MundoBola Flamengo
·7 Juli 2025
Amizade com Filipe Luís é um dos motivos para desgaste de Boto com Bap

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·7 Juli 2025
O que antes era sintonia, hoje se transformou em ruído nos corredores do Ninho do Urubu. O diretor técnico José Boto, que chegou ao Flamengo com a missão de profissionalizar o departamento de futebol, se encontra e em uma crescente rota de colisão com a cúpula do clube.
O episódio mais recente, o recuo na contratação do atacante Mikey Johnston, foi apenas mais um capítulo em uma série de desgastes que expõem um racha interno e questionam o futuro do português no Mais Querido.
O principal foco de tensão reside na relação entre Boto e o presidente Luiz Eduardo Baptista (Bap). A expectativa da nova gestão era ter no cargo um diretor com perfil "contestador", que defendesse os interesses do clube de forma independente, sem se alinhar automaticamente aos desejos da comissão técnica.
No entanto, segundo a "ESPN", o estilo mais "boleiro" de Boto e sua forte amizade com o técnico Filipe Luís são vistos por parte da diretoria como uma barreira para essa dinâmica.
A aliança entre o diretor e o treinador é desaprovada pelo presidente, que enxerga o ex-lateral como responsável exclusivo pela parte técnica. Um exemplo claro ocorreu logo no início da gestão, quando Filipe Luís tentou intervir para evitar demissões nos departamentos médico e de comunicação. Boto apoiou a posição do técnico, contrariando diretamente a visão de Bap e gerando o primeiro grande atrito.
A maneira como Boto lidou com situações envolvendo jogadores de peso também minou sua credibilidade. No caso de Gerson, enquanto o presidente Bap criticava publicamente o pai e empresário do atleta por expor uma crise contratual, a direção de futebol adotou uma postura mais branda.
Mesmo com a saída do jogador para o Zenit já encaminhada, Boto evitou confirmar a negociação, o que foi interpretado internamente como falta de pulso firme.
Outro ídolo, Pedro, foi o centro de uma polêmica que gerou fortes impactos internamente. Após a eliminação na Copa do Mundo de Clubes, vazou a informação de que o Flamengo negociaria o atacante por 15 milhões de euros.
A autoria do vazamento foi atribuída nos bastidores a Boto, em uma conversa com o jornalista Mauro Cezar Pereira. Embora tenha negado, a repercussão foi péssima. Uma ala da diretoria classificou a atitude como "amadora" por expor o atleta e o clube em um momento de fragilidade.
Enquanto isso, nomes como Arrascaeta, que busca uma renovação de contrato, ouviram que precisam esperar, aumentando a insatisfação de peças importantes do elenco.
A atuação de Boto no mercado de transferências se tornou outro ponto de crítica. Durante a Copa do Mundo de Clubes, nos Estados Unidos, o diretor concedeu entrevistas a veículos estrangeiros citando nomes de alvos do clube, como o atacante Dušan Vlahović, da Juventus. A atitude irritou a diretoria e expôs os jogadores em meio a uma competição importante.
A primeira janela de transferências sob seu comando foi considerada tímida. As contratações de Juninho (não solicitado por Filipe Luís, de acordo com a "ESPN"), e Danilo e Jorginho (que já estavam no radar do clube), deixaram a diretoria com sensação de que o trabalho no mercado poderia ter sido mais incisivo.
A aposta mais recente, o irlandês Mikey Johnston, foi uma indicação direta do scout de Boto e se transformou em um fiasco. A negociação, que beirava os R$ 35 milhões por um atleta da segunda divisão inglesa, foi abortada após uma avalanche de críticas, enfraquecendo drasticamente a posição do dirigente.
Apesar da turbulência e da crescente desconfiança, a ESPN informou que Bap garante o respaldo a José Boto para a sequência da temporada. O Flamengo se prepara para enfrentar o São Paulo no próximo sábado (12), pelo Brasileirão. Até lá, o clima no Ninho do Urubu permanece pesado, com um diretor que, antes visto como solução e profissionalismo, hoje é parte central de um problema de "amador".