
Calciopédia
·22 juin 2025
De virada, a Inter bateu o Urawa Reds e somou primeira vitória na Copa do Mundo de Clubes

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·22 juin 2025
A Inter conquistou sua primeira vitória na Copa do Mundo de Clubes de 2025, mas não sem sustos. Jogando em Seattle, no noroeste dos Estados Unidos, os nerazzurri precisaram suar até os acréscimos para virar sobre o Urawa Red Diamonds, vencendo os japoneses por 2 a 1, com gols dos argentinos Lautaro Martínez e Valentín Carboni. Com o placar, a equipe italiana chegou aos 4 pontos no Grupo E e, faltando apenas o duelo com o River Plate, ficou em boas condições de avançar às oitavas de final: precisa somente de um empate na última rodada.
A vitória, quase que culposa, tirou um peso momentâneo das costas do técnico Cristian Chivu. Ainda em início de trajetória no comando da Inter, o romeno viu sua equipe repetir velhos fantasmas do passado recente, como a dificuldade de criação e a lentidão nas transições. Mas, diferentemente da estreia contra o mexicano Monterrey, em que deixou escapar pontos importantes, desta vez o roteiro terminou com um sorriso. Amarelado, mas um sorriso.
Devido à falta de tempo para treinar, é comum, em Copas do Mundo, vermos seleções se adaptando à rotina caótica da competição. Num Mundial de Clubes, não tem sido diferente. E o que fazer quando se está no início de um trabalho – e de carreira? Diferentemente de Simone Inzaghi, seu antecessor, que não se desfazia de seu 3-5-2, Chivu apostou em um 3-4-2-1 na primeira etapa, com Sebastiano Esposito e Zalewski como principais válvulas criativas, às costas de Lautaro.
A Beneamata que foi a campo contava com Sommer, Darmian, De Vrij e Carlos Augusto na defesa. Ou seja, apenas com um zagueiro de ofício, algo que cobrou seu preço ao longo do jogo. No meio, o quarteto foi formado por Luis Henrique (titular pela primeira vez), Barella, Asllani e Dimarco, enquanto o ataque ficou sob a responsabilidade de Lautaro, com Zalewski e Esposito em seu suporte. Desfalcavam a equipe o defensor Bisseck, o ala Dumfries, os meias Çalhanoglu, Frattesi e Zielinski, e os atacantes Taremi e Thuram.
O Urawa Reds, mesmo sendo um time tecnicamente limitado, deixou sua marca logo cedo. Aos 11 minutos, Watanabe aproveitou uma grande jogada de Kaneko, aliada a um cochilo coletivo do sistema defensivo nerazzurro, e abriu o placar. O gol foi resultado de uma sequência de erros em cascata, passe errado de Dimarco, drible sofrido por Carlos Augusto, cobertura malfeita por Luis Henrique e desvio decisivo de Darmian após o arremate. Um verdadeiro colapso defensivo.
Contra o Urawa Reds, o brasileiro Luis Henrique fez seu primeiro jogo como titular nerazzurro (Arquivo/Inter)
A estratégia de Chivu, no entanto, não funcionou. A Inter foi previsível, travada e sem inspiração. Com mais de 60% de posse de bola, rodou o jogo de lado a lado sem conseguir penetrar na compacta retranca japonesa. Faltava verticalidade, agressividade e, sobretudo, coragem para arriscar algo diferente.
Aos 15 minutos, a Inter até levou perigo com um chute de Carlos Augusto em cima do goleiro Nishikawa. No rebote, a bola sobrou para Esposito, que parou na defesa, e, para completar a confusão, o ala brasileiro acabou afastando a bola da meta japonesa. Menos mal, já que estava em posição irregular. A última chance da primeira etapa para ambas as equipes saiu novamente dos pés de Carlos e da cabeça de Lautaro, que carimbou o travessão adversário.
O Urawa Red Diamonds, por sua vez, transformava seu 4-3-3 defensivo em uma linha de seis jogadores, recuando os pontas até a lateral da própria área. E, assim, resistiu. Com Dimarco irreconhecível – ou nem tanto, dado o péssimo término de temporada do ala – e Luis Henrique apagado, os cruzamentos foram a única alternativa. Foram quase 50 bolas alçadas à área durante os 90 minutos. Uma chuva que só surtiu efeito nos minutos finais.
