Hugogil.pt
·10 juillet 2025
Gravação partilhada com jornalistas levanta questões legais

In partnership with
Yahoo sportsHugogil.pt
·10 juillet 2025
Cristóvão Carvalho, candidato à presidência do Sport Lisboa e Benfica, foi o convidado do mais recente episódio do podcast “Mata-Mata”. Ao longo de quase três horas de entrevista — que recomendamos vivamente que os Benfiquistas assistam na íntegra — o candidato abordou vários temas com profundidade, sem fugir a questões polémicas como a expulsão do ex-presidente Luís Filipe Vieira.
No entanto, como é hábito entre os que operam dentro da bolha do X (antigo Twitter), um pequeno excerto foi retirado do seu contexto e usado para alimentar a polémica — e, como se esperava, seguiu-se a habitual onda de insultos e desinformação.
Mais preocupante, porém, é o comportamento do próprio responsável de campanha de João Noronha Lopes. Num comentário público, admitiu ter recebido e enviado para jornalistas um áudio de um sócio, alegadamente gravado após uma alegada agressão verbal por parte do então presidente do clube. Disse mesmo:
“o Manel, que não me conhecia pessoalmente, enviou-me um áudio em que se percebia de forma suficientemente clara a agressão verbal que tinha ocorrido, no caso pelo então presidente do clube. O relato do Manel foi detalhado e nada no comportamento dele me levou a crer que estivesse a fabricar uma história. Partilhei esse áudio com jornalistas”
Ora, importa esclarecer: a partilha de áudios ou imagens gravadas em contextos internos do clube está longe de ser uma questão banal ou inofensiva. Existem normas e princípios fundamentais — legais e estatutários — que não podem ser ignorados.
Embora os Estatutos do Benfica não contenham uma proibição expressa de gravações em Assembleias Gerais ou outras reuniões internas, a sua interpretação obriga a ter em conta princípios de reserva da vida privada, proteção de dados e dignidade dos intervenientes. Para além disso:
A partilha de um áudio com a comunicação social, sem consentimento e sem autorização formal, configura uma violação grave.
Não é possível esquecer que, em situações anteriores, os mesmos que hoje se calam — ou até aplaudem — foram rápidos a criticar sócios por alegadamente estarem a filmar Assembleias Gerais e partilhar conteúdos com a imprensa. A coerência é exigida a todos, especialmente em contexto eleitoral.
Se antes se pedia respeito pelas normas internas, pelo sigilo dos processos e pela proteção institucional do Benfica, hoje não pode “valer tudo” só porque se trata de outro candidato ou de uma narrativa conveniente.
Cristóvão Carvalho tem sido alvo de ataques orquestrados por setores que preferem intoxicar a discussão em vez de promover um debate sério. Mas mais grave do que os insultos é a banalização da legalidade e da ética por quem deveria dar o exemplo.
Que este episódio sirva para levantar uma reflexão: que tipo de campanha querem os Benfiquistas até outubro? Uma de seriedade, com propostas e debate… ou uma em que vale tudo, desde a manipulação até à quebra de regras internas?