QUE O CLUBE DO POVO, POR SEU POVO E PARA SEU POVO, JAMAIS PEREÇA NA TERRA – WASHINGTON DE ASSIS | OneFootball

Tricolores do céu e da terra. Permitam-me confessar algo antes seguir com minha coluna. Estive eu pensando, nesta manhã fria, a respeito de um dos maiores discursos da história da humanidade: o discurso de Gettysburg. Para quem não se recorda, o presidente americano Abraham Lincoln (1809 – 1865) era aguardado para dizer algumas poucas palavras, na cerimônia de dedicação do cemitério militar de Gettysburg. Ali, havia pouco tempo, ocorrera uma das mais sangrentas e cruciais batalhas da guerra civil americana. No discurso, foram dois minutos que ficaram gravados na eternidade. E inspirado nestas belíssimas palavras, trago o que hoje habita em meu peito orgulhoso.

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Há cento e vinte e dois anos, nossos fundadores ergueram nas Laranjeiras um clube singular nesse continente, concebido na nobreza do futebol e consagrado ao princípio de que todos, em campo ou arquibancada, são herdeiros da mesma esperança.

Agora, todos nós, jogadores, torcedores e absolutamente todos aqueles que amam o Fluminense, transbordamo-nos de orgulho pela travessia feita, pelos desafios superados nesta gigante campanha, que testou — talvez como nunca antes — se este clube, ou qualquer clube assim sonhado, poderia resistir, crescer e lutar mesmo diante da adversidade mais dura. Aqui estivemos, nas arquibancadas reais e nos estádios da alma, não tão somente para buscar um título, mas para afirmar o valor da devoção tricolor diante do impossível.

É correto e necessário que rendamos homenagens a todos os que entregaram tudo por nossa camisa, nesta marcha até as semifinais do mundo.

Porém, num sentido mais alto, nos cabe consagrar com efusivos aplausos esta travessia. Jogadores bravos, apaixonados, vivos e já imortais na memória santificaram esta caminhada junto conosco – uma torcida que nunca abandona. Mais: eles a consagraram muito além do que nosso limitado reconhecimento pode alcançar e avançaram tão nobremente rumo à história. O mundo talvez se esqueça do dia, do placar, mas jamais esquecerá o que o Fluminense ousou fazer: levantar-se diante dos gigantes afortunados, lutar e brilhar, resistir quando muitos não acreditavam, e fazer sua torcida sonhar mais alto do que nunca.

Cabe a nós, vivos — os que permanecem de pé nas arquibancadas do tempo — dedicarmos nosso coração à continuidade da luta daqueles que vestiram essa camisa com tanta bravura. Que estejamos hoje comprometidos com a grande verdade que se impõe diante de nós: que os heróis das Laranjeiras nos inspirem a ainda mais devoção à causa tricolor, pela qual deram tudo de si.

Afirmemos, então, solenemente: essa eliminação não foi uma derrota, mas uma conquista. Este clube, sob as bênçãos de João de Deus, demonstrou ao mundo que não há limites para quem tem um coração tricolor.

Nossos bravos guerreiros não lutaram em vão. Que o Fluminense, sob o olhar de seus ancestrais e de sua torcida, viva sempre um renascimento de esperança. E que as gerações futuras saibam que aqui passou o Fluminense. Aqui se fez história. Aqui se provou que somos maiores que qualquer resultado, porque somos a própria definição de transcendência.

Que o clube do povo, por seu povo e para seu povo, jamais pereça na Terra.

Que viva o Fluminense!

Que viva sua torcida!

E que dessas semifinais brote a semente de futuras conquistas — porque, para nós, esperar é sempre alcançar.