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·15 de mayo de 2024

Ser jovem leão... bicampeão: «É o início do sonho, mas importa não se deslumbrarem»

Imagen del artículo:Ser jovem leão... bicampeão: «É o início do sonho, mas importa não se deslumbrarem»

Dário Essugo, com 19 anos, Eduardo Quaresma e Gonçalo Inácio, ambos com 22. Ser campeão nacional é, para muitos, o grande objetivo de uma carreira. Ser bicampeão nacional é um pensamento utópico e fazê-lo com 20 e poucos anos - ou menos - é uma raridade ainda maior.

De leão ao peito, além dos três nomes mencionados anteriormente, também Mário Jorge preenche todos os requisitos. Campeão em 1979/80 - aos 18 anos - e em 1981/82 - aos 20 -, o açoriano falou com o zerozero sobre todos os desafios e privilégios vividos por um jovem leão bicampeão.


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«Sai dos Açores com cinco anos. Depois, por volta dos 12 anos, fiz os testes e comecei a minha carreira no Sporting. Foi fácil a minha adaptação, logo a seguir ao 25 de abril. Apanhei treinadores muito carismáticos na formação do Sporting, como é o caso de Aurélio Pereira, César Nascimento, Fernando Mendes, o Prof. Cassiano Gouveia... Fiz o meu percurso daí até à transição para o futebol profissional», começou por explicar o ex-jogador.

Mudanças de localidade, de clube, de rotinas... O processo é sabido e reconhecidamente difícil. Mário Jorge experienciou-o e mostrou-nos o caminho para o sucesso: «Depende, sobretudo, do foco e da forma como o jogador encara esse processo. É evidente que, na altura, quando comecei, não sonhava tornar-me jogador de futebol. Contudo, nos juniores, quando me apresentaram um contrato profissional, comecei a encarar o futebol de forma diferente. Investi na minha carreira, se queria dar continuidade.»

«Estamos a falar dos finais dos anos 70, inícios dos anos 80. Não era fácil apostar num jovem jogador, ao contrário de agora, que há alguma paciência e o processo formativo dos jogadores não acaba aos 18 anos, vai até aos 21/22/23... Na altura, fui lançado às feras, como se diz na gíria (risos). Aproveitei a oportunidade, apesar de ter na equipa jogadores muito bons, ou seja, era mais difícil jogar», reconheceu o antigo defesa/médio leonino.

Ainda no seguimento da transição para o futebol sénior, Mário Jorge contou-nos sobre a adaptação a um grupo com nomes icónicos no universo verde e branco: «Na altura, havia um extraordinário espírito de grupo e os jogadores que vinha da formação eram acarinhados pelo plantel. Era necessário o jogador saber onde estava, respeitar os mais velhos, claro, e encarar a oportunidade de maneira responsável.»

É impossível, como reconheceu Mário Jorge, falar da formação de Alvalade sem mencionar o viveiro de Alcochete, abono de família de luxo - desde sempre - do leão: «O Sporting, no seu ADN, sempre apostou na formação. Isso já vem há muito tempo, desde os anos 50/60. Na altura, quando fomos campeões em 79/80 e mesmo em 81/82, tínhamos no plantel cerca de nove, dez jogadores formados no Sporting. Sempre fomos conhecidos por isso.»

Melhor pontapé de saída na carreira profissional é difícil de pedir. Por isso, os deslumbres com o ainda longo futuro podem acontecer. Nesse sentido, o atleta que vestiu a camisola do Sporting por 261 ocasiões reforçou a importância de manter os pés bem assentes na terra: «O mais importante é o jogador não se deslumbrar por estar num clube que consegue esse tipo de feitos. Tem de consolidar a sua carreira e não pode facilitar em momento algum. Tem de haver um nível de exigência muito grande, porque representar o Sporting não é para qualquer um.»

Começar pelo topo, num exercício rápido, parece ser a melhor forma de começar. Contudo, incerto, o futuro pode pregar partidas e só do topo é que a «queda» é grande e ganha outra relevância: «Ganhar títulos é sempre bom, como é lógico, mas cria uma maior responsabilidade no jogador. Quando se trata de um clube com a dimensão do Sporting, só existe a palavra ganhar, não se pode pensar noutra coisa. Não se pode ganhar sempre, mas isso não é desculpa para não se dar sempre o melhor em prol do clube.»

O ditado é simples e relembra: «Filho és, pai serás». Num sentido menos familiar, esta relação acontece, inequivocamente, nos balneários: primeiro integrados, os jovens, eventualmente, têm de integrar as seguintes fornadas no seio do plantel.

«Lembro-me, quando estava em final de carreira, apanhei uma geração muito boa: o Filipe Ramos, o Figo, o Emílio Peixe, o Paulo Torres... Jogadores que já se mostravam nas camadas jovens. Tentámos transmitir sempre aquilo que é ser Sporting, que eles têm de ter uma maior responsabilidade quando representam este clube. Muitos destes jogadores não conseguiram ser campeões, mas ainda assim deram muito ao clube», salientou o ex-jogador.

Em tom de conclusão, Mário Jorge aproveitou para olhar para o momento atual do leão: «No Sporting, arriscam-se sempre a ser campeões. É evidente que o clube também tem de estar cotado de uma boa estrutura: um bom presidente, um bom treinador e bons jogadores - como tínhamos na altura - para chegar ao final e ter sucesso. Quando há muita instabilidade e as coisas não correm bem, fica muito mais difícil. Acho que, neste momento, o Sporting tem grande estabilidade, está tudo muito bem organizado e há muita qualidade, o que torna o Sporting na melhor equipa portuguesa.»

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