Última Divisão
·27 juin 2025
Série B 1995: Da volta por cima da dupla Atletiba à briga pelo título

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O Athetico Paranaense foi o 17º colocado do Campeonato Brasileiro de 2024 e acabou rebaixado. No mesmo ano, o Coritiba foi apenas o 12º colocado da Série B e passou longe do acesso.
Com isso, Athletico e Coritiba se reencontraram na Série B do Brasileiro de 2025. O primeiro reencontro dos dois na segunda divisão nacional, exatos 30 anos de uma temporada histórica para a dupla Atletiba.
Na Série B de 2025, o primeiro reencontro para os torcedores dos dois clubes foi marcado para a 14ª rodada, na noite de 28 de junho. E se o clássico de 2025 não é exatamente motivo de comemoração, embora seja fundamental para os dois clubes, os duelos de 1995 entraram para a história.
Afinal, naquela edição da Série B, os dois rivais subiram juntos: Atlético campeão, Coritiba vice. E uma constelação em campo: astros como Paulo Rink, Oséas e Alex, mas também nomes conhecidos como Gralak, Zambiasi, Pachequinho e Leomar. Tudo sob a batuta de Pepe, no Furacão, e Lori Sandri, no Coxa.
Aquela temporada de 1995 pode ser considerada um divisor de águas para o futebol paranaense, e em especial para a dupla Atletiba. O Paraná Clube havia nascido em 1989 e dominava o Campeonato Paranaense na época, com seis títulos estaduais entre 1991 e 1997.
Enquanto isso, o Coritiba vivia uma era de insucessos. Foi rebaixado da Série A no tapetão em 1989 e foi promovido na Série B de 1992. Em 1993, caiu novamente no Brasileirão, na companhia do Atlético-PR e de outros seis clubes. Na segunda divisão nacional de 1994, o Atlético foi o sexto colocado, enquanto o Coritiba amargou uma modesta 14ª posição.
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A situação era tão feia que algumas fusões entre clubes de Curitiba foram especuladas como tábua de salvação. Ao longo de décadas, clubes como Colorado e Pinheiros já foram considerados exemplos de iniciativas bem-sucedidas neste modelo, que deu bons resultados até o início do século XXI após a união de ambos para a criação do Paraná Clube.
Em 1988, o Coritiba esteve perto de uma fusão com o Pinheiros, que acabou não rolando. Em 1991, os rumores apontavam para uma fusão entre Atlético e Coritiba, que foi desmentida pelos dois clubes. Em 1995, a história era de que Atlético, Coritiba e Paraná se uniriam para formar um time só: o Araucária Football Club, que adotaria uniformes amarelos para evitar associação com qualquer um dos três – um negócio tão ousada que envolvia até planos de deixar o Campeonato Paranaense para a disputa do Campeonato Paulista.
O Campeonato Paranaense daquele ano terminou com mais um título do Paraná Clube. Entre os rivais da dupla Atletiba, o Coritiba vivia um momento melhor e ficou com o vice. O Atlético foi o quarto colocado. Mas os dois passavam por situações conturbadas nos bastidores.
Do lado alviverde, Evangelino Costa Neves deixou o cargo à revelia para dar lugar a um triunvirato formado por Edison Mauad, Joel Malucelli e Sérgio Prosdócimo.
Do lado rubro-negro, o presidente Hussein Zraik deixou o posto após após uma histórica goleada por 5 a 1 para o Coritiba em abril. Mário Celso Petraglia assumiu, lançando o projeto Atlético Total.
Curiosamente, a dupla que conduziu o Atlético ao título da Série B de 1995 chegou pouco antes do campeonato. Paulo Rink pertencia ao clube, mas havia sido emprestado para a Chapecoense e havia sido artilheiro do Campeonato Catarinense. Já Oséas foi contratado depois de se destacar pelo Uberlândia no Campeonato Mineiro. Um fez o gol do acesso. O outro foi o artilheiro do torneio.
A Série B de 1995 foi disputada de agosto a dezembro, com 24 clubes. Na primeira fase, os participantes foram divididos em quatro grupos, com seis participantes cada. Em cada chave, os times se enfrentam em dois turnos, totalizando dez rodadas. Os quatro melhores de cada grupo avançaram.
Já na primeira fase, a dupla Atletiba dominou. No Grupo C, o Atlético liderou com sete vitórias em dez jogos, somando 23 pontos. No Grupo D, o Coritiba teve menos vitórias (seis) e menos pontos (21) que o arquirrival, mas também liderou. De quebra, o Coxa conquistou já na segunda rodada a maior goleada de todo o torneio, vencendo a Ferroviária por 8 a 0. Detalhe: com sete gols no segundo tempo.
Na segunda fase, mais domínio. O Atlético liderou o Grupo G com 13 pontos, empatando com o também classificado Mogi Mirim – mas marcou aquela etapa com uma goleada por 6 a 0 sobre o rival paulista, em jogo que marcou a estreia do técnico Pepe no Furacão. O Coxa, desta vez, teve aproveitamento melhor: liderou o Grupo H com 14 pontos, avançando na companhia do Bangu. Sim, dez anos depois de Coritiba e Bangu decidirem o Campeonato Brasileiro.
