MundoBola Flamengo
·26 février 2025
Fisioterapeutas temem retorno precoce de Pedro
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·26 février 2025
Para os torcedores, que querem ver Pedro em campo o mais rápido possível, as últimas informações são ótimas. Mas a previsão de retorno aos gramados preocupa os profissionais de fisioterapia.
Pedro já faz trabalhos de recondicionamento físico no Ninho do Urubu. A ideia é que o jogador possa voltar entre o fim de março e o início de abril.
Pedro sofreu uma ruptura no Ligamento Cruzado Anterior do joelho esquerdo no início de setembro. A previsão estipulada significaria que o tempo de recuperação seria de seis a sete meses.
A notícia anima os torcedores, já que Pedro estaria voltando antes do período estipulado de nove meses. Mas os fisioterapeutas afirmam que seria muito importante completar os nove meses longe das atividades físicas.
O MundoBola Flamengo conversou com dois profissionais da área para entender os riscos, e o temor é o mesmo: uma nova lesão futura. Hector Pelerano e Vinícius Badaue dissertam, enxergando o clube assumir um risco.
Vinícius Badaue destaca os estudos mais recentes sobre o assunto. De acordo com o profissional, embasado nas pesquisas, o protocolo indica o tempo mínimo de nove meses. Antes disso, o jogador pode voltar a sofrer lesões.
"Existe um protocolo, onde o retorno ao esporte do atleta de alta performance após romper o Ligamento Cruzado Anterior é de nove meses. Voltando antes disso, a chance de uma nova lesão é muito grande. Já aconteceu, sim, de atletas voltarem antes, terem um período mais curto de recuperação. Mas a chance de ter uma nova lesão é maior quando não se cumpre esse período", afirma.
Hector Pelerano segue caminho parecido ao se basear na literatura. Seus conhecimentos o fazem perceber que o retorno em seis meses pode ser precipitado.
"O prazo que estão dando é muito precipitado. Hoje em dia, a literatura científica mostra para a gente que o seguro, mais correto, do atleta voltar após uma cirurgia de reconstrução do Ligamento Cruzado Anterior são nove meses. Voltar antes disso, tem riscos futuros para o atleta. Riscos que envolvem desde uma nova ruptura do ligamento, do enxerto que foi colocado no lugar do ligamento rompido, até lesão desse mesmo ligamento no lado oposto. Ou seja, no outro joelho. E lesões musculares precoces", destaca Hector.
Vinícius indica já ter observado outras situações em que isso aconteceu. No entanto, o medo é de que Pedro possa voltar a se lesionar futuramente por um retorno precoce.
"Esse tempo, de seis a sete meses, é até possível. Eu já atendi, já vi voltar. Mas aumenta o risco de uma nova lesão. É um tempo que a gente diz que é necessário, porque existe todo um contexto dentro do tratamento. Força, velocidade, estabilidade, retorno aos movimentos do esporte em si. Mas os estudos mostram que tem que ter, pelo menos, nove meses de pós-operatório", comenta.
A explicação do fisioterapeuta pode ser observada no caso de Éder Militão, por exemplo. O zagueiro brasileiro do Real Madrid se lesionou em meados de agosto de 2023, rompendo o mesmo Ligamento Cruzado Anterior.
Militão voltou a jogar em sete meses, retornando no início de abril de 2024. Desde então, o atleta voltou a ter alguns problemas físicos, além de lesionar o LCA oposto.
O histórico de lesões do atleta no Transfermarkt mostra que, em setembro de 2024, ele teve alguns problemas musculares.
A situação não parecia grave, mas em outubro, Militão teve constatada uma lesão muscular. Até aí, pode não ter relação com a LCA de 2023.
Mas Éder Militão voltou a romper o Ligamento Cruzado Anterior em novembro. A nova previsão de retorno do jogador, que não entra em campo desde então, é para agosto desse ano. Ou seja, completando, finalmente, os nove meses de recuperação.
Dessa vez, o ligamento rompido foi o oposto, no joelho direito. Exatamente como explicado pelos fisioterapeutas entrevistados pelo MundoBola.
"O temor é ter uma nova lesão, e ainda poder lesionar outro membro. Existe essa chance. Os atletas que lesionam um membro, tem uma chance maior de lesionar o membro oposto do que atletas que nunca lesionaram o Ligamento Cruzado Anterior", afirma Vinícius.
Se Pedro pode se mexer, correr a praticar atividades físicas, o torcedor pode se perguntar o motivo de ter que esperar nove meses. Hector esclarece sobre isso.
O fisioterapeuta aponta imprudência do clube caso, de fato, coloque Pedro em campo com sete meses de recuperação. Isso porque o tempo de maturação do enxerto, que fica no lugar do Ligamento rompido, é crucial para que o atacante não volte a ter problemas.
"Existe possibilidade dele voltar aos gramados nesse prazo que estão estipulando, mas seria imprudente. Com seis meses, o enxerto, no lugar do ligamento, tem um tipo de maturação. O adequado é ter mais tempo para que essa maturação avance, e o enxerto colocado no lugar do ligamento possa, realmente, se tornar um ligamento e fazer a função adequada de um ligamento. Por isso que o tempo é importante", conta.
É importante que a força e a velocidade também estejam alinhadas com a maturação do enxerto.
"Existem outras métricas que a gente usa durante o processo de reabilitação, como força muscular e alguns testes funcionais de saltos. Dão para a gente um bom parâmetro para o retorno do atleta. Mas o tempo é muito importante. O atleta precisa estar com a força muscular adequada, com o tempo de maturação desse enxerto, para que ele volte de maneira segura", explica.
O fisioterapeuta indica que Pedro pode estar bem em todos os outros aspectos, mas não há como alterar o tempo para essa maturação.
"Dentro do protocolo de reabilitação, existem alguns fatores que envolvem tempo, força muscular adequada e envolve testes funcionais para que esse paciente esteja apto a retornar. Digamos que nesses seis meses, ele esteja com a força muscular e os testes funcionais ok. Mas ele não vai vencer o tempo. O tempo é importante pela maturação do enxerto", complementa.
Com nove meses de recuperação, a chance de uma nova lesão diminui.
"O ideal é que ele vença todas essas etapas para voltar da maneira mais segura possível. Os estudos mostram para a gente que a partir do sexto mês, quando o atleta retorna a prática desportiva e competitiva, existe uma chance maior dele ter lesões do que voltar a partir do nono mês. De seis a nove meses, existem muitos riscos que considero que não valem a pena. A partir do nono mês, é bem mais seguro. Não que ele não possa ter uma nova lesão, mas a chance é bem menor", finaliza Hector.