Jogada10
·28 de enero de 2025
In partnership with
Yahoo sportsJogada10
·28 de enero de 2025
Reza a sabedoria popular que a pressa é inimiga da perfeição. Esta premissa, aliás, é uma das primeiras lições que os pais ensinam aos filhos. Desde cedo, a gurizada aprende o valor da prudência e cautela. Aos poucos, porém, a juventude perde este lastro de sabedoria e se entrega à tentação da ansiedade diante das agruras que a vida impõe. Consolidado o preâmbulo filosófico do primeiro texto opinativo do ano, vamos, enfim, ao que interessa. Ficou mais difícil criticar a demora do Botafogo na busca por reforços e treinador após 2024. Na era SAF, o scout já demonstrou que o clube não resolverá os problemas da noite para o dia. No entanto, neste janeiro de 87 dias, cabem algumas considerações.
Por ganhar o Brasileirão e a Libertadores, o Botafogo somou três compromissos relevantes em fevereiro. A Supercopa, contra o Flamengo, em jogo único, em Belém do Pará, e o Racing, pela Recopa, em encontros de ida e volta, em Buenos Aires e no Rio de Janeiro. Começar o ano com duas taças para endossar a força do plantel é o ideal. No entanto, o Alvinegro, até o momento, não tem um treinador e um time à altura daquele que terminou a temporada passada. Enquanto o sócio majoritário John Textor entrevista diversos técnicos pelo mundo e não define quem segura o rojão, Carlos Leiria, do sub-23, está abaixo destes dois desafios e conta com um grupo reduzido, com menos opções no banco de reservas, afinal, saíram os principais suplentes, além dos imprescindíveis Luiz Henrique e Almada.
Antes de tudo, é importante frisar que esta coluna despreza o Campeonato Carioca, torneio que, quando acaba, no dia seguinte, ninguém lembra que existiu. O Estadual só é interessante para a reunião entre as charangas de Bangu e Portuguesa-RJ ou para quem gosta de histórias fora do convencional. Ou seja, um torneio para clubes pequenos e que não se enquadra nas ambições de um candidato a protagonista do futebol brasileiro. A competição da Ferj (Federação do Estado do Rio de Janeiro) é uma espécie de Florida Cup tropical. Serve para alguns testes de pré-temporada e pelo tri da Taça Rio, ótimo caminho para assegurar a vaga na Copa do Brasil. Que os titulares sejam preservados deste engodo.
Pouco interessa, então, se Nascimento não aproveitou a 456ª chance que recebeu entre os titulares, se De Paula perdeu pênalti, se Raul não fez nenhuma defesa, se Yarlen não passou a bola na hora de definir, se Newton não rende o esperado ou se o possante Lindes é a nova sensação que defenderá o Ferroviário na segunda metade do ano. Os jogos do Botafogo, até aqui, no Carioca, configuram um verdadeiro castigo para quem ousou acompanhá-los. A turma que o Mais Tradicional reuniu para jogar estas primeiras rodadas do Estadual é dose para mamute.
De volta ao fio da meada, o Botafogo-2025 ainda não tem reposição. Em 2024, enquanto a torcida reclamava e a imprensa descia a lenha, o clube demorou meses para preencher as principais lacunas do elenco e mais de 30 dias para encontrar o bracarense Artur Jorge, melhor técnico na história da instituição. A impressão é que, se não fosse a fase preliminar da Libertadores, o Glorioso começaria o ano, para valer mesmo, somente em abril, na primeira rodada da fase de grupos do torneio internacional. Neste ano, Textor parece trilhar semelhante caminho. O próprio mandachuva já decretou que a prioridade é reconquistar a taça continental e o tetracampeonato nacional. Por isso, estabeleceu, como diretriz, “vender muito e comprar mais”. Só que o tempo do bilionário alvinegro não é o mesmo do futebol brasileiro. Ou ainda não nos acostumamos.
*Esta coluna não reflete, necessariamente, a opinião do Jogada10