No segundo tempo, Chivu mudou. Voltou ao tradicional 3-5-2, promoveu a entrada de Mkhitaryan e recolocou Lautaro mais perto da área, ao lado de Francesco Pio Esposito, que substituiu Seba, seu irmão mais velho. A Inter empurrou o Urawa para dentro da própria área e, mesmo sem brilho, passou a rondar o gol adversário com mais constância. Ainda assim, até os últimos minutos da etapa final, os italianos haviam acertado apenas um chute na direção do gol.
Novamente vital na Copa do Mundo de Clubes, o capitão Lautaro iniciou a reação da Inter (Getty)
Apesar de não acertar o alvo, a Inter teve algumas tentativas, como a incrível oportunidade perdida por Mkhitaryan bem próximo da baliza nipônica. Entretanto, foi principalmente em chutes de fora da área, apostando no talento individual de seus jogadores, que os nerazzurri buscaram furar a retranca adversária. Asllani, Dimarco e Barella levaram algum perigo, mas quem chegou mais perto de marcar novamente foram os japoneses. Aos 70 minutos, Watanabe, autor do gol, recebeu em boa condição para finalizar após um contra-ataque do Urawa, mas mandou por cima da meta de Sommer.
Foi um camisa 10 que apareceria para resolver, aliás. Aos 78 minutos, após escanteio cobrado por Barella, Lautaro improvisou uma linda puxeta no meio da confusão e empatou a partida. Um golaço que deu novo fôlego ao time italiano, que seguiu pressionando até o fim. E quando tudo parecia caminhar para um novo tropeço, brilhou o talento da base.
Após algumas tentativas bloqueadas pelo goleiro japonês, a Inter entrou nos acréscimos assombrada pelo fantasma de um novo tropeço, como já havia acontecido na estreia. No entanto, depois de uma boa jogada de Mkhitaryan e Bastoni pela esquerda, o zagueiro cruzou para a área. O croata Sucic, que havia entrado no segundo tempo, recebeu pela direita, finalizou, e na sobra da zaga, Carboni surgiu como um raio para tocar no canto do arqueiro e decretar a virada no apagar das luzes.
Do lado positivo para a Beneamata, fica o destaque para os jovens. Carboni decidiu e mostrou que pode ser aproveitado no time principal sem problemas. Já Pio Esposito entrou bem, dando presença de área à equipe – ainda que tenha participado pouco, engavetado pela defesa nipônica e penalizado pela falta de criatividade. Os dois foram treinados por Chivu na base nerazzurra e o técnico os conhece muito bem. Ou seja, pode aproveitar ao máximo seus potenciais.
Nos acréscimos, Carboni aliviou a torcida da Beneamata e mostrou que pode ser mais utilizado pela equipe de Milão (Getty)
A vitória mantém a Inter viva e dependendo apenas de si para avançar na Copa do Mundo de Clubes, com 4 pontos, saldo positivo e moral renovado para enfrentar o River Plate na rodada decisiva. Lautaro, mais uma vez, foi fundamental. Carboni, por sua vez, passa a pedir passagem no elenco principal após sua atuação corajosa e letal. Já o carismático Urawa Reds foi eliminado da competição depois dessa derrota, que se somou ao 3 a 1 sofrido para o time argentino.
Apesar da vitória, a atuação dos italianos não convenceu. Seba Esposito outra vez foi discreto como substituto de Thuram. Mkhitaryan, embora experiente, perdeu uma chance clara que poderia ter evitado o drama. Faltou fluidez, faltou clareza nas transições e, principalmente, sobrou nervosismo nas construções ofensivas.
Chivu ainda tem trabalho pela frente. O time tentou algumas variações táticas, tentativas de mudança e um jogo mais posicional, mas ainda não encontrou consistência. Se por um lado há sinais de melhora, por outro a Inter continua dependente de seus veteranos e da bola parada. Contra adversários mais qualificados, como o próprio River Plate, isso pode não bastar.
No fim das contas, o torcedor pode até estar desconfiado, mas pelo menos sua equipe saiu de Seattle com os três pontos. A vitória sobre o Urawa pode não ter sido convincente, mas foi necessária. Agora, resta saber se esse triunfo no apagar das luzes será o ponto de virada definitivo da Inter de Chivu ou apenas mais um suspiro de um time que ainda busca sua identidade.
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