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·4 Juni 2025
FUNDO DO POÇO? ATÉ PARCEIRA DE FIDC CLASSIFICA SITUAÇÃO FINANCEIRA DO SÃO PAULO COMO UMA DAS PIORES DO BRASIL

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·4 Juni 2025
A dupla Casares e Belmonte pena com as contas em frangalhos (Instagram)
RAFAEL EMILIANO@rafaelemilianoo
O buraco financeiro do São Paulo parece cada vez mais longe de chegar ao final. E a afirmação não é nem sequer deste humilde escriba. Mas sim da própria Galápagos, consultora financeira parceira do Tricolor na administração do FIDC que impôs um teto de gastos para os departamentos no Morumbi.
Junto com a Outfield, a Galápagos divulgou na segunda-feira (2) o balanço final de seu estudo anual sobre as finanças dos 20 times da Série A. Ou seja, neste caso, o relatório trata dos times (e contas) de 2024.
O documento da Galápagos fez uma avaliação do status das finanças das equipes da elite nacional na temporada passada, apresentando as análises através do conceito de “rating” – que combina resultados a partir de diversos índices e gera uma nota final.
Para chegar ao resultado final, o estudo fez testes usando os demonstrativos financeiros dos clubes nos últimos 12 anos. Os índices que embasam a nota foram definidos a partir do monitoramento dos gastos das equipes, endividamento e também os investimentos realizados.
Basicamente, a avaliação levou em conta se as despesas foram compatíveis com as receitas, se o endividamento é compatível com a capacidade de pagamento e se os investimentos realizados estiveram dentro das possibilidades de cada time.
O número bruto do Tricolor é conhecido. O São Paulo encerrou 2024 acumulando R$ 968,3 milhões de dívida para uma receita de R$ 731,9 milhões. Ou seja, o déficit tricolor ficou em cerca de R$ 289 milhões, o maior já registrado pelo clube em toda a sua história.
E o que isso significa de maneira prática dentro do estudo?
Bem, para começar, o São Paulo é o paulista pior classificado ao lado do rival Corinthians. Tirou avaliação C, tida como ruim, ao passo que o Bragantino ficou com BBB+ e o Palmeiras com BBB. (O Santos não foi avaliado por estar na Série B)
Na classificação geral, o São Paulo empatou também com o Internacional e ficou à frente apenas de Atlético-MG e Vasco. Conseguiu a façanha de ficar atrás de Athletico-PR, Cuiabá, Atlético-GO e Criciúma, todos rebaixados para a Segundona, além de Juventude e Vitória.
Apesar da promessa de austeridade, a expectativa de colocar ordem na casa com o FIDC e o teto de gastos do futebol não parecem estar gerando o resultado esperado nesta temporada.
Pelo menos é o que revela os números vazados pelo conselheiro de oposição Flávio Marques, trazidos à tona na reunião do Conselho Deliberativo da última segunda-feira (26) e que geraram reações do presidente Julio Casares e do diretor de futebol Carlos Belmonte. E que expõem mais uma vez que o futebol não consegue se adequar ao controle de gastos.
Marques mostrou que no primeiro bimestre o clube estourou o orçamento em 21%, quase tudo referente ao futebol profissional, que tinha previsto gastar R$ 86,4 milhões de no período, mas gastou R$ 110,4 milhões.
A diferença de R$ 24 milhões foi puxada pela amortização dos contratos de atletas (R$ 10,6 milhões), salários e direitos de imagem (R$ 7,1 milhões) e gastos com jogos (R$ 6,4 milhões).
Segundo dados apresentados por Marques, a folha salarial do futebol profissional é um gatilho importante para explicar o aumento dos gastos. O conselheiro mostrou que o São Paulo gasta mensalmente cerca de R$ 26 milhões com seu elenco, resultado, entre outros, justificado pelas adições de nomes como Oscar, que fatura mais de R$ 1 milhão mensal.
Ainda de acordo com o conselheiro, a gestão Casares vem aumentando gradativamente a folha salarial. Em abril de 2023, por exemplo, ela custava mensalmente R$ 20 milhões. Passou para R$ 24 milhões um ano depois.
O valor atual colocaria o São Paulo praticamente empatado com os rivais Palmeiras e Corinthians, além do Botafogo, ficando atrás apenas do Flamengo nos custos mensais com futebol profissional.
"São números em uma planilha própria, e muitos deles têm divergências prontas. Eu divirjo de 80% desses números. Os números oficiais serão colocados quando for oportuno", disse Casares na reunião do Conselho.
O dirigente ainda foi às suas redes na terça-feira (27) para falar mais uma vez dos números. Ele disse que estavam sendo noticiados “números que não correspondem à realidade”, embora, como de hábito, não tenha identificado que números são esses ou quem estava criticando. Pressupõe-se, então, que sejam os números de Marques. Então, o dirigente continua: "Na verdade, de janeiro a abril, nós tivemos uma variação positiva em relação ao orçamento de 35%", disse, ignorando que o conselheiro se referiu apenas aos dois primeiros meses do ano.
No meio da crise financeira exposta, contudo, Marques ainda revelou que no mesmo período o Tricolor teve um superávit de R$ 14 milhões, o que não deixa de ser uma boa notícia, mas demonstra que, se o futebol profissional tivesse se mantido mais próximo do orçado, esse número poderia ter sido mais relevante para a recuperação financeira do clube.