Anselmi e a exigência de ganhar: “Quando tens um clube alinhado, a progressão é mais rápida” | OneFootball

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·23 Januari 2025

Anselmi e a exigência de ganhar: “Quando tens um clube alinhado, a progressão é mais rápida”

Gambar artikel:Anselmi e a exigência de ganhar: “Quando tens um clube alinhado, a progressão é mais rápida”

Martín Anselmi, o futuro técnico do FC Porto, está prestes a deixar o Cruz Azul para se juntar ao Dragão. Durante a sua trajetória, especialmente no Independiente del Valle, despertou a atenção da imprensa argentina, em particular durante o tempo em que orientou a equipa equatoriana, com a qual conquistou quatro troféus, incluindo a Taça Sul-Americana.

Em uma entrevista ao jornal Olé, da Argentina, em 2023, o técnico partilhou a sua visão do futebol como um fenómeno transversal. Abaixo, apresentamos alguns excertos dessa conversa, onde Anselmi, entre outros temas, expressa a sua admiração por Marcelo Bielsa, a sua abordagem na preparação para os jogos e a sua fórmula para o sucesso em contextos de elevada exigência.


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Sonho de ser treinador“Nunca sonhei em ser futebolista, pois não tinha a capacidade para isso. Joguei, naturalmente… Mas o meu sonho sempre foi ser treinador, liderar uma equipa. Sempre fui um pouco líder, na escola primária e na secundária. Acabava por impor-me, mas nesta profissão não se trata de imposição, mas de uma proposta e um trabalho para convencer os que estão connosco. Com 15 anos, disse ao meu pai que ia ser treinador. Ele respondeu que era impossível, pois não era jogador, mas eu disse-lhe: ‘Vou ser treinador de futebol'”.

O percurso para treinador“Apanhava o autocarro para o curso de treinador, a viagem demorava 1h20, três vezes por semana. Não gostava da viagem, disse a um amigo que não aguentava mais, estava farto… Ele desafiou-me a comprar uma mota. Sempre tive um pouco de receio, mas ele acabou por me convencer. Era uma scooter com travões de bicicleta. Não era boa, mas em vez de 1h20, passei a demorar 35 minutos, o que cumpria a função. Mas um dia caí da mota e percebi que tinha de mudar. Acabei por vender a mota, o que me ajudou a suportar a minha estadia em Espanha.”

Encontro com Marcelo Bielsa“Não o conheci, mas tive a oportunidade de assistir a um treino dele, que na altura era realizado com portas abertas no Athletic de Bilbao. Após o treino, como ele jogou a final da Taça do Rei em Madrid, a equipa foi para lá e nós também. No dia anterior, durante o reconhecimento no Vicente Calderón, esperei-o à porta do hotel e ele deu-me um autógrafo numa camisola.”

Influências“O que me aconteceu é semelhante aos livros: os livros atribuem nomes às ideias que tens na cabeça. Quando treinei a minha primeira equipa, que era a dos meus amigos, não me senti influenciado por outros treinadores, eu apenas queria que ‘passassem a bola de uma certa forma’. Mas não tinha noção de conceitos ou nomes. Com o tempo, à medida que se adquire conhecimento e se atribuem nomes às ideias, aparecem treinadores que marcam o teu percurso. Marcelo Bielsa é um deles e eu defendo-o. Nós, os ‘Bielsistas’, defendemos Marcelo. Sou adepto do Newell’s Old Boys e para nós Bielsa é tudo. Compreendi o que é o futebol através das equipas de Bielsa e do Newell’s campeão. Com quatro anos, conhecia a equipa de cor. Foi a primeira coisa que consegui memorizar. Gosto de atacar e, de certa forma, Bielsa influenciou-me implicitamente. Outros treinadores também me inspiraram em diferentes aspectos e vários marcaram a minha curta carreira.”

O que é o sucesso“Não sei o que é o sucesso. Para a sociedade e o mundo, ganhar é sucesso. Não quero ser um romântico, mas… é necessário ganhar para perceber que o mais bonito é tudo o que vivemos para alcançar a vitória.”

Ser treinador sem ser jogador“A ideia de que é necessário ter jogado futebol para ser treinador está desatualizada… É incoerente. Não sei se quem dirige uma equipa de Fórmula 1 alguma vez conduziu um carro a 300 km/h. Eles estão nas boxes, a dar indicações a um piloto que já foi campeão do mundo 7 vezes. Para mim, ser treinador implica ter uma ideia, um modelo de jogo e uma metodologia de treino que respeite isso. Depois, é necessário acreditar no que se faz para apresentá-lo a um grupo e que este consiga executá-lo, com as nuances que podem surgir ao longo do caminho. E, por fim, que essa planificação tenha sucesso. Portanto, é necessário ter boas ideias, ser capaz de convencer e ter a flexibilidade para entender que, se por alguma razão não funcionar, é possível mudar um pouco a abordagem. Quando elaboro um plano de jogo, penso nos intérpretes, em como se sentirão e no que lhes vou pedir. Quando penso na equipa, penso no lugar de cada um, coloco-me no lugar deles. Porque amanhã posso pedir a um extremo que jogue como lateral e, mesmo que a ideia não seja a melhor, preciso saber como o convencer. Não sei se ter jogado futebol me ajudaria, talvez sim, mas podemos encontrar uma solução.”

Emoções durante uma partida“Depende do jogo, mas tudo. Tento que as emoções não me influenciem, o que é difícil, pois no final somos seres humanos, sentimos. Alegria, medo, raiva, adrenalina, satisfação… Mas o que mais me causa ansiedade é a preparação, é ter a ideia, a estratégia, tudo treinado, e se tudo foi executado ou não.”

Exigências de um grande clube“Nós rotulamos tudo. Podes dizer que o meu estilo de jogo é complexo, e a complexidade implica uma grande necessidade de compreensão, o que se traduz em tempo, e nas equipas não há tempo… Acredito que parte do que se requer é tempo para que algo novo seja construído. Não falo apenas de mim ou das minhas ideias, falo de tudo na vida. É como um edifício, com o passar do tempo, vais vendo um novo andar, e depois, na semana seguinte, mais um, e depois mais um. Se passar um mês e não vês um novo andar, algo está errado. No entanto, quando tens um clube alinhado, como tive no Independiente del Valle, a progressão é mais rápida.”

Pressão por resultados“Um aspecto fundamental é minimizar os erros. É uma questão de dizer: ‘O que vamos construir juntos?’, ‘O que queremos alcançar?’… São uma série de situações que se discutem. No futebol argentino, o ruído é muito alto e os adeptos são muito impacientes, além de que temos presidentes que estão em eleições e que precisam de ganhar. No entanto, o custo político dos resultados é suportado por todos: presidente, treinador e jogadores.”

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