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·6 mai 2025

Em encontro com imprensa, gestão do Corinthians se defende de rejeição das contas de 2024

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  1. Por Daniel Keppler / Redação da Central do Timão

Na manhã desta segunda-feira, 5, a diretoria do Corinthians promoveu um encontro no CT Joaquim Grava com setoristas do clube, onde foram apresentados detalhes sobre as contas de 2024, cuja rejeição pelos conselhos fiscalizadores, no fim de abril, culminou em um novo pedido de impeachment contra Augusto Melo, presidente do clube – o terceiro desde que assumiu.

Além do mandatário Alvinegro, estiveram presentes no encontro o auditor fiscal do clube Josué Lopes, o gerente financeiro Luiz Ricardo Alves, o “Seedorf”, e representantes da GF Brasil, empresa que assinou o parecer da auditoria das contas para o Alvinegro. A conversa durou cerca de três horas, com os jornalistas livres para fazer questionamentos a qualquer instante.


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Foto: Divulgação/Corinthians

Números e explicações

A reunião começou com uma apresentação das contas, com o financeiro do Corinthians detalhando números diversos e elencando o que considerou “ações positivas” da gestão, destacando os acordos formados junto à Câmara Nacional de Resolução de Disputas (CNRD) da CBF e o Regime Centralizado de Execuções (RCE).

Com relação a este último, o RCE, a diretoria atualizou o status do plano, informando que o mesmo segue em processo de avaliação por parte dos credores. No entanto, a gestão considera que o mesmo será aprovado, tendo inclusive projetado os valores anuais que deverão ser pagos.

Josué Lopes afirmou, ainda, que recebeu autonomia para acompanhar os setores do clube e monitorar os gastos, para que não ultrapassem o orçado – sem informar desde quando esse acompanhamento começou. “Não é caça às bruxas, é fazer um acompanhamento profissional das despesas”, disse.

Em seguida, a apresentação mostrou números do faturamento do Corinthians em 2024, destacando os R$ 264 milhões obtidos com patrocínios, cujas negociações Augusto Melo reivindicou para si: “Todas as negociações fui eu quem trouxe e encaminhei aos órgãos competentes. Sempre estive na linha de frente”, declarou.

Ao explicar as despesas, que aumentaram em relação a 2023, o financeiro corinthiano chamou atenção para o imbróglio envolvendo a Pixbet, antiga patrocinadora máster, afirmando que dos R$ 40 milhões devidos à empresa, R$ 20 milhões seriam relativos a um adiantamento pedido pela gestão de Duilio Monteiro Alves, que segundo a diretoria precisou ser devolvido pelo clube com a rescisão do contrato.

O clube também explicou o lançamento, como receita, de R$ 34 milhões relativos às doações de torcedores na campanha Doe Arena Corinthians. Segundo a apresentação, o contrato entre Caixa Econômica Federal e Gaviões da Fiel permite esta estratégia contábil. Além disso, segundo a gestão, lançar as doações dessa maneira permitiria que o clube “escape” de tributações sobre este valor. A Central do Timão voltará a tratar deste assunto em matéria posterior.

Na sequência, a apresentação focou no endividamento do clube, com a gestão reconhecendo o valor de R$ 2,568 bilhões como o total bruto devido pelo Corinthians. Além disso, a gestão reforçou a postura já defendida perante os órgãos fiscalizadores de atribuir R$ 191 milhões deste endividamento a “contingências” originadas em gestões anteriores, e alegar que o aumento da dívida no primeiro ano da gestão Augusto Melo foi de R$ 407 milhões.

Novos documentos

O financeiro corinthiano afirmou que encaminhou ao Conselho Fiscal (CF) documentos que embasariam esse posicionamento. Dois deles foram exibidos, apenas parcialmente, aos jornalistas: uma “legal opinion” do escritório Campos Mello e um parecer do contabilista Eliseu Martins, cuja contratação já havia sido confirmada anteriormente por Pedro Silveira, ex-diretor financeiro do clube. Não foi exibido o ofício onde o clube teria pedido a reabertura de contas ao CF.

