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Zerozero

·7 juin 2025

Munique não esquece o massacre de 72, mas sonha com nova oportunidade Olímpica

Image de l'article :Munique não esquece o massacre de 72, mas sonha com nova oportunidade Olímpica

Pode a cidade que recebeu a maior tragédia da história da competição ser novamente anfitriã dos Jogos Olímpicos? Deve sê-lo? Munique debateu-se com essas questões ao longo da última década, até decidir avançar.

O massacre de Munique 1972 ainda vive na memória da cidade, pelo que uma nova candidatura não serve como tentativa de apagar a história. É preciso honrá-la, sem a usar como um instrumento. Um limbo difícil, mas os cinco anéis falam mais alto.


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Na Alemanha para o acompanhamento da Liga das Nações, que contará com Portugal na grande final de domingo, o zerozero caminhou pelo parque olímpico da cidade e o seu inconfundível estádio, passando o olhar sobre o passado e o futuro.

O trágico 5 de setembro de 1972

A promessa era que fossem os Jogos da Paz. Uma redenção da Alemanha aos olhos de todo o mundo. Acabou por ser o oposto.

Antes de terrorismo estar no léxico internacional, foi um massacre, transmitido em direto internacionalmente, que tirou o desporto do centro das atenções. De repente, os Jogos Olímpicos eram palco para o renovar de traumas coletivos.

A história é conhecida pela maioria, mas tentaremos, de forma breve, recordá-la. Na madrugada do quinto dia de setembro de 1972, onze atletas e treinadores da delegação israelita foram feitos reféns em plena vila olímpica. O que se seguiu foram 20 horas de tensão, em transmissão televisiva, concluídas numa tentativa falhada de resgate. Morreram cinco dos oito terroristas, um polícia alemão e… todos os reféns.

Não faltam relatórios e documentários acerca deste momento incontornável da história olímpica. Até hollywood contou mais do que uma vez a história em narrativas romantizadas: «Munich» (2005), de Spielberg, deu um toque de ação; «September 5» (2024) é um drama e conta a história do ponto de vista dos responsáveis pela transmissão televisiva que acompanhou a tragédia.

Queremos com isto dizer que foi um dia marcante. Os oito responsáveis pela tragédia pertenciam a um grupo terrorista palestiniano, mas isso não ilibava a Alemanha e o seu povo de uma sensação de culpa, especialmente quando a organização dos Olímpicos fazia parte de uma estratégia de redenção aos olhos do mundo. A ferida ainda está aberta.


Jogos de regresso a Munique?

Além de Munique, os Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936, foram pouco mais do que um instrumento de propaganda nazi. A tal necessidade de redenção em 1972 partiu um pouco daí, e como Munique foi um fracasso nesse departamento, é natural que a Alemanha ainda queira receber uma edição feliz do evento, del legendas nem asteriscos.

Com olhos nas edições de 2036, 2040 ou 2044, a Alemanha começou a analisar uma potencial candidatura. Chegou a estar em cima da mesa uma candidatura conjunta com Israel! Munique, Berlim, Hamburgo e a região de Rhine-Ruhr são opções e já apresentaram os seus conceitos à Federação Olímpica Alemã (DOSB), sendo que Munique parece ser, nesta altura, o favorito, tendo naturalmente o apoio da maior região do país.

«A Bavária apoia Munique na sua candidatura e considera a mesma excelente. Não envergonhará a Alemanha - muito pelo contrário. Apresentará uma boa imagem e honra», disse Markus Söder, primeiro-ministro bávaro. Também o prefeito de Munique (Dieter Reiter) patrocinou a candidatura, mas os residentes terão uma palavra a dizer, já que foi marcado para outubro um referendo local.

Para convencer os residentes da cidade, vale um conceito que promete construção para lá do desporto, colocando o foco em melhorias urbanas com impacto a longo-prazo. A mensagem é de sustentabilidade e olhando para a forma como as infraestruturas de 1972 envelheceram, é fácil acreditar no projeto.

O reaproveitamento do Olympiapark

Foi para visitar a Allianz Arena - onde se jogou a meia-final e jogará a final da Liga das Nações - que o zerozero viajou até Munique. E o estádio construído para o Mundial de 2006 é realmente brilhante (literalmente!), por isso pedimos que não nos leve a mal quando dizemos que o Olympiastadion nos conquistou o coração.

Como a beleza é subjetiva, digamos apenas que não nos surpreende que tenha sido merecedor de receber finais de Campeonatos do Mundo (1974) e da Europa (1988). É a peça central de um Olympiapark que não caiu em desuso, sendo um marco turístico da cidade de Munique e espaço ideal para receber festivais, concertos e feiras, além de competições desportivas. Tem-nas recebido diariamente ao longo das últimas décadas.

E o vibrante Olympiapark é parte do motivo para a candidatura de Munique se assentar em sustentabilidade. Sendo as infraestruturas bem conservadas, tanto a nível funcional como estético, a cidade teria apenas de trabalhar numa pequena expansão, em contraste com os megalómanos investimentos de outros projetos. Os recentes Jogos Olímpicos de Paris seguiram uma filosofia semelhante.

A atual versão de Munique é mais funcional, segura, verde e multicultural. Se tiver a capacidade (logística e emocional) para receber novamente o maior evento desportivo do mundo, então não será o passado a colocar-se no caminho.

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