final da Copa Uefa, para onde foi transferida após a queda no principal torneio continental. Na Serie A, entretanto, a equipe de Prandelli fez bonito novamente. O técnico ganhou o reforço do velho conhecido Gilardino, que compôs uma dupla prolífica com Mutu, e conseguiu fazer os toscanos obterem um novo quarto lugar e outra vaga na Liga dos Campeões. Além disso, valorizou Stevan Jovetic e Felipe Melo, que logo foi vendido à Juventus.
A última das campanhas memoráveis de Prandelli na Fiorentina foi em 2009-10. Apesar da queda de rendimento na Serie A, competição em que a Viola foi apenas 11ª colocada, nas copas o desempenho foi melhor. Além de ter sido semifinalista na Coppa Italia, a equipe chegou a bater o Liverpool em Anfield e obteve a classificação para as oitavas de final da Champions League, onde foi eliminada pelo Bayern de Munique em um duelo equilibrado, decidido por erros de arbitragem. Na ida, o norueguês Tom Henning Øvrebø expulsou Massimo Gobbi de maneira bastante rigorosa e, no finalzinho, ainda validou um gol de Miroslav Klose, mesmo com o alemão impedido por uma margem muito considerável. A vitória gigliata por 3 a 2, na volta, acabou sendo insuficiente.
Consolidado como um dos principais nomes do futebol italiano, Prandelli foi o escolhido como substituto de Marcello Lippi na seleção de seu país – e, como o tetracampeão mundial estava em fim de contrato, o anúncio ocorreu antes mesmo da vexatória participação da Nazionale na Copa de 2010, com eliminação na primeira fase. No comando dos azzurri, Cesare estabeleceu novos padrões, modernos e ofensivos, implementando um estilo de jogo baseado em passes curtos e posse de bola. Uma verdadeira transformação, considerando que seus antecessores pregavam um modelo mais reativo.
Cara fechada: um trabalho ruim pelo Galatasaray deu início à decadência do italiano como técnico (Getty)
Inicialmente, Prandelli integrou ao grupo dois jogadores que viviam grande fase e que haviam sido descartados por Lippi – Antonio Cassano e Mario Balotelli. Porém, ao mesmo tempo em que deu chance aos talentosos e polêmicos atacantes, instituiu um código de ética: atletas que tivessem atitudes agressivas ou antidesportivas em seus clubes seriam deixados de fora da convocação seguinte.
Apesar da derrota na estreia do técnico, num amistoso com a Costa do Marfim, o trabalho deu liga e quase resultaria em título na Eurocopa de 2012. O lombardo liderou uma campanha consistente, com direito a vitórias sobre Inglaterra e Alemanha. Acabou levando a Itália até a final, mas a Nazionale foi dominada pela Espanha e goleada por 4 a 0.
Ainda que o desfecho na decisão não tenha sido o desejado, o percurso construído por Prandelli foi amplamente elogiado, e ele recebeu o Prêmio Enzo Bearzot – ainda em 2011 –, em reconhecimento por sua contribuição ao futebol italiano e à ética na profissão. A propósito, em 2012, o técnico chamou a atenção ao escrever o prefácio de um livro sobre a homossexualidade no esporte, afirmando que a homofobia é uma forma de racismo e defendendo a liberdade e o respeito na modalidade.
Cesare teve curta passagem pelo Valencia e deixou o clube espanhol por desavenças com a diretoria (Getty)
“No mundo do futebol e do esporte em geral, ainda existe um tabu em torno da homossexualidade. Todos devem viver livremente consigo mesmos, seus desejos e seus sentimentos. Todos nós devemos trabalhar por uma cultura esportiva que respeite o indivíduo em todas as manifestações de sua verdade e liberdade”. Essas palavras, ditas em um momento em que o tema ainda era amplamente ignorado na modalidade, mostraram a visão progressista e humanista de Prandelli, o que transcende seu sucesso como técnico.
No ano seguinte ao vice europeu, conquistou o terceiro lugar na Copa das Confederações de 2013, consolidando o bom trabalho. Porém, a Copa do Mundo de 2014 foi um ponto de inflexão. A Itália caiu ainda na fase de grupos, sucumbindo a uma chave complicada, que teve os classificados Uruguai e Costa Rica e a também eliminada Inglaterra. Prandelli deixou o comando da seleção logo após o torneio, marcado pelo desgaste e pela pressão intensa. Honrado, optou por se demitir devido ao desfecho diferente do esperado – Giancarlo Abete, presidente da FIGC, também entregou o cargo ainda em Natal, depois da polêmica derrota para os uruguaios.
Após a Nazionale, Prandelli não se encontrou mais em sua carreira e jamais repetiu os grandes momentos que o levaram aos azzurri. Primeiro, teve algumas experiências no futebol de fora de seu país, mas se deu mal em todas. Em 2014, passou pelo Galatasaray, da Turquia, e durou menos de cinco meses no cargo. O italiano foi demitido depoois de somar derrotas em 50% das partidas, com os leões na terceira posição da Süper Lig e na lanterna de seu grupo na Champions League.
