Zerozero
·18 de agosto de 2025
Um onze sem portugueses: o retrato do novo Rio Ave

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·18 de agosto de 2025
O Rio Ave estreou-se na Liga Portugal Betclic 2025/26 diante do Nacional com uma particularidade pouco habitual na I Liga: apresentou um onze inicial totalmente desprovido de jogadores portugueses.
Apesar de integrar atletas nacionais no plantel, como João Novais, João Graça ou João Tomé, nenhum foi titular nesta partida. Um sinal claro da mudança de rumo estratégica vivida pelo clube na era Marinakis.
Casos semelhantes ocorreram noutras equipas portuguesas em anos recentes. O último tinha acontecido em 2023/24, quando o Portimonense defrontou o Sporting, em Alvalade, sem qualquer português no onze – apesar de Hildeberto Pereira ter nascido em Portugal, representa Cabo Verde.
Antes disso, em 2021/22, o Boavista também apresentou várias formações iniciais sem jogadores nacionais, tendo a última sido diante da B SAD. Ainda que pontuais, estes episódios traduzem uma tendência crescente, resultado da competitividade internacional que molda o futebol moderno.
No caso do Rio Ave, a transformação está diretamente ligada à entrada do investidor grego Evangelos Marinakis, proprietário do Olympiacos e do Nottingham Forest.
O empresário tornou-se a figura central da nova administração do clube de Vila do Conde, apostando numa estratégia internacional. O objetivo passa por integrar o Rio Ave numa rede global de futebol, onde o fluxo de jogadores e as sinergias de mercado se sobrepõem ao modelo tradicional português, muitas vezes assente na valorização de talentos locais.
Desde a entrada de Marinakis, no final de 2023, o Rio Ave mudou de rumo de forma imediata. Em apenas três janelas de transferências chegaram mais de uma dezena de reforços estrangeiros, após um período em que o clube esteve impedido de inscrever atletas.
A aposta recaiu em jogadores com experiência competitiva e potencial de valorização, capazes de garantir rendimento desportivo imediato e servir como ativos de mercado.
No mercado ainda em curso, os vila-condenses já asseguraram 14 novos jogadores - entre eles, antigos emprestados cujos passes foram adquiridos, como Clayton e Jonathan Panzo. Nenhum destes 14 é português.
Ainda assim, o plantel orientado por Sotiris Silaidopoulos conta com cinco atletas lusos: o guarda-redes Pedro Vírginia (21 anos), o lateral João Tomé (22), os médios João Graça e João Novais, e o jovem avançado Valentim Sousa. Curiosamente, a nacionalidade mais representada no grupo é a grega, com seis jogadores.
Nos defesos mais recentes, foram várias as saídas de atletas portugueses. Costinha, Fábio Ronaldo, Josué Sá, Zé Manuel, Kiko Bondoso e Miguel Nóbrega deixaram o clube, a que se juntam as despedidas de Ukra e Vítor Gomes, que terminaram as carreiras.
O Rio Ave vê, assim, a competitividade imediata reforçada e a sua capacidade de atração de jogadores internacionais consolidada. Contudo, a outra face da moeda é evidente: o risco de perder ligação à base local e comprometer a projeção de jovens portugueses. Encontrar o equilíbrio será o grande desafio destaa nova era em Vila do Conde.
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