Jogada10
·30 novembre 2024
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O Botafogo pode dar o primeiro de dois passos gigantescos para tornar-se uma equipe lendária, neste sábado (30), a partir das 17h, no Monumental de Núñez, contra o Atlético-MG. Chegar à final da Copa Libertadores e manter a liderança do Brasileirão por várias rodadas é tarefa para raríssimas equipes ao longo dos anos. A tendência é o time postulante ao título tirar o pé do acelerador na liga local para focar no torneio continental desde a classificação. O Glorioso ousou a romper com este paradigma. Agora, precisa provar que tem cacife para almejar um lugar na eternidade. Só há um caminho. Vencer o Galo e levar a Glória Eterna para o museu do palacete colonial de General Severiano. Depois, resolve a vida no Brasileirão.
O Glorioso, com a Libertadores, passaria a mirar o mesmo panteão do Santos de Pelé e do Flamengo do técnico Jorge Jesus. Em 1962, o Peixe sagrou-se campeão da Libertadores e da Taça Brasil. Em 1963, repetiu a dose no torneio internacional e ganhou o Nacional em janeiro de 1964. Rival do Botafogo, o Rubro-Negro ganhou as duas competições em 2019. Quem sabe se, em 2024, não seja o Botafogo de Savarino, Almada e Luiz Henrique?
“Responsabilidade pelo escudo que carregamos e por ser a primeira final do Botafogo. Somos escolhidos por estar aqui. Ninguém caiu de paraquedas. Daremos o nosso melhor, como em todos os jogos. O importante é conseguir o resultado. Manter os pés no chão, com humildade e sacrifício. Vamos desfrutar deste momento para realizar um grande jogo. Um correndo pelo outro do primeiro ao último minuto. Minha ficha, agora, caiu. Estou em uma decisão de Libertadores”, colocou o volante Marlon Freitas.
Debutante em finais de Libertadores, o Botafogo não chegou à toa na cancha de Núñez. A partir do mata-mata final, só encontrou pedreiras. Ao todo, enfrentou três adversários tradicionalíssimos que, juntos, somam 11 títulos da competição internacional. Camisas que entortam varais. Mas o Alvinegro do técnico Artur Jorge passou por cima de Palmeiras (oitavas), São Paulo (quartas) e Peñarol (semifinal). Assim, criou uma casca para construir o caminho até a taça.
Peñarol, com cinco títulos da Libertadores, ficou pelo caminho – Foto: Vítor Silva/Botafogo
“É uma trajetória carregada de história. Palmeiras, São Paulo e Peñarol, se estivessem aqui, não seria surpresa para ninguém. Três equipes que, facilmente, poderiam se candidatar ao título. E jogamos contra todas as probabilidades. Fomos sempre o underdog (azarão). Soubemos potencializar alguma desvalorização e tirar proveito. E fizemos sendo superiores a estes adversário no conjunto das séries. Em algum momento, sofremos, pois não jogamos sozinho. É normal. Mas terminamos as séries melhores que Palmeiras, São Paulo e Peñarol”, destacou o treinador bracarense.
Estar em duas frentes, durante meses, não é para qualquer um. E o Botafogo entendeu a dinâmica dos dois torneios simultaneamente. Na Libertadores, por exemplo, o Glorioso tem aproveitamento de 56,2%. No Brasileirão, com este número, estaria disputando o sexto lugar com o São Paulo. Entretanto, nos pontos corridos, se descolou do segundo lugar e retomou a liderança isolada. Se alguém considerar a porcentagem baixa na Liberta, o Mais Tradicional respondeu encantando a América do Sul a ponto do universo futebolístico colocá-lo como favorito.
Em quatro jogos, em 2024, contra o Palmeiras, Botafogo venceu três e empatou um – Foto: Vitor Silva/Botafogo.
A vida sorriu para o Botafogo neste fim de temporada. Afinal, a equipe pode conquistar dois torneios em quatro dias. Sábado, a Libertadores. E, na quarta-feira, o Brasileirão. Caso a Estrela Solitária pontue diante do Internacional, no Beira-Rio, e o Palmeiras perca para o Cruzeiro, no Mineirão, o Alvinegro encerrará a disputa pela liderança com mais um caneco.
Grandes equipes deixaram legados e tiveram identidades fortes. Assim é o Glorioso desta temporada, o time que mais se aproxima, enfim, do “Botafogo Way”. O estilo projetado pelo magnata norte-americano passa por velocidade em todas as posições, protagonismo na posse de bola e pressão sobre o adversário, principalmente no campo ofensivo. É deste modo que a equipe vai encarar estes últimos três desafios do ano. Sem abdicar de nenhuma proposta.
“Não podemos mudar nosso comportamento. Sabemos que o desgaste é longo, mas também sabemos que a equipe tem sido capaz de suportá-lo. Foi capaz de ser muito consistente e ter uma ideia própria de jogar frente a qualquer adversário, independentemente do lugar. É um mérito dos jogadores, a forma como se dispuseram a enfrentar os rivais. Precisamos da mesma atitude. Estes três jogos podem nos trazer dois títulos enormes. Se o cansaço existir, que a motivação seja ainda maior”, determinou o técnico minhoto.
Apesar de a torcida, mobilizada, invadir Buenos Aires e criar uma atmosfera inédita na história do clube alvinegro e até mesmo na própria capital argentina, o Botafogo não está satisfeito em participar da final desta edição da Copa Libertadores. O Glorioso sabe, então, que ainda tem muito a perder na decisão. Jogar a decisão não é sinônimo de estar no lucro.
“Muitos falam que já chegamos a um feito. É marco para o Botafogo estar final. Mas é pouco para aquilo que nós queremos. O que fica na história é o nome dos vencedores. Não quem a disputou. Precisamos da coragem de assumir a responsabilidade de vencer esta competição”, sentenciou Artur Jorge.