O Clube Atlético Mineiro é Tricampeão Brasileiro!!! | OneFootball

Por Betinho Marques e Hugo Fralodeo

Após a longa espera, o Atleticano pode comemorar a terceira estrela! Nesta sexta-feira (25/8), a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) homologou a equivalência do título do Torneio dos Campeões de 1937 ao atual Campeonato Brasileiro, oficializando o Atlético como tricampeão nacional, que, consequentemente, volta a ser o primeiro campeão brasileiro da história.

Linha do tempo

Em dezembro de 2021, logo após a conquista do Brasileirão, o presidente Sérgio Coelho manifestou o interesse no reconhecimento do título de Campeão dos Campeões de 1937 como título de Campeão Brasileiro. Posteriormente, o Clube preparou e enviou à CBF um dossiê contendo todos os argumentos, evidências, dados de jornais da época, além de todo embasamento jurídico necessário ao pleito.

Contudo, entre idas e vindas, após a substituição de vários diretores da CBF, entre eles a diretoria jurídica – que detém o poder de decisão -, a história aos novos gestores e, por isso, a deliberação que era esperada para o fim de abril de 2022 não aconteceu.

Meses depois, já no início do último mês de novembro, o Diretor de Comunicações da CBF revelou ao FalaGalo que, devido à concentração na disputa da Copa do Mundo do Catar, o pleito do Atlético só seria apreciado em 2023. Agora, após 20 meses de expectativa, uma reunião na sede da Confederação realizada na tarde desta sexta-feira (25), no Rio de Janeiro, entre diretores da entidade máxima do futebol nacional e membros do conselho gestor do Clube, terminou com a homologação do pleito.

O Torneio dos Campeões do Brasil

O Torneio dos Campeões do Brasil foi um campeonato organizado pela Federação Brasileira de Football (FBF) – associação de futebol federal considerada a primeira associação de futebol profissional no país -, que contou com a participação de seis times profissionais de seis estados: Atlético (campeão mineiro de 1936), Fluminense (campeão carioca), Portuguesa (campeã paulista), Rio Branco (campeão capixaba), Aliança-RJ (campeão campista) e a Liga de Sports da Marinha-DF.

No formato de disputa, duas fases preliminares levaram o Rio Branco – que se classificou ao derrotar a LSM, que havia batido o Aliança na primeira fase – ao grupo final, quando Atlético, Fluminense e Portuguesa entraram na disputa.

Na fase final, os quatro times restantes se enfrentaram em turno e returno, e o Atlético se consagrou campeão, no dia 14 de fevereiro de 1937, ao somar 9 pontos, conquistados em quatro vitórias, um empate – com o Rio Branco, na segunda rodada – e uma derrota – sofrida para o Fluminense, na estreia – (18 gols marcados e 11 gols sofridos).

13/1/1937 – Fluminense 6 x 0 Atlético 17/1/1937 – Rio Branco 1 x 1 Atlético 24/1/1937 – Atlético 5 x 0 Portuguesa 31/1/1937 – Atlético 4 x 1 Fluminense 3/2/1937 – Atlético 5 x 1 Rio Branco 14/2/1937 – Portuguesa 2 x 3 Atlético

O primeiro esquadrão do Atlético

O time campeão contava com grandes lendas da história do Clube, como o histórico goleiro Kafunga, o atacante Paulista (artilheiro da competição com nove gols), além do quarto maior artilheiro da história do Clube e o atacante Guará, sendo esse considerado o primeiro grande esquadrão Alvinegro.

Os primeiros Campeões Brasileiros:

Kafunfa; Florindo e Quim; Zezé Procópio, Lola e Bala; Paulista, Alfredo Bernardino (Bazzoni), Guará, Nicola e Resende (Elair). Técnico: Floriano Peixoto

A repercussão

Na época, os principais jornais em circulação no país trataram o Atlético como o primeiro campeão nacional.

Capa do jornal ‘Estado de Minas’ de fevereiro de 1937

Jornal ‘O Globo’ destaca o título do Atlético

Capa do ‘Jornal dos Sports’ de 14 de fevereiro de 1937

Posteriormente, em dezembro de 1950, antes da partida contra o Stade de Français, no Parc de Princes, em Paris, o Le Monde trouxe em seu caderno de esportes a manchete que apresentava o jogo dos franceses contra o campeão brasileiro.

Trecho jo jornal francês ‘Le Monde’ de dezembro de 1950

Conquista eternizada no hino

Presente no premiado hino de Vicente Motta, o termo forte que é entoado pela Massa vem da competição entre campeões estaduais da região sudeste. Nós somos os campeões dos campeões!

Os ingredientes da história

No ano que o Brasileirão homenageia Pelé, o atleta do século, o Atlético terá contra o Santos seu jogo inaugural no próximo domingo. Mais ainda, o time que Dondinho, pai do craque, sonhou dar prosseguimento à carreira foi o Alvinegro das Alterosas. Dondinho não seguiu no sonho de atleta. Após uma lesão no joelho, na partida contra o São Cristóvão, no estádio Antônio Carlos, os planos mudaram, mas naquele mesmo ano, em 1940, nasceria o maior jogador do futebol mundial.

Do pó ao pó. No Estádio Antônio Carlos, que já não existe, o Galo teve seu primeiro estádio. Mesmo assim, o estadinho propiciou a construção da Arena MRV e, às vésperas desse “recomeçar”, ele ainda pode, através da justiça histórica, ser lembrado pelas três goleadas que impulsionaram o primeiro CAMPEÃO Brasileiro a se consolidar no ano de 1937, o grande Campeão dos Campeões.

Uma última observação: mesmo sendo inevitável, até pela necessidade de sinônimos, os leitores devem ter percebido que evitamos escrever Galo no texto acima. Na verdade, isso se deveu ao fato de que, na época do título de Campeão dos Campeões, o mascote “Galo” ainda não tinha sido correlacionado ao Clube. De fato, só aconteceu a popularização com pujança após o primeiro Tricampeonato Mineiro do Atlético em 1954, no esquadrão liderado pelo histórico Zé do Monte, depois de ser estilizado pelo grande chargista Mangabeira em 1945!