Calciopédia
·18 septembre 2024
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O tradicional Bologna, que foi base da seleção italiana bicampeã do mundo em 1934 e 1938, e teve trajetória vitoriosa até a década de 1960, voltou à ribalta: o time voltou a disputar uma partida do maior torneio de clubes da Europa após 59 anos. Porém, este retorno não foi dos mais doces, apesar da festa nas arquibancadas do estádio Renato Dall’Ara. O sonolento empate por 0 a 0 com o Shakthar Donetsk, na noite chuvosa da capital da Emília-Romanha, não foi lá tão agradável – e evocou memórias ruins nos mais velhos.
Nesta quarta, 18 de setembro, o Bologna pode estrear na fase moderna da Champions League, gerações depois de sua única participação no modelo anterior da competição, quando ela ainda era chamada de Copa dos Campeões. Na ocasião, após uma derrota e uma vitória no confronto com o Anderlecht, ainda no primeiro estágio da competição, italianos e belgas fizeram um jogo extra no Camp Nou, em Barcelona. Após um 0 a 0, tal qual o resultado no Dall’Ara, a decisão ficou para o cara ou coroa – o regulamento da época não previa pênaltis. Os Mauves seguiram em frente e o time bolonhês, conhecido como “esquadrão que fazia o mundo tremer”, foi eliminado precocemente.
A volta do Bologna ao torneio continental foi destacada pelos jornais esportivos italianos, que chamaram a partida contra o Shakhtar Donetsk de a “noite do milagre”. Havia grande expectativa no ar, principalmente pelo fato de o time rossoblù fazer sua estreia em casa, com o apoio de sua apaixonada torcida, que lotara a Piazza Maggiore para comemorar a obtenção da quinta colocação da Serie A em 2023-24 – e, consequentemente, a a classificação ao torneio, devido à vaga extra que a Itália conseguiu por conta da liderança no ranking da Uefa naquela temporada.
No entanto, como o Bologna lidaria com a perda de seu treinador na intertemporada e de alguns de seus melhores jogadores na última janela de transferências? O zagueiro Calafiori e o atacante Zirkzee foram negociados com Arsenal e Manchester United, respectivamente. Além disso, o técnico Thiago Motta foi contratado pela Juventus.
Logo no início, o confiável goleiro Skorupski defendeu um pênalti e salvou o Bologna (Getty)
A perda de peças importantes gera, na torcida, o temor de um redimensionamento de expectativas, embora tenha sido o comandante que tenha elevado o nível de atletas que ainda não eram reconhecidos – e que fizeram os felsinei surpreenderem em 2023-24. O grande problema, até agora, é que Vincenzo Italiano, substituto do ítalo-brasileiro, não pareceu ter encontrado o caminho certo para ao menos se aproximar do nível de jogo proposto pelo antecessor. O Bologna ainda não venceu na Serie A e está à beira da zona de rebaixamento.
Contra o Shakhtar Donetsk, Italiano pode ver alguma evolução no time – mas não muita. Apesar de não estarem em sua melhor fase, os ucranianos entravam em campo com mais experiência no torneio continental, com 19 participações, sendo oito consecutivas, e vários jogadores acostumados aos palcos europeus, o que não é a regra no Bologna. Isso fazia com que as forças se equilibrassem, mas a balança ficasse ligeiramente pendida a favor dos visitantes, curiosamente vestidos com um uniforme amarelo e azul, e não o tradicional laranja e preto.
Esperava-se um jogo emocionante, mas o que se observou foi uma peleja bem morna, para dizer o mínimo. Logo aos 2 minutos, após um lançamento do campo de defesa, o atacante Eguinaldo – um dos sete brasileiros do Shakhtar Donetsk – sofreu um pênalti infantil do lateral-direito Posch, um daqueles que viram seu rendimento cair bruscamente após a troca de comando no Bologna. Para alívio dos bolonheses, o goleiro Skorupski segue como bastião do time e defendeu a cobrança de Sudakov, sem oferecer rebote.
O Bologna, mesmo após ter evitado o gol, ficava pouco com a bola. Após os 10 minutos, a partida esfriou drasticamente. Pouquíssimas chances foram criadas pelos italianos, que finalizaram a maior parte das jogadas para longe da meta do goleiro adversário e não encontravam espaços no campo. Apesar disso, o Shakhtar não se valia de sua característica força pelas laterais, não oferecia perigo ao time da casa e era pouco veloz em suas tomadas de decisão.
Fabbian teve ótima oportunidade no início do segundo tempo, mas não a aproveitou (Getty)
Jogando em casa, o Bologna precisaria se impor mais e ditar o ritmo do jogo. Tivemos uma partida muito arrastada e decepcionante na primeira etapa. Os rossoblù só foram levar perigo nos acréscimos, quando Ndoye deixou Castro em ótimas condições de finalizar. O argentino, porém, arrematou centralmente e parou em Riznyk.
O lance parece ter animado um pouco o time italiano, que demonstrou uma leve melhora na segunda etapa. Quase de imediato, aos 52 minutos, Moro apareceu numa bola alçada à área e escorou, de cabeça, para Fabbian: o meia ficou cara a cara com o goleiro Riznyk, mas preferiu encher o pé ao colocar com jeito e carimbou o peito do ucraniano.
O time da casa passou a tomar mais a iniciativa do jogo e criou outras duas grandes chances até os 61 minutos, com Ndoye e Castro. Do outro lado, continuava recuado o Shakhtar Donetsk, que colocou cinco de seus brasileiros em campo – o zagueiro Vinicius Tobias, o lateral-esquerdo Pedro Henrique, os meias Marlon Gomes e Newerton, e o já citado atacante Eguinaldo. Para os ucranianos era um bom resultado, por jogarem fora de seus domínios. E, na verdade, os visitantes souberam explorar a imprecisão e a falta de confiança dos italianos.
Nesse cenário, o ritmo da partida voltou a cair consideravelmente e não ocorreu mais nada digno de nota. A torcida do Bologna, que esperava um debute triunfal na fase moderna da Champions League, saiu do estádio frustrada. Para os mais pessimistas, o time ainda não voltou ao grande torneio europeu. O fato é que, na próxima rodada, os emilianos terão uma prova de fogo, já que irão a Anfield para enfrentarem o Liverpool, que fez 3 a 1 sobre o Milan. O Shakhtar Donetsk, por sua vez, manda seus jogos na Alemanha, em virtude da guerra na Ucrânia, e será o segundo adversário da Atalanta, que estreia nesta quinta.
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