MundoBola Flamengo
·11 de julio de 2025
Preparador do Flamengo detalha como Mundial foi importante para nivelar elenco antes de segundo semestre intenso

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·11 de julio de 2025
O elenco do Flamengo está em fase de preparação para um dos recortes mais exigentes da temporada. Após a disputa da Copa do Mundo de Clubes, o Rubro-Negro terá ao menos 13 partidas em 42 dias a partir do jogo de sábado (12) com o São Paulo. Com uma média inferior a quatro dias de intervalo entre aos jogos, o período exige trabalho detalhado da preparação física para administrar o desgaste e prevenir lesões.
Em entrevista ao MundoBola Flamengo, o preparador físico Diogo Linhares explicou como o clube usou o intervalo maior que o usual entre as partidas da Copa do Mundo de Clubes para “nivelar” o grupo fisicamente, corrigindo desequilíbrios causados por lesões e diferentes volumes de jogo ao longo de um primeiro semestre também muito congestionado.
“Houve um maior tempo, com isso a gente conseguiu equilibrar a relação entre o estímulo e recuperação, estímulo dos jogos e o maior tempo de recuperação, onde a gente pode continuar com o nosso olhar individualizado. Nós temos aqui no Flamengo um trabalho transdisciplinar em vários setores", disse, antes de completar:
"A gente aproveitou esse tempo para olhar para cada um e analisar aquele atleta que precisava de uma maior recuperação e potenciar essas rotinas recuperativas, o atleta que precisava um pouco mais de incremento de carga em alguma parte da preparação, e com isso a gente conseguiu deixar o grupo homogêneo e preparado para a disputa no Mundial.”
O Flamengo disputou cinco partidas em junho, contando a vitória sobre o Fortaleza e os quatro jogos na Copa do Mundo de Clubes. Além disso, o elenco tem um período de 11 dias para descanso e treinamentos antes da partida com o São Paulo, no sábado (12), no Maracanã, que marca o retorno ao Brasileirão. Muito diferente do calendário brasileiro.
O elenco rubro-negro ganhou folga após retornar dos EUA e vai fazer seis treinamentos no total antes do duelo com o time paulista. Segundo Diogo Linhares, o trabalho físico precisa considerar esse contexto apertado e preparar os jogadores para o que o modelo de Filipe Luís exige. Mas garante um grupo que chega bem para o início da maratona.
"O panorama físico do elenco no primeiro semestre é positivo. A gente busca sempre deixar o maior número de atletas disponíveis para performar em alto rendimento, de acordo com o que o Felipe pede para a equipe. O modelo de jogo do Felipe, ideias de jogo dele. A gente tem que deixar o maior número de atletas disponíveis e prontos para desempenhar no mais alto nível. Com isso, consequentemente, a gente consegue as vitórias e os títulos”, disse.
Um dos "trunfos" da preparação física do Flamengo é individualizar o trabalho para atender as necessidades de cada atleta. Diogo Linhares detalhou como o clube organiza o trabalho no dia a dia, com participação constante de todas as áreas de saúde e parte técnica.
"A gente utiliza esses períodos maiores, que são escassos durante toda a temporada, para avaliar e otimizar essa relação do estímulo de jogos e recuperação. Aqui no Flamengo a gente tem uma comunicação muito clara e efetiva com todos os setores: fisiologia, departamento médico, nutrição, fisioterapia, parte técnica. Nós fazemos reuniões diárias e temos um olhar muito individualizado para a necessidade de cada atleta."
Entre os atletas que exigem atenção especial estão Pedro e De La Cruz. O centroavante voltou de uma lesão grave no joelho em abril, mas o discurso interno é que ainda precisa de tempo para se retomar o espaço. Tempo que não se limita aos jogos, mas também a ter mais carga de treinamento ao lado dos companheiros.
“Sobre o Pedro e também o Matías Viña, atletas que retornaram de lesões sérias com tempo longo de afastamento, você precisa de um tempo maior para voltar ao seu 'prime'. A necessidade é de minutos, mas não só de jogo, também de treino. Fazer o que a gente vem fazendo nos treinos, em campos maiores, menores, com o grupo."
"Você treina como joga, ou joga como treina. Quanto mais minutos de treino e jogo tiver, melhor seu condicionamento. Nosso grupo trabalha em alta intensidade, como o Felipe cobra. Para corresponder ao modelo, a entrega tem que ser diária, dentro dos minutos de treino e jogo. Conforme ganha esses minutos, o atleta vai evoluindo após o afastamento longo e a lesão séria”, afirmou.
Já o uruguaio sofreu com problemas no joelho e teve um retorno mais longo. Ele receberá atenção constante da comissão pelo histórico de lesão, ainda mais em momento que deve ser mais exigido pelo desfalque de Erick Pulgar.
“Sobre o Nico, aqui a gente tem um olhar muito individualizado para cada um e com o Nico não é diferente. A gente vai continuar com esse olhar ao longo da temporada. A lesão que ele teve no joelho não teve como a gente antever. Foi uma lesão no jogo e é uma lesão que é chata realmente e leva um tempo, mas foi tudo feito com a fisioterapia. E agora é continuar com esse olhar individualizado ao longo de toda a temporada.”
Para Jorginho, reforço experiente vindo do futebol europeu, o desafio passa por adaptar o corpo a um calendário mais apertado. Mas Diogo Linhares exalta o profissionalismo do meio-campista ao comentar a parte física e afirma que essa postura está ajudando também fora de campo.
“O Jorginho chegou, um jogador inexperiente e que dispensa falar sobre ele, um cara altamente profissional, dedicado. Um jogador que veio do calendário europeu, ou seja, estaria fechando sua temporada para ir para as férias e já emendando com o calendário brasileiro. A gente tem esse cuidado, essa progressão de carga, e esse ajuste para que ele consiga se adaptar cada vez mais rápido ao calendário nacional."
"Viagens, logística, porque é um país com dimensão continental, viagens mais longas, isso tudo requer um tempo, mas ele se dedica muito, ele se cuida bastante, o Jorginho é um cara que ajudou muito aqui, a todos nós, não somente dentro de campo, como a gente vê no Mundial, mas também no dia-a-dia, um cara altamente qualificado como profissional, como atleta.”
O Flamengo não terá semanas livres até o fim de agosto, com compromissos decisivos pelo Brasileirão, Libertadores e Copa do Brasil. Para Diogo, o trabalho diário busca reduzir o risco de lesões, embora o futebol nunca permita zerar o risco.
“As estratégias que adotamos vêm desde o início do ano, porque o calendário brasileiro é sempre congestionado, no primeiro e no segundo semestre. A lesão é inerente ao esporte de alto rendimento. Levamos os atletas ao limite, que fica no limiar, com jogos cada vez mais intensos e distâncias maiores de alta intensidade. A recuperação entre os jogos é fundamental. Sabemos que a lesão é multifatorial, por isso há diálogo constante entre todos os setores. Cada atleta tem seu histórico e a gente respeita muito isso, conversando diariamente para antecipar qualquer problema.”