Nos trechos do parecer exibidos aos jornalistas, Eliseu analisa as contingências apontadas pelo Corinthians e conclui que, dos R$ 191 milhões supostamente relativos às gestões passadas, R$ 86 milhões ensejariam uma reabertura do balanço de 2023, sendo, R$ 30 milhões referentes ao Profut e R$ 56 milhões referentes a provisões com fatos geradores anteriores a 2024.

A Central do Timão questionou o financeiro do clube a respeito dos outros R$ 105 milhões, não inclusos por Eliseu Martins na conclusão de seu parecer. Em resposta, a gestão afirmou que outros documentos sustentariam a versão de que tais valores também são de responsabilidade das gestões passadas, e por isso a proposta é de atribuir todos os R$ 191 milhões ao balanço de 2023. Não foi explicado, em detalhes, quais seriam estes outros documentos.

Desse total, que o especialista não inclui entre os valores a retificar no balanço de 2023, cerca de R$ 76 milhões são relativos a multas e juros de ISS (Imposto Sobre Serviços) de bilheteria. Na versão da diretoria, esse valor deveria constar nas contas passadas pois, embora o acordo tenha sido feito em junho de 2024 (na gestão Augusto Melo), a dívida seria de ciência do clube desde junho de 2023, por meio de um despacho do Conselho Municipal de Tributos, órgão administrativo da Prefeitura de São Paulo.

Nota da redação: horas depois da reunião, a Central do Timão questionou o Corinthians sobre o motivo pelo qual este acordo sobre as dívidas de ISS foi feito apenas em junho de 2024. Em resposta, a auditoria fiscal do clube afirmou que o mesmo foi celebrado no âmbito de uma campanha promovida pela Prefeitura de São Paulo (“Transação de Débitos Municipais”), cujo prazo de adesão teve início em 8 de dezembro de 2023 e terminou, após prorrogação, em 30 de junho de 2024. O clube aderiu dois dias antes do prazo expirar. Na visão de advogados consultados pela redação, o fato de o prazo para adesão se estender até 2024 justificaria, em tese, a não inclusão deste passivo no balanço de 2023.

Já os outros R$ 29 milhões são referentes a reclassificação de processos judiciais, atualização de outras demandas na Justiça com fato gerador anterior a 2024, e correções monetárias, e que por estes motivos, segundo a gestão, também não seriam de sua responsabilidade. Somando-se estes valores com os R$ 76 milhões de ISS, chega-se ao total de R$ 105 milhões que o parecer de Eliseu Martins não inclui no total a ser corrigido nas contas de 2023, em sua opinião profissional.

A gestão também foi questionada sobre uma informação apurada pela Central do Timão de que membros do financeiro alvinegro procuraram a RSM Brazil, antiga auditora do clube, para obter documentos sobre o balanço de 2023. A apuração foi confirmada pela diretoria, que ainda disse que a empresa poderá ser convocada durante o processo de reabertura das contas que o clube quer por em prática.

A diretoria rebateu afirmações dos conselhos Fiscal, de Orientação (CORI) e Deliberativo sobre estes não terem recebidos documentos junto com as prestações de contas de 2024. A gestão alega que todos os documentos sempre estiveram à disposição para “vistas”, bastando agendar um horário para tanto. Os órgãos, em contrapartida, afirmam que deveriam receber os documentos para análise, sem necessidade de qualquer solicitação ou agendamento.

Próximos passos

Por fim, a gestão detalhou a estratégia que pretende colocar em prática para comprovar seus pontos. A diretoria pretende convencer o Conselho Fiscal, com os pareceres citados acima e outros documentos não especificados na reunião, que existe mérito no pedido de reabertura das contas de 2023, e assim o CF recomende esta reabertura. Em seguida, o CORI também se manifestaria e, por fim, o CD votaria a autorização ou não da medida.

A reabertura das contas de 2023 do Corinthians é essencial para que a gestão tenha êxito na sua tentativa de reverter a rejeição do balanço de 2024. Isso pois, em um cenário onde a estratégia citada acima seja exitosa, influenciaria nos números de ambas as contas (2023 e 2024), forçando uma reanálise das mesmas nos órgãos do clube. Esse cenário, no entanto, ainda é hipotético, visto que todo o trâmite interno precisa ser atravessado pela gestão para que ela atinja seu objetivo.

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