Viajou 6.500 km sozinha para apoiar o FC Porto: «Deviam dar mais por nós» | OneFootball

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·25 juin 2025

Viajou 6.500 km sozinha para apoiar o FC Porto: «Deviam dar mais por nós»

Image de l'article :Viajou 6.500 km sozinha para apoiar o FC Porto: «Deviam dar mais por nós»

Já imaginou, caro leitor, embarcar numa viagem para o outro lado do mundo, completamente sozinho, por amor a um clube?

Ora, casos como estes são incomuns, mas existem e o mais recente foi protagonizado por uma jovem apoiante do FC Porto, que aproveitou a participação dos azuis e brancos no Mundial de Clubes 2025 para concretizar um sonho antigo.


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Raquel Torres, de 23 anos, é uma adepta fervorosa dos dragões e decidiu atravessar o Oceano Atlântico a solo, rumo aos Estados Unidos da América, para assistir ao embate entre o conjunto português e o Inter Miami. Apesar do desfecho não ter sido favorável à turma lusa, a experiência ficará para sempre na memória da portuense.

Este curioso e insólito caso suscitou, assim, a atenção do nosso portal. Desta forma, o zerozero esteve à conversa com a jovem apoiante do FC Porto para compreender os contornos de uma viagem realizada por amor à camisola.

«Tenho um grande amor pelo FC Porto e pelo Messi, não podia perder esta oportunidade»

«Correu tudo bem», assegura Raquel, no início da conversa, antes de mergulhar nos pormenores que pautam esta surpreendente viagem e revelar o principal motivo que a levou a percorrer, sozinha, cerca de 6.700 quilómetros: a possibilidade de conciliar «dois grandes amores» enquanto apoia o clube do coração.

«A ideia ganhou forma na altura do sorteio, quando reparei que o FC Porto calhou no grupo do Inter Miami. Tenho um amor muito grande pelo Messi, nunca o tinha visto ao vivo e decidi juntar o amor pelos dois mundos. Foi incrível», destaca.

«Atirei-me de cabeça sem nunca hesitar. Tentei ver se alguém queria vir, mas ninguém quis. Chamaram-me de maluca, de tola também, mas pensei 'podem-me chamar o que quiserem, mas eu vou!'. E fui», relembra.

E foi desta forma que um sonho rapidamente passou a um plano e um simples plano rapidamente se transformou em realidade. Apesar de se ter sentido «mais sozinha e receosa» nos primeiros dias, Raquel Torres recorda como ultrapassou esse obstáculo interagindo com outros adeptos e criando amizades - algumas inusitadas.

«Comecei a interagir com outras pessoas e fiz muitos amigos. Fui bem recebida por todos, até pelos próprios benfiquistas. Não tenho nada a apontar [risos]. Eles estavam lá pelo mesmo motivo, que é apoiar o clube do coração. A paixão pelo futebol une as pessoas e ultrapassa barreiras», revela.

O companheirismo vivenciado em Miami - principalmente na Fan Zone organizada pelo FC Porto - foi o sentimento que mais marcou Raquel durante a viagem. Aliás, os laços de amizade que criou com os hinchas do Boca Juniors levaram a jovem adepta a assistir, de forma espontânea, ao duelo entre os argentinos e o Benfica.

«Conheci alguns adeptos do Boca e decidi ir com eles ao jogo frente ao Benfica. Fui para o lado dos argentinos e foi uma experiência de outro mundo, não há comparação. Cantam do início até ao fim, vi muitos adeptos a chorar por causa da emoção. É outro mundo», diz-nos.

«Tínhamos a obrigação de ganhar, o resultado envergonhou o FC Porto»

Findado o período de ambientação a Miami, chegou a altura de rumar ao Mercedes-Benz Stadium, em Atlanta, para assistir ao tão desejado Inter Miami - FC Porto. As expectativas eram elevadas, face à importância do embate para as contas do grupo A, mas o resultado foi desfavorável aos portuenses.

Em relação à partida, Raquel Torres destacou os pontos negativos que pautaram a exibição dos azuis e brancos, nomeadamente a «falta de atitude e vontade», enaltecendo os sacrifícios que os adeptos realizam durante toda a época por amor ao emblema da Invicta.

«Dói, não vou mentir, mas a experiência, ter conhecido tantas pessoas e poder apoiar o FC Porto longe de casa, ultrapassa o resultado. Mas doeu. Ainda por cima, tínhamos a obrigação de ganhar. O resultado envergonhou muito o FC Porto», refere.

