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·25 février 2025

Pepe: uma única camisa, um legado atemporal

Image de l'article :Pepe: uma única camisa, um legado atemporal

Heloisa Helena, do Memorial das Conquista

No dia 25 de fevereiro de 1935 nascia um dos maiores ídolos da história santista. José Macia, o lendário Pepe, honrou o manto alvinegro, o único usado pelo jogador, ao vencer diversos títulos com o Santos FC e conquistar o carinho e gratidão eterna dos torcedores.


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O início

O futebol esteve presente na vida de Pepe desde cedo. Aos 7 anos começou a praticar o esporte nas equipes do bairro onde morava, o Comercial FC e o Mota Lima, junto com seu irmão Mário. Mas sua trajetória no Santos se iniciou, quando o goleiro Cobrinha, seu companheiro de time no infantil do São Vicente AC e também atleta do infantil do Santos, o chamou para fazer um teste no clube, quando tinha 16 anos. No dia 4 de maio de 1951, Pepe foi aprovado pelo técnico Salu e começava assim sua forte ligação com as cores branco e preto.

Em relação a esse momento de sua vida, Pepe comentou: “O Salu foi o responsável por ser meu olheiro, me observou no treinamento do Santos lá do Infantil. Observou que eu era bom de bola e mandou fazer a minha inscrição. Fiquei todo feliz. Cheguei em casa e falei: “Puxa mãe, sou jogador do Santos, já fiz a minha inscrição, já vou poder ver os Jogos do Santos de graça, porque já tenho a minha carteirinha de atleta”.

A estreia

Aos 19 anos, no dia 23 de maio de 1954, em uma partida diante do Fluminense, no Pacaembu, válida pelo torneio Rio-São Paulo, entrou no lugar de Boca, substituto do seu colega de time em São Vicente, Del Vecchio. O resultado não foi favorável ao Peixe, que acabou derrotado por 2 a 1.

O Campeonato Paulista de 1955 é um marco para Pepe, pois na última partida do certame, o jogador tem seu primeiro grande momento como atleta profissional. Em uma Vila Belmiro com 8.500 pessoas presentes, Pepe marcou o gol do desempate aos 65 minutos de jogo contra o Taubaté e assinalou seu nome no gol do título do segundo Campeonato Paulista do Alvinegro.

A partir daí o talento de Pepe era cada vez mais notado e sua determinação foi vista em cada título que o jogador conquistou com o Peixe. Ao todo foram 25 títulos oficiais, sendo 11 Campeonatos Paulistas, seis Campeonatos Brasileiros, duas Taças Libertadores da América, dois Mundiais Interclubes e quatro Torneios Rio-São Paulo, tornando-se o jogador com mais títulos por um único clube.

Em 1963, no Campeonato Mundial, o Santos sofreu uma derrota de 4 a 2 no primeiro jogo, venceu o segundo jogo com o mesmo placar com dois gols de Pepe, e no terceiro jogo em uma cobrança de Pênalti conquistou o mundo pela segunda vez. Questionado sobre esse glorioso triunfo, Pepe comentou: “Puxa vida, não era fácil. Tínhamos sido campeões paulista, brasileiro, sul-americano e nos sagramos campeões mundiais também. Eu fui muito importante. Nós estávamos perdendo o jogo 2 a 0, acabamos ganhando de 4 a 2 e eu marquei dois gols de falta. E passei a ser conhecido. Eu já era um jogador com algum nome, né? Mas passei a ser conhecido não só no Brasil inteiro, mas no mundo inteiro, porque já tinha o efeito da televisão que passava os jogos para outros países, né? E todos passaram a conhecer que o Santos tinha uma “pontinha” esquerdo muito bom”.

