A teoria não conta mesmo para nada no futebol | OneFootball

O desporto, e neste caso o futebol, é um enigma. As ideias que se têm antes de uma partida contam muito pouco para o resultado final. Claro que se o Real Madrid jogar contra uma equipa amadora, provavelmente a ideia pré definida de goleada vai bater certo, mas nem sempre é assim. Veja-se o exemplo deste Casa Pia - Arouca.

A equipa da «casa» vem semanas terríveis. Sem marcar golos, sem vencer e até a ser humilhada em Alvalade. Depois, despediu treinador, tentou um que não aceitou e apostou em Gonçalo Santos, que nunca treinou uma equipa sénior. Do outro lado, o Arouca acabou de vencer o FC Porto e vem de semanas de vitórias atrás de vitórias. Podia-se imaginar que seria um triunfo natural para os visitantes, mas não foi assim.

Gonçalo Santos voltou ao 3-4-3 que Felipe Martins usava, mas a entrada em campo do Casa Pia deu sensações da equipa que não vencia há mais de um mês. O Arouca entrou ao seu estilo, mandão e a tirar toda a iniciativa à equipa lisboeta. Assim foram os primeiros 15/20 minutos, que davam ainda mais gás à ideia de que as diferenças de momentos das equipas iam ditar o resultado.

Porém, algo interessante aconteceu por volta dos 20 minutos. Sem que nada o fizesse prever, o Casa Pia teve dois lances de contra-ataque, num deles Nuno Moreira apareceu isolado e falhou e, no outro, Lameiras marcou, com o VAR a anular. Esses dois momentos ditaram o rumo do jogo daí para a frente. O Arouca tinha bola, tentava rendilhar o seu jogo e o Casa Pia era objetivo na exploração do ataque rápido.

Convém ainda dizer que a equipa do distrito de Aveiro podia (e talvez até devesse) ir para o intervalo a vencer, mas valeu ao Casa Pia o experiente guardião Ricardo Batista que, com duas grandes defesas, negou golos a Cristo e a Sylla.

Lentidão e o golo

A segunda parte trouxe mais do mesmo, mas com a agudização de uma situação. Sim, o Arouca tinha bola e sim o Casa Pia atacava de forma rápida. A grande diferença é que o ritmo que a equipa de Daniel Sousa ia colocando no jogo era cada vez mais lento, mais previsível e mais fácil de anular.

À medida que os minutos iam passando notava-se que o Casa Pia estava a ficar mais confortável e mais confiante. Por isso, quando aos 74 minutos o Casa Pia saiu para o contra-ataque (após um canto do Arouca), sentiu-se que podia ser perigoso. Acabado de entrar, Pablo Roberto é lançado em velocidade e, quando dois jogadores do Arouca chocaram, o lance só podia dar em golo. O avançado entrou na área e ofereceu o golo a Clayton. Nota ainda para o mesmo Pablo Roberto que ficou perto do 2-0 pouco depois, num lance semelhante ao do golo.

O Arouca lançou-se depois para o ataque e até viu Ricardo e depois a barra negarem o empate. Ainda assim, os problemas eram os mesmos, com a falta de intensidade e ritmo a serem os principais. A vitória ficou mesmo em Rio Maior e é a primeira do Casa Pia em 2024. Na estreia como treinador, Gonçalo Santos não só venceu, como pareceu passar a confiança que faltava ao plantel.