No Genoa, apesar das dificuldades mercadológicas impostas pela gestão, salvou o time do descenso à Serie B (Getty)
Prandelli passou quase dois anos inativo – embora recebendo salário do Galatasaray até meados de 2015 – e, em 2016, acertou com o Valencia, da Espanha. Na Península Ibérica, também enfrentou dificuldades para se adaptar a novos ambientes. O italiano chegou para exercer a função de bombeiro, em substituição a Pako Ayestarán, em setembro, mas se demitiu em dezembro por divergências de atuação no mercado com a diretoria encabeçada por Peter Lim. Entre 2017 e 2018, comandou o Al-Nasr, nos Emirados Árabes Unidos. Entretanto, resultados negativos significaram mais um trabalho curto.
Em dezembro de 2018, o lombardo retornou à Itália para ser o terceiro técnico do Genoa na temporada 2018-19, após Davide Ballardini e Ivan Juric. Prandelli assumiu os grifoni na 14ª posição da Serie A e logo precisou lidar com as saídas dos titulares Rômulo (Lazio), Sandro (Udinese) e Krzysztof Piatek (artilheiro do time; Milan), negociados pelo presidente Enrico Preziosi em uma de suas enésimas sessões de mercado voltadas exclusivamente ao lucro. Comandando os menos prolíficos Goran Pandev, Antonio Sanabria, Christian Kouamé e Gianluca Lapadula, o treinador teve dificuldades de fazer a equipe somar pontos e, apesar de ter feito os rossoblù praticarem bom futebol em algumas partidas, não conseguiu ir além de uma salvação na bacia das almas. Na última rodada, o empate num jogo de compadres com uma Fiorentina igualmente ameaçada livrou os lígures (e os toscanos) da segundona.
A Viola, aliás, seria o destino seguinte de Prandelli – que ficou quase um ano e meio inativo após deixar o Genoa, em junho de 2019. Em novembro de 2020, Cesare reassumiu a Fiorentina, substituindo Giuseppe Iachini, e viveu um fim de carreira muito simbólico. Mesmo em um elenco limitado, que conduziu numa campanha de meio de tabela, demonstrou mais uma vez sua habilidade ao desenvolver jovens talentos. Como, por exemplo, Dusan Vlahovic, que despontou como artilheiro sob sua orientação.
Na década de 2020, o lombardo retornou à Fiorentina e, pela equipe violeta, encerrou sua carreira como técnico (Getty)
No entanto, a pressão e o desgaste emocional levaram o treinador a deixar o cargo em março de 2021, encerrando simbolicamente sua trajetória onde havia vivido alguns de seus melhores momentos como profissional. Ao pendurar a prancheta oficialmente, em 2023, citou a necessidade de paz e equilíbrio após anos de estresse psicológico – o que, lembramos, chegou a fazer com que se afastasse do trabalho por algum tempo, ainda no início de sua carreira. “Algumas propostas sempre chegam, mas, no momento, o banco que sonho é o do parque, ao lado dos meus netos”, afirmou Cesare em entrevista, deixando claro que sua paixão pelo futebol permanecia viva, só que a partir de uma perspectiva diferente.
Cesare Prandelli deixou uma marca indelével no futebol italiano. Sua capacidade de desenvolver talentos, revitalizar equipes e implementar um estilo de jogo inteligente e moderno são reconhecidas em praticamente todos os seus trabalhos por clubes de seu país. Foi assim nos acessos conquistados no Verona e no Venezia, nas campanhas de destaque na Fiorentina ou no renascimento da Nazionale. Seu nome ficou permanentemente associado à evolução e ao crescimento do esporte na Itália.
Não seria à toa que, quatro anos depois de encerrar sua carreira como treinador, ele voltaria à ativa – nos bastidores – com uma missão que testará seus atributos como pensador do futebol. Em meio à crise da seleção italiana, que levou à demissão de Luciano Spalletti e à chegada de Gennaro Gattuso em junho de 2025, Prandelli foi escolhido como diretor técnico da FIGC. Em seu trabalho, coordena do ponto de vista esportivo todas as equipes nacionais do país, além da formação de comandantes e atletas, atribuindo parâmetros bem estabelecidos para a formação de garotos nas divisões de base. As ideias de Claudio Cesare moldarão o futuro da Serie A e da Nazionale.
Claudio Cesare Prandelli Nascimento: 19 de agosto de 1957, em Orzinuovi, Itália Posição: meio-campista Clubes como jogador: Cremonese (1974-78), Atalanta (1978-79 e 1985-90) e Juventus (1979-85) Títulos como jogador: Serie C (1977), Serie A (1981, 1982 e 1984), Coppa Italia (1983), Recopa Uefa (1984), Supercopa Uefa (1984) e Copa dos Campeões (1985) Carreira como treinador: Atalanta (1993-94), Lecce (1997-98), Verona (1998-2000), Venezia (2000-01), Parma (2002-04), Roma (2004), Fiorentina (2005-10 e 2020-21), Itália (2010-14), Galatasaray (2014), Valencia (2016), Al-Nasr (2017-18) e Genoa (2018-19) Títulos como treinador: Campeonato Allievi Nazionali (1992), Copa Viareggio (1993), Campeonato Primavera (1993) e Serie B (1999)