Brilhante cobrador de faltas, ganhou o apelido de “Canhão da Vila” por seu potente chute de esquerda. Também entre seus feitos, está a conquista do Prêmio Belfort Duarte, honra concedida ao atleta por nunca ter sido expulso em nenhuma partida em toda sua carreira como jogador. Sobre esse prêmio, Pepe citou: “Olha, eu recebi o Prêmio Belfort Duarte e Disciplina, que não é fácil, né? Porque eu tive uma carreira bonita, não só no Santos, como nas Seleções Paulista e Brasileira. Nunca fui expulso de campo e ganhei o prêmio que poucos jogadores conseguiram. Como jogador, eu fiz 750 jogos no Santos, 40 na seleção brasileira, 40 e pouco na seleção paulista. E nunca fui expulso. Era muito disciplinado e acatava os juízes. Todos os juízes tinham uma consideração muito boa comigo. Sabiam que se tivesse jogo violento, eu enfrentava e não tinha medo. Eu era um ponta veloz e chutador”.

Despedidas

No dia 19 de março de 1969, Pepe usou o manto alvinegro pela última vez como jogador. Em uma partida válida pelo Campeonato Paulista, substituiu Douglas no triunfo sobre o América de São José do Rio Preto por 2 a 1.

Porém, sua despedida dos gramados ocorreu no dia 3 de maio, quando o jogador deu uma volta olímpica no gramado da Vila Belmiro concretizando um momento emocionante e inesquecível para os torcedores. Nessa ocasião quando encerrava 15 anos de uma carreira de cheia de glórias, recebeu homenagens como uma placa referente ao seu legado no Santos, do presidente Athiê Jorge Coury, onde estava escrito: “Muito obrigado do Santos, da torcida e de todos os esportistas do Brasil”.Sobre a despedida e seus futuros passos Pepe comentou: “Foi uma etapa que eu venci, parei de jogar com 34 anos, podia até jogar um pouco mais… então, apareceu essa chance de começar uma nova carreira como treinador e eu fiquei firme. O Santos me queria, via que eu tinha possibilidades e aí começou tudo”.

Carreira como treinador

Pepe construiu uma longa trajetória como treinador, iniciando sua carreira em 1969 nas categorias de base do Santos. Pouco tempo depois, passou a atuar como auxiliar técnico do time principal e, em 1972, teve sua primeira oportunidade no comando da equipe.

No ano seguinte, liderou o elenco na conquista do Campeonato Paulista, que marcou seu primeiro título como técnico e também o último troféu da carreira de Pelé. Ao todo, teve cinco passagens pelo Santos, dirigindo a equipe em 371 partidas, o que o torna o terceiro treinador com mais jogos no comando do clube.

Também comandou outros clubes como São Paulo (onde ganhou o Campeonato Brasileiro de 1986), Inter de Limeira (onde ganhou o Campeonato Paulista também de 1986), Atlético Mineiro, São José, Náutico, Al Sadd, Fortaleza, Boavista, Seleção Peruana, Verdy Kawasaki, Portuguesa, Guarani, entre outros.Pepe é o maior vencedor do Campeonato Paulista com 13 títulos conquistados (11 como jogador e 2 como treinador); maior vencedor do Campeonato Brasileiro com sete títulos conquistados (seis como jogador e um como treinador); jogador que mais atuou com a camisa do Santos em jogos oficiais, com 750 jogos e é o segundo maior artilheiro do Santos, com 405 gols.

Sobre ser reconhecidamente um ídolo no futebol brasileiro, Pepe disse: “Eu me sinto muito feliz, porque todo lugar que eu vou, todo mundo me conhece. No Brasil, até no exterior também, pelo que eu fiz no futebol, mas principalmente por ter jogado no Santos, na Seleção Brasileira. Por ter sido o 11, na época que jogava o maior de todos os tempos, o Edson Arantes de Nascimento, o Pelé. Jogava muito, nunca mais aparece um jogador igual a ele”.

Pepe foi um atleta com uma bagagem que qualquer jogador se orgulharia de ter: ganhou diversos títulos nacionais, continentais e mundiais. Marcou gols em finais; atuou como técnico no clube que o revelou; recebeu e recebe até hoje o carinho da torcida e se tornou ídolo inquestionável do clube, deixando seu legado marcado na história santista.

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