A terceira fase teve oito times, divididos em dois grupos. Em cada grupo, os times fariam confrontos em seis rodadas, classificando líderes e vice-líderes para o quadrangular final.
No Grupo I, o Atlético deitou e rolou de novo, com 16 pontos em 18 possíveis, avançando à fase final ao lado do Central. Mas no Grupo J, o Coritiba precisou ligar o alerta: passou como vice-líder, somando nove pontos. O Mogi Mirim liderou com 12, graças principalmente a uma vitória por 1 a 0 sobre o Coxa na quarta rodada. Naquele momento, mais do que o Central, o Mogi parecia ser o principal candidato a estragar a festa da dupla Atletiba.
Quatro times para duas vagas: Atlético-PR, Central, Coritiba e Mogi Mirim. Seis rodadas, todos contra todos. Campeão e vice estariam no Campeonato Brasileiro de 1996. Chegou a hora.
De novo, a dupla Atletiba não quis dar chances para o azar. Na primeira rodada, o Atlético foi a Caruaru e venceu o Central por 1 a 0, gol de Oséas. No Couto Pereira, em duelo fundamental, o Coritiba goleou o Mogi Mirim por 5 a 0, com quatro gols de Vital.
Um empate por 1 a 1 no Atletiba da segunda rodada manteve os arquirrivais na zona de promoção, mas a vitória por 3 a 0 sobre o Central manteve o Mogi Mirim nos calcanhares. E para embolar de vez, o Atlético fez 1 a 0 no Mogi na terceira rodada, mas o Central bateu o Coxa por 2 a 1.
Terminado o primeiro turno, o CAP tinha sete pontos e estava perto do acesso. Mas o Coritiba, com quatro pontos, tinha a concorrência bem de perto: Mogi e Central tinham três pontos cada. Para o Furacão, a volta à primeira divisão parecia uma formalidade.
De fato, o acesso rubro-negro veio em 10 de dezembro, na quarta rodada do quadrangular final. Jogando fora de casa, o Atlético venceu o Mogi Mirim por 1 a 0. O gol da partida saiu após jogada de João Antônio, que passou na esquerda para Paulo Rink bater cruzado aos 19 minutos do primeiro tempo.
Na mesma rodada, o Coritiba fez 4 a 2 no Central e ficou mais perto da vaga. Na quinta rodada, três dias depois, veio o acesso do Coxa, e com estilo: uma vitória por 3 a 0 no Atletiba. Os gols foram marcados por Alex, Auri e Pachequinho.
Os dois rivais chegaram à última rodada promovidos, mas faltava definir o campeão. E com um detalhe: Atlético e Coritiba tinham 10 pontos cada. O Coxa visitaria o Mogi Mirim, enquanto o Furacão receberia o Central. E agora?
No fim, o Coxa empatou por 1 a 1 com o Mogi: Moreno abriu o placar de pênalti para os paulistas, mas Gralak empatou também de pênalti para os visitantes. E o Atlético passou o carro no Central com uma vitória por 4 a 1: Oséas (dois), Alex e Paulo Rink marcaram para os rubro-negros, enquanto Everaldo anotou para os centralinos.
Assim, Oseas terminou a Série B como o artilheiro do torneio: 14 gols, contra 12 de Cleber, do Mogi Mirim. Paulo Rink, com oito gols, foi o terceiro colocado na disputa. Do lado do Coritiba, alguns destaques individuais: Vital fez sete gols, contra cinco de Vilmar, cinco de Zambiasi e quatro da revelação Alex.
No Campeonato Paranaense de 1996, o equilíbrio de forças da época se manteve: Paraná Clube campeão, Coritiba vice e Atlético em terceiro.
No Campeonato Brasileiro, porém, a situação foi diferente dos outros anos. O Coritiba foi eliminado ainda na primeira fase, com o 14º lugar entre os 24 clubes. Mas o Atlético foi o quarto colocado e caiu nas quartas de final diante do Atlético-MG.
A dupla de ataque do Furacão, mais uma vez, encantou: Paulo Rink fez 13 gols, enquanto Oséas fez 11. No Coxa, os melhores marcadores foram Basílio (7 gols), Pachequinho (7 gols) e Alex (5 gols). Os artilheiros do Brasileirão foram Paulo Nunes, do Grêmio, e Renaldo, do Atlético-MG, ambos com 16 gols.
Em 1997, Paulo Rink foi negociado com o Bayern Leverkusen e fez história no futebol europeu, defendendo a seleção da Alemanha entre 1998 e 2000 e se aposentando no próprio CAP em 2007. Oséas e Alex, por sua vez, brilharam no Palmeiras, sendo campeões da Libertadores de 1999.
O Atlético foi campeão brasileiro em 2001, vice em 2004 e terceiro colocado em 2013. Mas também foi rebaixado em 2011 e em 2024.
O Coritiba viveu altos e baixos. Foi rebaixado no Brasileirão de novo em 2005, 2009, 2017, 2020, e 2023, mas faturou a Série B em 2007 e 2010. De quebra, foi vice-campeão da Copa do Brasil em 2011 e 2012, e entrou para o Livro dos Recordes com uma série de 24 vitórias seguidas em 2011.
Em 2025, a dupla Atletiba se reencontra na Série B. É a primeira edição desde o histórico acesso de 1995 que os dois rivais voltam a se enfrentar na segunda divisão nacional.