«Não desgostei da primeira parte, mas o segundo tempo foi péssimo. Os jogadores não correm, não se esforçam, há ali muita falta de atitude e vontade. Compreendo que a época foi difícil, já disputaram muitos jogos e não descansaram, mas têm de pensar um bocadinho em nós. Fazemos quilómetros, gastámos o pouco dinheiro que temos para ver o FC PortoDeviam dar mais por nós, que damos tudo por eles», reflete.

Ainda assim, a possibilidade de apoiar o clube da cidade tão longe de casa tornou-se uma experiência «única» para a fã portista, que recorda o momento com muita emoção: «Foi um sonho tornado realidade.»

«Recordo-me, principalmente, de entrar no estádio, que é enorme e lindo. Lembro-me de ver as bancadas e sentir que o pessoal estava todo unido, a cantar e a celebrar. Estavam todos felizes pela experiência, por poderem estar ali. Foi um momento magnífico e relembrar dá-me arrepios», descreve de forma nostálgica.

«Messi? Parece que a idade passa, mas o futebol fica»

Além do amor que sente pelo FC Porto, Lionel Messi é também uma das paixões de Raquel, que tem no astro argentino um «ídolo do futebol». A admiração pelo camisola '10' dos Herons foi um dos fatores que motivou a jovem portista a viajar para os EUA.

Assim, não só pôde apoiar o FC Porto, como também conseguiu cumprir o sonho de ver o «melhor jogador do Mundo» ao vivo pela primeira vez - uma experiência que apelida de «mágica».

«Parece que a idade passa, mas o futebol fica. Tem uma qualidade absurda, parece que a bola fica colada ao pé. Nunca vi igual, é o melhor do mundo. Quem o conhece já sabia que ia ser golo [quando o árbitro atribuiu pontapé livre a favor do Inter Miami]», garante.

Esta «paixão antiga» surgiu de forma natural, fruto da ligação entre atletas da Argentina e o conjunto da cidade do Porto.

«Fazem-me essa pergunta muitas vezes e eu não sei responder. Sempre fui fanática por futebol, desde muito cedo. Sempre gostei de jogadores argentinos, o meu jogador preferido é o Lucho», justifica.

«Sempre gostei muito do Barcelona, além do FC Porto. Esta paixão foi natural, surgiu devido ao amor pelo Messi. Era a melhor equipa do Mundo naquela altura, em 2009. Foi tudo junto.»

O amor pelo capitão da seleção albiceleste é tal que Raquel decidiu eternizar no corpo a famosa celebração de Lionel Messi diante do Real Madrid: «Já tinha planeado há algum tempo, mas ainda não sabia qual fazer. Vi aquela e pensei que era perfeita.»

«Anselmi tem de perceber que não há jogadores para jogar na tática dele»

Após a derrota frente a Messi e companhia, o FC Porto registou um animado empate (4-4), esta terça-feira, frente ao Al-Ahly e viu a sua participação no Mundial de Clubes chegar ao fim de forma precoce - sem qualquer triunfo alcançado.

Raquel Torres acredita que «os jogadores precisam de férias», face ao «arrastar» de uma longa temporada, para depois «voltarem com vontade máxima», atributo que, na opinião da jovem adepta, tem faltado ao conjunto orientado por Martín Anselmi.

«Falta ânimo, alguns jogadores não estão ali felizes. Eles precisam de dar tudo por nós, porque nós nunca os vamos deixar. Estamos sempre lá para apoiar, seja onde for», aponta.

Ainda assim, a apoiante dos azuis e brancos mantém a aposta no técnico argentino para a próxima temporada. Questionada sobre o que mudaria, Raquel deixa algumas notas para consideração do treinador, que «precisa de ajustar a tática» para alcançar resultados mais positivos.

«O Anselmi não pode inventar tanto. Está sempre a trocar os jogadores de posições e assim não consegue consolidar a equipa. Ele tem de perceber que não há jogadores para jogar na tática dele. Devíamos ter ido buscar o Vítor Pereira, mas agora é impossível.»

Apesar do resultado e da «fraca» exibição, a derrota não mancha a «experiência de uma vida» e a jovem matosinhense pretende repetir a jornada em breve: «A experiência foi única e inesquecível, não há igual.»

«A melhor parte da viagem foi ver o FC Porto, mas também valorizo o facto de ter conhecido muita gente, feito muitas amizades. Foi maravilhoso. Agora que este bichinho cresceu em mim, já só espero pelas próximas oportunidades.»

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