Jogada10
·9 juin 2025
Betinho Marques: Vai aportar quando, SAF Galo?

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·9 juin 2025
Você é formado em quê?
Rafael Menin concedeu, durante cerca de três horas, entrevista coletiva na Arena MRV ontem (7), para falar sobre a vida financeira do Atlético. Talvez, na tentativa de se comunicar com a torcida através da imprensa, tudo tenha se perdido tecnicamente em meio às alfinetadas lançadas aos jornalistas durante as respostas, demonstrando um pouco de mágoa pelas críticas.
Com um tom inicialmente mais sereno, usou uma estratégia de dar voltas que fazia quem perguntava esquecer o que havia perguntado. No fundo, as respostas vinham sem objetividade, nem previsão de prazos ou perspectivas claras. Mas isso também é um recado importante: não há certezas concretas. A única verdade é: tem que ter aporte, dinheiro novo no clube. Isso foi admitido por Rafael.
Talvez, por isso, tenha sido a declaração mais real desde 2020, com uma conclusão clara: o Galo terá vida dura e sem prazo para equilibrar sua vida financeira. Isso ficou evidente.
Mas, resumindo tudo: não há muito o que fazer. O Atlético precisa de aporte, grana para ontem. Não há para onde correr. E quem teve vontade de investir antes não prosseguiu pelo tamanho da dívida e pelo perfil atleticano. Afinal, quem quer colocar dinheiro e ser comandado? Por isso, investidores não prosseguiram em várias situações e/ou tentativas.
Em alguns momentos, Rafael sentiu a crítica e manifestou sua revolta com expressões como a polêmica “vendeu churros pra si mesmo”. Citou as auditorias e garantiu que tudo foi feito com grandes empresas e com lisura incontestável. Apenas se esqueceu que esse diálogo não se tratava apenas da EY ou do BTG — tratava-se de conversar melhor com a torcida, a Massa que carregou o time historicamente por mais de um século.
Em um dado momento, admitiu falhas, se desculpou pela forma de comunicar e disse que todos erram e erraram, mas que o clube viveu dias muito bons no último quinquênio. No entanto, a SELIC, a guerra entre Rússia e Ucrânia, as capivaras da Lagoa da Pampulha — todas pareciam ter mais impacto que as falhas de estratégia, como o não enfrentamento das dívidas onerosas que atualmente se aproximam de R$ 1 bilhão.
Foi questionado por não aderir ao Regime Centralizado de Execuções ou à Recuperação Judicial e refutou, dizendo que dar cano não é legal e que o clube vai honrar todos os compromissos que deve. Reiterou que cumprir compromissos é algo inegociável e que não seria bonito “dar cano”.
Mas talvez o pior tenha sido responder perguntando. Indagado sobre o time de futebol e sobre promessas não cumpridas, atacou questionando qual era a formação do repórter da Web Rádio Galo:
“Beto, você tem qual formação? Já estudou futebol?”
Ora bolas! Amanhã, quando for à padaria e não gostar do pãozinho, não poderá reclamar? Afinal, estudou panificação onde? Vai ter que se formar como padeiro antes para cobrar qualidade do alimento?
A cultura do “cê é fi de quem?” não pode abaixar o nível do debate à base da desqualificação ou do tom impositivo com quem estava ali como canal do torcedor atleticano. Ninguém ali estava contra Rafael Menin. A imprensa presente representava apenas canais do torcedor e estava ali prestando um serviço questionador ao Atlético. Será assim com qualquer um que se sentar na cadeira de liderança da maior instituição de Minas Gerais. É preciso abaixar as “armas”.
A ideia da entrevista foi boa — inicialmente parecia que iria humanizar a gestão — mas, com a longa duração, a crítica tão necessária e menos “chapa-branca” deixou exalar e escapar reações e chateações desnecessárias com quem questionava. Afinal, na concepção da SAF em 2023, a pressa era necessária para pagar as onerosas e abater os juros. Por isso, as ações não podiam demorar ou gerar debates mais abertos — essa foi a justificativa impressa.
Pois é! As onerosas seguem aumentando, os equívocos são pouco admitidos e, se tivesse havido mais compartilhamento de ideias, talvez o clube estivesse um pouco mais saudável financeiramente — e a torcida mais próxima estaria comprando a bronca, inclusive mantendo a alta popularidade da gestão, que caiu assustadoramente. Tempo perdido no tal do Peter Grieve e pouco diálogo com quem é, de fato, dona do clube: a torcida.
Enfim, a palavra de salvação mais uma vez atende pelo nome de “aporte”: injetar grana e fazer o time estar bem. Caso contrário, o trem desanda mais. Uma última: o Atlético é difícil de sanear, tem dívidas que para muitos são impagáveis, mas ninguém quer largar o osso. Afinal de contas, é um posto grande demais e promotor do poder.
Então, sendo assim, o Atlético não pode mais errar. E a pergunta que não quer calar: formado em quê, sô?
Pagai e aportai! Seguimos na torcida pelo acerto da rota.
Galo, som, sol e sal é fundamental.