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·4 avril 2023

Goleador da Serie A era «pouco comprometido» em Portugal: a história de M’Bala Nzola

Image de l'article :Goleador da Serie A era «pouco comprometido» em Portugal: a história de M’Bala Nzola

*com Miguel Freitas

Provavelmente o nome M'Bala Nzola pouco diz à maioria dos adeptos do futebol português, mas uma das surpresas do campeonato italiano tem ligações relativamente recentes ao nosso país, onde chegou em 2014/15, pela porta da Académica OAF.


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O avançado, que tem dupla nacionalidade - angolana e francesa -, é um dos melhores marcadores da Serie A com 12 golos em 23 encontros disputados até agora. Com 26 anos, o ponta de lança vai fazendo a sua melhor época da carreira em termos de números, mas para lá chegar, passou por diferentes escalões, equipas e países.

A aventura contou com vários capítulos, uns correram melhor do que outros, mas o sucesso está à vista de todos: tornou-se numa das sensações da temporada de um dos melhores campeonatos do mundo, ainda para mais numa equipa que luta para se manter na Serie A. Mas como foi o caminho até chegar a este estatuto? O zerozero foi atrás das respostas por quem lida e lidou de perto com o jogador.

Uma (curta) experiência portuguesa

Recuemos no tempo. M'Bala Nzola começou a sua aventura no futebol através do Troyes, equipa francesa da cidade que o viu nascer. Ainda assim, não foi aí que continuou a sua formação, pois em 2014 veio para Portugal, através da Académica. Inclusive, estreou-se pelo conjunto principal, conseguindo marcar no Estádio do Dragão, diante do FC Porto, num encontro da Taça da Liga, em 2015.

No ano seguinte, foi para o Sertanense, onde deu nas vistas com 9 golos em 27 jogos. Sérgio Gaminha, o seu primeiro treinador no clube da Sertã, foi quem o levou para o emblema do Campeonato de Portugal, que acabou em quarto lugar da Manutenção Série F.

«Estivemos juntos durante meio ano, pois saí do clube em dezembro. Lembro-me dele nos juniores da Briosa, pois sou de Coimbra e foi aí que o conheci. Percebi que a Académica, na altura, para continuar com ele, tinha de pagar 50 a 100 mil de direitos de formação. Não achava o valor assim tão elevado, tendo em conta o potencial do jogador. Falei com o empresário dele, que me comunicou que não iam pagar esses direitos de formação e ia ficar livre», começou por referir, em conversa com o zerozero.

«Usufruímos do jogador do ponto de vista desportivo e rapidamente se tornou uma mais valia. Fazia a diferença devido à estrutura física, que já era igual à de hoje. Tinha um pé esquerdo fantástico, era rápido e tinha uma capacidade de remate acima da média», acrescentou.

Ainda assim, o ponta de lança teve alguns problemas relacionados... com a sua postura dentro de campo. Apesar de ter assumido protagonismo como o melhor marcador da equipa nessa temporada, o angolano provocou algumas dores de cabeças ao técnico.

«Na altura, jogávamos em 3-5-2 e ele era um dos dois jogadores do ataque. No entanto, não era um atleta rigoroso do ponto de vista tático e era complicado dar-lhe tarefas de cariz defensivo. Além disso, era pouco comprometido com o coletivo, nos treinos e no dia a dia. Ele sabia que tinha um potencial acima da média e se fosse mais dedicado, em pouco tempo, ia chegar à Primeira Liga Portuguesa», disse.

«Era um atleta que precisava que o clube perdesse algum tempo para lhe fazer perceber qual era o caminho certo. Ele sentia isso e não negava que a culpa não era dele, simplesmente precisava de ser mais focado no seu trabalho», afirmou.

Golos, estreias e possíveis aventuras de renome

Findada a época em solo português, seguiu-se um voo até Itália, ao serviço do Virtus Francavilla, emblema que militava no terceiro escalão. Ainda que tenha sido a sua primeira experiência em Itália, M'Bala Nzola voltou-se a destacar com o que melhor sabia fazer: marcar golos!

Com 13 remates certeiros em 39 partidas, o angolano subiu um patamar, desta vez para o Carpi, da Serie B. Ao contrário das últimas experiências, a aventura não correu de feição, pois, na segunda época, acabou emprestado ao Trapani, por quem assinou contrato.

Mas foi no Spezia, um ano findado, onde encontrou a sua casa. Chegou, numa primeira instância, proveniente no âmbito de uma cedência temporária, e em 2020 vinculou-se contratualmente com os aquilotti. Atualmente na sua terceira época ao serviço do Spezia, o angolano está a rebentar tudo no campeonato italiano.

25 jogos, 14 golos e três assistências em 2022/23 resumem o trajeto do avançado, que já foi, inclusive, apontado à Roma de José Mourinho. Ainda que as coisas estejam a correr francamente bem, o ponta de lança não se livrou de um episódio insólito, onde teve de ser substituído... dez minutos depois de ter entrado, pois não conseguiu tirar... os brincos.

Brincadeiras à parte, M'Bala Nzola conseguiu, em 2021, estrear-se nos convocados da Seleção Angolana, por mão de Pedro Soares Gonçalves, que o apelidou como «grande valia» para a equipa.

«É uma pessoa reservada e tímida e isso até causa alguma estranheza porque, fisicamente, não é assim. É dotado de um poderio físico pouco frequente para um jogador de futebol e tem conseguido complementar isso com a finalização», começou por dizer o Selecionador Angolano, em conversa com o zerozero.

«Isso não lhe tira o foco e a vontade de triunfar, mas acaba por ser um pouco diferente comparativamente aos atletas angolanos no que toca a esses traço de personalidade. No entanto, um dos nossos principais objetivos passa por reunir todas as diferenças e sermos um só», acrescentou.

Apesar de não falar português quando chegou aos Palancas Negras [nasceu em Troyes, França], o ponta de lança, com o tempo, tem «feito um esforço para se expressar melhor com os colegas, algo que já foi conseguindo com mais facilidade», ajudando na sua integração.

Tempo. Exatamente. O tempo passa a correr e o que reserva o futuro para M'Bala Nzola? «Tem um potencial tremendo. O maior desafio para ele é manter a regularidade e consistência, pois, se o conseguir fazer, acredito que possa dar o salto para uma equipa de topo do futebol europeu.»

Com o seu contrato a terminar em julho deste ano, M'Bala Nzola vai ser um dos mais alvos mais apetecíveis para os principais clubes europeus que procurem um jogador com estas caraterísticas. Da Académica e do Sertanense para o Mundo!

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