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·20 Agustus 2024

Conheça o futebol feminino saudita, destino de Lindsay Camila

Gambar artikel:Conheça o futebol feminino saudita, destino de Lindsay Camila

Após ser campeã brasileira e levar o Bahia de volta para a primeira divisão do Brasileirão Feminino, a treinadora Lindsay Camila se despediu do clube rumo à Arábia Saudita. Anunciada pelo Al Ittihad na segunda feira (12), a brasileira chega em solo saudita para ajudar o time a conquistar seu primeiro título nacional.

O movimento de colocar o país no centro de grandes eventos esportivos mundiais teve impacto no futebol de mulheres, que passou a ser mais valorizado nos últimos anos. Com isso, além de criar a seleção principal e a de base, a Federação de Futebol da Arábia Saudita (SAFF) anunciou uma injeção de 60 milhões de Riais Sauditas (cerca de R$ 87 milhões) para a próxima temporada.


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Como é a liga saudita

O campeonato de futebol feminino saudita acontece desde 2020, mas só ganhou forças a partir da temporada de 2023/24 por conta dos altos investimentos. Nessa edição, a Saudi Women’s Premier League, divisão principal, teve todas as partidas televisionadas e o patrocínio da Lay’s, o maior da história dos esportes femininos do país.

A Premier League é composta por dez times, sendo dois rebaixados para as duas divisões inferiores. Somando todas as ligas em atividade, há mais de 1100 jogadoras registradas, sem contar o aumento exponencial de árbitras, treinadoras e outras profissionais integrando a comissão técnica. Além disso, contam também com uma Copa em formato de mata-mata, um campeonato sub-17 e um torneio de futsal.

Por ser um país islâmico e a competição ser recente, a maioria das atletas é local. Contudo, esse cenário vem mudando por conta do crescimento da modalidade, que atraiu jogadoras internacionais. Interessante destacar a diversidade dentro dos times, tendo jogadoras que utilizam o abaya, véu que cobre todo o rosto, outras que usam o hijab, que deixa o rosto a mostra, e as que não utilizam nenhum.

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Jogadoras do Al Ittihad, uma de hijab e outra sem. Foto: Reprodução/Instagram

O projeto do Al Ittihad

Na campanha de 2022/23, o Al Ittihad ficou em quinto de oito participantes, com cinco vitórias, seis empates e três derrotas. No ano seguinte, de olho no título que foi conquistado duas vezes pelo Al Nassr, começou a contratar nomes de grandes ligas, como a Women’s Super League (WSL), da Inglaterra. O atual bicampeão saudita, inclusive, é onde joga a zagueira brasileira Kathellen.

Assim, assinou com a zagueira Ashleigh Plumpture, que atuava no Leicester, e a meia Salma Amani, que defendia o Metz, da França. Ambas disputaram a Copa do Mundo de 2023 por suas seleções: Nigéria e Marrocos, respectivamente. Também contratou a goleira Zala Meršnik, que disputa a Eurocopa pela Eslovênia e defendia o Huelva, da Espanha. Outros nomes de destaque são Leighanne Robe, ex-Liverpool, e Nor Mustafa, ex-West Ham.

Contudo, o resultado foi abaixo do esperado, terminando em sexto com números semelhantes. Por isso, em busca de seu primeiro título, contrataram Lindsay Camila, que se destacou ao ser a primeira mulher a conquistar a Libertadores da América (em 2020, com a Ferroviária) e depois campeã do Brasileirão A2 com o Bahia.

Apesar da campanha na Premier League, o Al Ittihad se destacou ao ter oito jogadoras convocadas para a seleção saudita neste ano. Ainda, o fomento ao futebol feminino fez com que o clube passasse a olhar para a base, lançando uma academia para meninas em julho deste ano. O projeto abraça as categorias sub-12, sub-15 e sub-17.

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Equipe do Al Ittihad na Copa Feminina da Arábia Saudita. Foto: Reprodução/Instagram

Contexto nacional

A Arábia Saudita é uma monarquia islâmica onde os direitos das mulheres são extremamente restritos, sendo alvo constante de denúncias por organizações de proteção aos direitos humanos. No entanto, em 2018 esse rigor começou a ceder, garantindo algumas liberdades às sauditas, que passaram integrar o mercado de trabalho e a poder frequentar estádios de futebol.

Mesmo com essas conquistas, a igualdade de gênero ainda é um sonho distante do país, que ocupa a 126ª colocação do ranking da World Economic Forum que avalia o cenário em 146 países – o Brasil, por exemplo, está em 70º. Em 2018, os sauditas estavam no 141º lugar entre 149.

Diante disso e do crescente investimento no esporte, suspeita-se de uma agenda política mascarada, chamada também de “sportswashing“. Fato é que o país entrou na disputa para sediar a Copa do Mundo masculina de 2034 e também pretende ser palco da Copa Asiática Feminina em 2026. O primeiro jogo da seleção de futebol feminino foi uma vitória sobre as Maldivas em 2022 e já miram uma vaga na Copa de 2027.

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