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·9 Juli 2025
Benfica quer a suspensão do processo de centralização dos direitos televisivos

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·9 Juli 2025
O Benfica pediu formalmente a suspensão do projeto de centralização dos direitos televisivos das competições profissionais de futebol em Portugal.
Através de uma carta à qual o zerozero teve acesso, assinada por Rui Costa e direcionada ao presidente da Liga Portugal (Reinaldo Teixeira) com o conhecimento de todos os clubes que a integram (primeiro e segundo escalão nacional), as águias fizeram várias críticas ao processo e ao seu alegado impacto negativo e contra produtivo na evolução do futebol luso.
«Não podemos embarcar numa aventura mal preparada que corre o risco de destruir valor, reduzir receitas e comprometer de forma duradoura o desenvolvimento do futebol em Portugal. Isso seria trair os pressupostos essenciais que foram garantidos aos clubes aquando da aprovação da centralização – todos os clubes teriam ganhos no seu valor de direitos e o futebol português sairia mais forte», pode ler-se.
A SAD encarnada não considera que a meta de 300 milhões de euros anuais em receitas provenientes dos direitos audiovisuais seja realista: «Será impossível atingir o objetivo dos 300 milhões de euros em receitas anuais. Na realidade atual do mercado audiovisual, é provável que o valor da centralização não atinja sequer os 150-200 milhões de euros.»
O mesmo documento levanta questões em relação ao combate à pirataria e, fora o lado audiovisual, aponta ao setor da arbitragem e critica em particular a contratação de ex-árbitros por parte de clubes - Bertino Miranda no FC Porto sendo o exemplo mais recente -, dizendo que isso «coloca em causa a transparência e isenção».
Embora ainda não haja uma reação oficial por parte da Liga Portugal, é sabido que a centralização dos direitos televisivos representa um dos projetos mais importantes e o próprio presidente destacou-a como prioridade no seu discurso de tomada de posse.
«A centralização será o momento que vai refundar o futebol português. Esta Liga Portugal, estas sociedades desportivas, enfrentam uma oportunidade histórica. Devemos procurar agarrá-la. O sucesso na centralização dos direitos audiovisuais será, por outro lado, a maior e mais simbólica demonstração de entendimento do futebol profissional», disse, então, o líder da Liga.
Mais tarde voltou a abordar o tema, durante o Congresso da Associação Nacional de Dirigentes de Futebol, Futsal e Futebol de Praia (ANDIF), contando com o Benfica para o processo em causa:
«Não vai ser por falta de coragem que as coisas irão acontecer, porque podermos partilhar as ideias e os nossos princípios com as várias sociedades desportivas é sempre bom. Nenhuma sociedade desportiva, até hoje, mostrou dificuldade e vontade de abortar a centralização. Nem o Benfica, que disse em comunicado que não fazia parte do grupo de trabalho, dificultou a transição ou mostrou-se indisponível para ajudar.»
Recorde-se que foi decidido em 2021 que a venda dos direitos de transmissão passaria, a partir de 2028/29, a ser feita de forma coletiva. O final da época que agora começa é a data limite para a apresentação de um modelo que terá depois de ser aprovado pela Autoridade da Concorrência.
Em abril deste ano, mesmo mês em que Reinaldo Teixeira tomou posse como presidente da Liga, o zerozero recebeu Pedro Duarte e a centralização dos direitos televisivos foi um dos temas fortes na conversa com o Ministro dos Assuntos Parlamentares e responsável pela pasta do Desporto no atual Governo em gestão. Pode ver, abaixo, toda a conversa.