FC Porto conquistou Taça Intercontinental há 20 anos: «Foi o melhor momento da minha carreira» | OneFootball

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·12 décembre 2024

FC Porto conquistou Taça Intercontinental há 20 anos: «Foi o melhor momento da minha carreira»

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«Numa final só é lembrado quem ganha e não quem perde»

1987 foi épico, mas 2004 foi a confirmação: no dia 12/12/2004, o FC Porto consagrou-se campeão da Taça Intercontinental [n.d.r: prova que, a partir de 2005, passou a designar-se como Campeonato do Mundo de Clubes] pela segunda vez e agigantou-se (ainda mais) no panorama Mundial.

O feito dos azuis e brancos completa, esta quinta-feira, 20 anos e o zerozero aproveitou o registo para rememorar um dos triunfos mais impactantes da história recente do futebol portista/português.


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Em Yokohama (Japão) - perante 60 mil pessoas -, o conjunto orientado por Víctor Fernández viveu uma final tensa, recheada de «peripécias» e patenteada pelos altos e baixos de 120 minutos que terminaram sem golos. O 0-0 obrigou os dragões a triunfar da marca dos 11 metros, lugar de «conforto» para o adversário.

Foi, de resto, nesse momento específico do jogo onde o Once Caldas, da Colômbia - campeão da Libertadores (2004) -, conquistou a América do Sul. Juan Carlos Henao - guardião colombiano - era especialista, mas nem o tiro ao poste de Maniche roubou a fé do FC Porto, que repetiu a façanha de 87 (8-7 g.p).

O médio até foi o MVP da partida, contudo, foi Pedro Emanuel o responsável por disparar o penálti que levou o mundo azul e branco à loucura. Focado, alheado dos apupos, do barulho e das tentativas de desconcentração de Henao, Pedro disparou rasteiro, forte e transformou-se num dos grandes heróis do FC Porto.

Em conversa com o nosso portal, o ex-central recordou os momentos que antecederam o jogo, os 120 minutos «tensos» e o «melhor momento da sua carreira.»

«O que aconteceu ao Vítor Baía abalou-nos»

«Antes de mais, fico muito orgulhoso por estar ligado a um momento tão importante na história do FC Porto», introduziu o ex-central dos azuis e brancos, antes de folhear um dos capítulos de maior sucesso na sua carreira futebolística.

Assim foi: há 20 anos, no Japão - a mais de 14372 quilómetros de «casa» - o Dragão foi feliz. Mas antes da euforia, uma viagem demorada, cansativa e «preocupante» para a comitiva do clube.

«A viagem foi sem dúvida uma preocupação do clube. Viajámos pouco tempo depois do jogo da Champions - contra o Chelsea - e aproveitamos esse tempo - antes do jogo - precisamente para nos conseguirmos habituar ao jetlag, porque foram mesmo muitas horas de viagem, penso que foram umas 14 horas. Sentimos um grande impacto, sem dúvida, mas o facto de termos conseguido viajar um pouco mais cedo ajudou», explicou.

Apenas cinco dias depois de receber o emblema londrino na Invicta, o FC Porto jogou a partida mais importante da temporada. Importante pelo impacto do duelo a nível Mundial, mas também pela possibilidade de colocar o clube/cidade no mapa, mais uma vez. Para Pedro Emanuel, apenas uma coisa pairava na cabeça: «vencer.»

«Sabemos que numa final só é lembrado quem ganha e não quem perde, portanto a nossa mentalidade nessa altura era muito forte e focada nisso. Também sabíamos de antemão que iríamos encontrar um adversário que eliminou equipas brasileiras com pergaminhos, que sabia o que era vencer nas grandes penalidades - fez por duas ocasiões na Libertadores -, mas entrámos no jogo convictos, fomos a equipa que sempre quis mais, com golos anulados... Enfim, fizemos um bom jogo, mas parecia que o golo estava a ser adiado e acabámos por ter de ir para os penáltis», relembrou.

«O próprio jogo teve algumas peripécias - desde logo pelo que aconteceu ao Vítor Baía [n.d.r: ex-guardião saiu da partida aos 103' com uma taquicardia], que acabou por abalar a equipa. Não só por ser o guarda-redes, mas também pelo estatuto que tinha e preponderância que tinha na equipa», acrescentou.

Apesar disso, Pedro Emanuel destacou a serenidade de Nuno Espírito Santo: «Nuno, ainda assim, entrou sereno, tranquilo e garantiu estabilidade. No entanto, não conseguimos a desejada vantagem no marcador e fomos para penáltis. E era exatamente o que o nosso adversário pretendia... principalmente o guarda-redes do Once Caldas [Juan Carlos Henao], que era perito em provocar os adversários nesse momento: o Diego que o diga [risos].»

De recordar que o médio foi expulso após faturar o penálti por palavras dirigidas ao guardião adversário, como contou nas suas redes sociais há um ano. Segundo Diego, tal ocorreu porque Juan o provocou com as seguintes palavras: «Vais errar! Eu vou ganhar novamente, não jogas nada!»

«Não podemos ter receio de ser felizes»

Pedro Emanuel, com os penáltis no caminho, assume que «houve uma grande tensão», mas «confiança total», mesmo depois de Maniche falhar o penálti.

«Nós estávamos 50/50 nos penáltis, ainda para mais contra um especialista nestas situações, mas sempre confiantes. Mesmo no momento em que o Maniche falha o penálti, sentimos sempre capacidade e força para dar a volta à situação», elucidou, recordando o momento da decisiva grande penalidade.

«Não podemos ter receio de ser felizes: foi esse o sentimento que me invadiu e é algo que digo muito aos meus jogadores, agora enquanto treinador. É lógico que quando chega a nossa hora de bater o penálti há aquela tensão. Ainda para mais, quando bati, foi num momento decisivo em que deve aparecer quem está mais confiante. Tocou-me a mim dar esse passo em frente e nunca me esqueço do sentimento: foi o melhor momento da minha carreira, do ponto de vista individual. Estar ligado à última Taça naquele formato deixa-me muito orgulhoso», conta.

Penálti concretizado e uma descarga de emoções ímpares no relvado de Yokohama. Os dragões tornaram-se, pela segunda vez na história, campeões do Mundo. Na hora de celebrar, Pedro Emanuel recorda alguns momentos curiosos e um «brincalhão nato»: Carlos Alberto

«Tenho muitas memórias da festa após a conquista. Tínhamos muitos brasileiros no plantel, um deles o Carlos Alberto: ele deitava os foguetes e depois ainda apanhava as canas [risos]. Era um brincalhão nato que, até na viagem de regresso, trouxe a sua pandeireta mítica que nós já estávamos fartos: bem queríamos descansar, mas só ouvíamos o Carlos que parecia ter pilhas infinitas. Tivemos de levar com ele durante toda a viagem [risos]», concluiu.

[N.d.r: Até ao momento, os dragões continuam a ser o único emblema português a sagrar-se campeão do Mundo]

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