Paredes de volta à Liga 3: «Queremos estar no futebol profissional em três anos» | OneFootball

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·9 juin 2025

Paredes de volta à Liga 3: «Queremos estar no futebol profissional em três anos»

Image de l'article :Paredes de volta à Liga 3: «Queremos estar no futebol profissional em três anos»

Ao entrar na última jornada da fase de subida do Campeonato de Portugal, o USC Paredes apenas necessitava de empatar com o AD Marco 09 para garantir o segundo lugar da competição e a consequente promoção à Liga 3, prova da qual se tinham despedido em 2022/23.

Os paredenses aproveitaram que a situação estava a seu favor e garantiram o regresso ao terceiro escalão nacional, com um empate (0-0).


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Ainda que a subida tenha sido alcançada em junho de 2025, os primeiros passos foram dados há precisamente um ano, em junho de 2024. Nesse mês, Rui Caetano integrou a estrutura do clube em que deu os primeiros passos como jogador, isto antes de Tarantini ser apresentado como treinador principal do clube depois da experiência como adjunto no FC Famalicão.

Apesar de o objetivo inicial ser «profissionalizar e estruturar» o clube durante a temporada, o Paredes arrancou com quatro vitórias nas primeiras cinco partidas do Campeonato de Portugal e embalou. Esta boa forma continuou até ao fim da Série A da competição e os unionistas terminaram em segundo lugar, apurando-se para a fase de subida.

No momento de todas as decisões, a equipa paredense não vacilou e conquistou nove pontos em seis jogos, suficiente para o segundo lugar que garantiu a promoção para a Liga 3.

Com a promoção a ser alcançada na época de estreia de duas figuras conhecidas no futebol português, o zerozero apontou o foco à cidade de Paredes e conversou com Rui Caetano e Tarantini, dois dos obreiros do feito alcançado.

«Levámos muita porrada durante a época»

Depois desta época de sucesso, o dirigente Rui Caetano admite que ser promovido não era o objetivo, mas que o clube conseguiu «antecipar» esta meta em um ano: «O nosso principal objetivo este ano era profissionalizar e estruturar o clube para em dois anos chegarmos à Liga 3. No entanto, logo no primeiro ano conseguimos essa mesma subida, o que é mérito, principalmente, dos jogadores e do grupo de trabalho.»

O segredo da época? «Termos sido uma grande equipa, uma grande família - os jogadores, equipa técnica, departamento médico, departamento de desempenho -, toda a gente muito alinhada e unida», afirma o ex-jogador de FC PortoPaços de Ferreira, entre outros.

«Acho que esse foi o principal segredo porque levámos muita porrada durante a época, as pessoas de fora achavam que ia ser um caminho muito fácil. Em determinada altura tivemos muitas curvas, muitas pedras no sapato e conseguimos, unidos, chegar à subida da divisão», explica, reforçando que conseguir tudo isto no clube onde começou a jogar tem um «sabor especial».

Ainda que o sentimento de felicidade seja transversal a todos os envolvidos no clube, o treinador Tarantini não esconde as dificuldades vividas durante a época. «É muito difícil criar uma identidade porque há mudanças todas as semanas; ou porque o relevado é sintético, ou porque o relevado não está em condições para fazermos determinadas coisas. Outras das dificuldades que tivemos é que o grau de competitividade que existe em muitos jogos não se traduz no playoff», assevera, apontando também críticas ao modelo da prova:

«As equipas acabam o campeonato em abril e só começam em agosto. É muito tempo parado. Há muitas equipas a descer e, além disso, é um campeonato que tem um playoff brutal, são seis jogos de gás na tábua e em que os mínimos erros pagam-se caro. Foi algo que vivi e que nunca tinha vivido. Há uma disparidade grande entre o que os campeonatos profissionais e este nível», refere.

Tarantini, «treinador de Primeira Liga»

Ao longo da sua carreira, Tarantini jogou 19 anos como profissional em Portugal. Apesar de também ter representado SC Covilhã, Gondomar SC e Portimonense, é recordado pelo seu tempo no Rio Ave, clube em que esteve entre 2008 e 2021. Depois de terminar a carreira, foi treinador-adjunto no Famalicão, isto antes de assumir o cargo de treinador principal no Paredes.

«A transição foi feita em 2021, três meses depois de ter terminado a minha carreira veio o FC Famalicão. Na altura foi uma transição difícil, mas custou mais a perspetiva de perceber as novas rotinas. Em termos mentais não custou muito», considera, acrescentando que tem noção que «se as coisas correrem mal a primeira coisa que cai é o treinado.»

Ainda assim, afirma que mantém a atitude que tinha enquanto jogador: «Sempre fui uma pessoa de trabalho e de exigência. Também há algumas coisas que nós vamos moldando um bocadinho ao longo da nossa vida, mas eu sempre fui uma pessoa caracterizada por ser muito honesto no trabalho. Não vejo assim grande diferença entre o que era enquanto jogador e o que sou hoje em dia como treinador.»

Quando questionado sobre o técnico, Rui Caetano não poupa em elogios: «O Tarantini é um treinador de Primeira Liga, não tenho dúvidas que vai lá chegar em breve. Foi um treinador de projeto, que assinou por dois anos no Paredes. É um treinador com muita qualidade, muito estudioso, prepara muito bem as equipas e preocupa-se sempre com o grupo. Sem dúvida que é um dos grandes obreiros desta subida.»

«Há potencial para chegar a outros patamares»

Com a presença assegurada no terceiro escalão nacional para a próxima temporada, Tarantini aponta ao contrato para garantir a sua continuidade no clube. De resto, o timoneiro do clube já prepara 2025/26. «Vamos tentar construir uma equipa competitiva para podermos fazer um campeonato tranquilo e cimentarmos a posição do Paredes na Liga 3», vinca.

«Queremos fazer um ano tranquilo, um ano no qual apontaremos à manutenção. Queremos também continuar a estruturar e a profissionalizar o clube porque há muito por onde crescer: a nível de infraestruturas, de pessoas e departamentos para aí sim, em três anos, chegarmos ao futebol profissional. É esse o objetivo», confirma Rui Caetano.

A longo prazo, o dirigente do Paredes aponta às ligas profissionais: «A sonhar, temos de sonhar sempre muito alto. É um clube com adeptos muito apaixonados e com infraestruturas que têm potencial para chegar a outro patamar. Eu acredito que, em sete ou oito anos, podemos chegar à Primeira Liga

Apesar de concordar com este sentimento, Tarantini deixa um aviso à direção do Paredes: «Olhando para aquilo que eu conheço da Primeira Liga, acho que o clube tem uma margem ainda muito grande para crescer. Agora tudo vai depender também das decisões que forem tomadas pelas pessoas que estão à frente do clube porque esse patamar implica mais investimento.»

Com estas duas figuras nos comandos do clube, iremos ver o Paredes a escalar a pirâmide do futebol nacional?

*por Henrique Martins

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