
Gazeta Esportiva.com
·10 juillet 2025
Empresário que diz ter intermediado acordo com a VaideBet cobra R$ 8,4 milhões do Corinthians

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·10 juillet 2025
Nesta quinta-feira, o empresário Sandro dos Santos Ribeiro ingressou com uma ação judicial contra o Corinthians cobrando R$ 8,4 milhões sob a alegação de ter intermediado o contrato assinado pelo clube com a casa de apostas VaideBet. A informação foi publicada inicialmente pelo ge e confirmada pela Gazeta Esportiva.
No vínculo, o clube do Parque São Jorge atribuiu à intermediação do patrocínio à empresa Rede Social Media Design LTDA, de Alex Fernando André, conhecido como Alex Cassundé. O empresário teve participação ativa na campanha eleitoral de Augusto Melo no Corinthians.
O acordo com a VaideBet foi fechado no início do ano passado, mas foi rescindido pela empresa seis meses depois justamente pela suspeita acerca do pagamento da comissão. O caso culminou em um inquérito da Polícia Civil de São Paulo, que decidiu indiciar o presidente afastado Augusto Melo e outros três ex-dirigentes do clube (Sérgio Moura, Marcelo Mariano e Yun Ki Lee), além de Alex Cassundé.
O contrato estabelecia que a Rede Social Media Design teria direito a receber 7% do valor total do acordo entre o clube e a VaideBet, o que, à época da vigência da parceria, renderia, ao fim do período de três anos, R$ 25,2 milhões para a empresa. A quantia deveria ser repassada pelo clube em parcelas mensais de R$ 700 mil.
Os repasses, no entanto, foram interrompidos após o pagamento de duas parcelas, totalizando o valor de R$ 1,4 milhão.
Sandro dos Santos Ribeiro (último à direita), empresário que alega ter intermediado o contrato entre Corinthians e VaideBet (Foto: Reprodução)
A investigação policial, comandada pelo delegado Tiago Fernando Correia, do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC), apontou que Sandro dos Santos Ribeiro, Antônio Pereira dos Santos, o Toninho Duettos, e Washington de Araújo Silva, este último funcionário do Corinthians contratado por Augusto Melo, foram os verdadeiros intermediários do acordo. Na ação movida contra o clube alvinegro, ao qual a Gazeta Esportiva teve acesso, Sandro cobra um terço da comissão de 7% sobre a quantia total do contrato (R$ 360 milhões).
O QUE DIZ AUGUSTO MELO
A reportagem procurou Augusto Melo, que se manifestou por meio de sua assessoria. O presidente afastado do clube disse que “não tem nada a comentar sobre a ação” e voltou a falar que a assinatura do contrato com a VaideBet “seguiu todos os trâmites legais, respeitando rigorosamente a hierarquia administrativa do clube”. Veja abaixo, na íntegra, a nota enviada pelo mandatário:
“Não tenho nada a declarar sobre a referida ação, uma vez que o objeto do contrato é de natureza exclusivamente institucional, firmado entre o Corinthians e a empresa VaideBet, seguindo todos os trâmites legais e respeitando rigorosamente a hierarquia administrativa do clube, o que assegura a validade do ato jurídico praticado.
Sobre a pertinência da ação, repito que não me cabe comentar. O que reafirmo de forma veemente é a minha inocência quanto a qualquer imputação que me esteja sendo feita. Por esse motivo, já solicitei oficialmente a quebra do sigilo do meu processo criminal, justamente para que toda a sociedade tenha acesso aos autos, conheça os fatos reais e possa julgar com base na verdade, e não em especulações.
Sigo confiando plenamente na Justiça e, principalmente, na transparência como princípio fundamental da minha gestão.”
O QUE DIZ O CLUBE
A Gazeta Esportiva também procurou o Corinthians, que ainda não foi oficialmente notificado sobre o processo. O clube ainda não se pronunciou sobre o tema, mas, se houver alguma manifestação, a matéria será atualizada.
Armando Mendonça, por sua vez, vice-presidente interino do Timão, falou sobre a cobrança. “A ação é mais um prejuízo financeiro e para a imagem do Corinthians provocado pelo Augusto Melo. Entendo que ele e seus comparsas devam ser responsabilizados judicialmente. Os corintianos não podem deixar uma pessoa dessa voltar à presidência”, afirmou o dirigente em nota enviada à reportagem.
ENTENDA A INVESTIGAÇÃO POLICIAL
No “Despacho Fundamentado de Indiciamento”, com “Análise Técnico-Jurídica”, documento que resume os motivos que levaram a investigação a indiciar Augusto Melo e outras quatro pessoas, o delegado responsável pelo caso Tiago Fernando Correia, apresentou print de um vídeo gravado pelo presidente afastado do Corinthians com Sandro dos Santos Ribeiro, funcionário de Antônio Pereira dos Santos, o Toninho Duettos, no Hotel Tivoli, em São Paulo, local do encontro em que representantes do clube e da VaideBet concordaram em formalizar a parceria.
À Polícia, em oitiva, Augusto Melo negou que tivesse conhecido ou falado com Sandro, mas o vídeo foi recuperado e apresentado como prova. Aliás, Marcelo Mariano aparece na filmagem, logo atrás dos protagonistas.
(Foto: Reprodução)
O documento também expõe as ERB’s (Estação Rádio Base), equipamento que faz a conexão entre os telefones celulares e a rede da operadora, do telefone de Alex Cassundé e prova que o dono da Rede Social Media Design LTDA, entre os dias 9 e 31 de dezembro de 2023, em nenhum momento foi ao Parque São Jorge, ao contrário do que afirmaram Augusto Melo, Marcelo Mariano e Sérgio Moura nos depoimentos.
O delegado, por fim, conclui que Alex Cassundé não foi o intermediário do contrato e que a inserção dele foi feita de maneira artificial, por “ardilosa simulação” para que “recursos financeiros do clube fossem, ilegalmente, desviados – ou melhor, subtraídos”.
Tiago Fernando Correia ainda escreve que o quarteto (Augusto Melo, Marcelo Mariano, Sérgio Moura e Alex Cassundé) agiu de maneira “orquestrada e criminosa” para afastar do negócio “aqueles que realmente contribuíram para a sua existência e êxito”, com o intuito de que os valores fossem “atribuídos ao fictício intermediário, no caso, Alex Fernando André”.
Segundo a Polícia, Antônio Pereira dos Santos, o Toninho Duettos, Sandro dos Santos e Washington de Araújo Silva, este último funcionário do Corinthians contratado por Augusto Melo, “foram as pessoas que, efetivamente, aproximaram a VaideBet do centenário Clube do Parque São Jorge”.
Os investigadores também notaram, comprovaram e estranharam o fato de que Alex Cassundé não registrou qualquer Boletim de Ocorrência após, em tese, ter perdido R$ 1 milhão no caso em que ele se colocou vítima de um golpe. Mais que isso, Cassundé formatou o próprio celular, ou seja, apagou todas os registros do aparelho, no dia 30 de maio de 2024, justamente a data em que o inquérito policial teve início.
Cassundé, em outro momento, afirmou à Polícia que Maurício Manfran foi quem enviou a ele as informações sobre a Neoway Soluções Integradas, empresa fantasma para a qual ele repassou valores após ter recebido do Corinthians. A Polícia, no entanto, descobriu que Maurício morreu em 26 de abril de 2024, vítima, segundo a viúva, de uma doença degenerativa. Segundo relato da viúva, Maurício passou os últimos meses de vida com raras saídas do hospital.