Torcedora denuncia descaso do São Paulo com PCD´s em jogo da Libertadores | OneFootball

A classificação do São Paulo na última terça-feira (19), pela Libertadores, deveria ser motivo apenas para festa no Morumbis. Porém, a noite passou longe disso para torcedores PCD´s (pessoas com deficiência), com relatos de descaso por parte do clube e da diretoria.

Por meio de uma thread no X (antigo Twitter), a torcedora Amanda Nunes, representante da “Torcida Tricolor PCD”, trouxe detalhes do ocorrido. Segundo ela, os problemas teriam começado ainda na segunda-feira, quando foi realizado um pedido de apoio à diretoria, para que mantivesse torcedores sentados em frente ao antigo setor PCD, devido a não liberação do novo setor no estádio. O clube teria alegado que não podia fazer nada.

A resposta se repetiu na noite da partida, quando foi solicitado o apoio de operadores do estádio; segundo Amanda, na área marcada para os PCD´s, ainda no antigo espaço e localizada ao lado do espaço TEA, torcedores estavam em pé e se recusando a sentar, obstruindo a visão.

*TEA = Transtorno do Espectro Autista

Amanda relatou ainda deboche e falta de transparência por parte de membros da diretoria de acessibilidade do São Paulo. Ao tentarem acessar o novo setor para PCD´s, ouviram alegações de que o clube esqueceu de avisar a Conmebol sobre questões de acesso ao novo local para PCD´s, e a liberação acarretaria multas por parte da confederação. Depois, em um exemplo de claro de falta de transparência, a alegação foi de ausência do alvará dos bombeiros.

Diretores teriam alegado ainda que os torcedores estavam exigindo além dos seus direitos, que constam no estatuto da pessoa com deficiência. Um ex-membro da diretoria de acessibilidade, afastado por agressões a PCD´s no passado, teria dito a seguinte frase: “esses cadeirantes do c@r@lh0 acham que mandam aqui” (sic).

Somente no final do 1º tempo, após pedidos de ajuda policial, torcedores começaram a se sentar e liberar a visão para os torcedores PCDs; um torcedor se recusou e foi levado pela Polícia Militar. Após isso, a diretoria de acessibilidade teria novamente se omitido, sumindo do local.

Por fim, Amanda alegou ainda que o clube cortou relações com os torcedores, acusando-os de terem proferido supostas ameaças contra membros da diretoria.

Em nota divulgada na conta @pcd.spfc no Instagram, referida como oficial, o São Paulo Futebol Clube informou que “preza pelo respeito as pessoas com deficiência e sua inclusão em todos os seus espaços. Na partida da última terça-feira, no entanto, ocorreu que um grupo de cadeirantes tentou assistir ao jogo em outro local, diferente daquele correspondente aos ingressos adquiridos por eles, o que se tornou inviável pela lotação de pessoas no setor”.

Creditos: @PCD.SPFC

“Ademais, vale destacar que, no próximo domingo, na partida contra o Atlético-MG, atendendo providência alçada como prioridade pela gestão do clube, o estádio terá uma nova área reservada ao uso dos PCDs, em especial pessoas com uso de cadeira de rodas […]”

Como autor deste texto, e também um PCD, não posso deixar de expressar a lamentação pelo ocorrido, e minha solidariedade com todos os torcedores que passaram por essa situação.