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·24 Mei 2025
Arsenal supera favoritismo do Barcelona e volta a ser campeão da Europa 18 anos depois

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18 anos depois, o Arsenal voltou à final da Liga dos Campeões feminina para chegar ao topo da Europa mais uma vez. Em um Estádio José Alvalade que se transformou em um pequeno Camp Nou e esteve pintado por uma larga maioria catalã nas arquibancadas, foram as Gunners que sorriram no fim e venceram o poderoso Barcelona por 1 a 0.
Uma vitória justa para as londrinas que tiveram as chances mais claras e assim impediram o terceiro título consecutivo das espanholas na competição.
Finais são, por natureza, momentos em que a ansiedade está no auge. Mesmo quando se trata, por exemplo, de uma equipe como o Barcelona, mais do que acostumada a viver esses momentos. Só nos últimos sete anos, esta foi a sexta final europeia.
Essa ansiedade foi sentida durante a fase inicial do jogo e em ambas as equipes. Um, dois, três passes totalmente desajustados de ambos os lados. Depois, a bola chegou aos pés de Patri Guijarro de um lado, de Kim Little e Mariona Caldentey do outro. E a música imediatamente mudou.
As catalãs, donas do favoritismo, demoraram a se livrar dessa pressão. Uma ou outra aproximação da meta de Daphne van Domselaar que gerou algum frenesi nas arquibancadas, mas em termos práticos, a goleira holandesa quase não teve trabalho.
As melhores oportunidades na etapa inicial pertenceram, de fato, às londrinas. Um gol contra de Irene Paredes foi anulado por impedimento de Frida Maanum e a norueguesa, pouco depois, chutou de meia distância para forçar uma defesa incrível de Cata Coll.
Só mais perto do intervalo é que o Barça conseguiu se soltar das amarras do meio-campo gunner, liderado por Kim Little. Os últimos minutos trouxeram mais Alexia Putellas e Clàudia Pina para o jogo e rapidamente a equipe catalã cresceu, embora sem efeitos práticos em termos de chances de gol.
O Arsenal não foi capaz de cravar os dentes na presa quando esta se encontrava vulnerável. E o Barcelona, como a equipe dominadora que busca ser e que geralmente é, deixou as vulnerabilidades no vestiário e voltou absolutamente diferente. Para melhor.
A segunda metade foi dominada pela formação catalã praticamente na totalidade. Mais agressiva na pressão, mais autoritária nos duelos e encontrando mais soluções pelo meio no futebol característico, com muita gente na zona da bola e uma infinidade de combinações curtas para desmontar a defesa inglesa.
Não demoraram a aparecer as oportunidades que em nenhum momento surgiram na primeira parte. Clàudia Pina, artilheira máxima da competição, só não marcou na final porque a trave o impediu. E Van Domselaar, que teve 45 minutos tranquilos, teve que trabalhar para impedir Aitana Bonmatí de abrir o placar.
Além das melhorias na fase ofensiva, também defensivamente o Barça parecia ter se encontrado. Irene Paredes e Mapi León apertaram o cerco às referências das adversárias, aumentaram a agressividade nos duelos e o Arsenal deixou de encontrar facilmente a profundidade para sair rápido.
Mudou tudo a partir do banco. Aí, nota dez para Renée Slegers, que em boa hora lançou Stina Blackstenius e Beth Mead. A primeira, com gás novo e físico imponente, devolveu às inglesas a ameaça nos duelos individuais com as zagueiras adversárias para ganhar profundidade. Assim, criou uma chance clara, aos 26 minutos, quando deixou Mapi León para trás e só foi parada por Cata Coll. A segunda foi também decisiva porque teve a visão e a qualidade para confundir a defesa catalã com um passe que deixou Blackstenius sozinha para marcar o gol que acabou por ser o do título.
A reação de Pere Romeu pecou por ser tardia: só quando passou a uma situação de desvantagem é que colocou Ingrid Engen no eixo defensivo para equilibrar no jogo de forças com Blackstenius. O Barcelona recuperou o controle e teve mais posse de bola, mas controle foi algo que deixou de interessar ao Arsenal a partir do momento em que o pé direito de Blackstenius disparou para o fundo da rede. A partir daí, o tempo foi de fechar caminhos e esperar. Esperar e sofrer.
18 anos depois, o Arsenal volta a ser campeão da Europa. Renée Slegers, a solução encontrada internamente para o ciclo pós-Jonas Eidevall, pegou um navio naufragado e o guiou ao maior dos prêmios, com coragem e uma leitura perfeita do que acontecia no gramado. Saltará, certamente, para um lugar de imortalidade na história gunner.