MundoBola Flamengo
·5 de junio de 2025
Nunca serão! Afastado do Corinthians, Augusto Melo cita Flamengo em bravata

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·5 de junio de 2025
Afastado da presidência do Corinthians, envolvido em investigações da Justiça e alvo de enorme polêmica na entrada abrupta ao Parque São Jorge, Augusto Melo fez referência às finanças do Flamengo ao se colocar contra a introdução de uma SAF no clube paulista.
A entrevista surge em meio ao caos político que vive o Corinthians, com seguidas invasões à sede do clube, processo de impeachment, tentativa de golpe, investigações da Justiça e uma série de outras questões. Augusto Melo, naturalmente, tentou se defender das acusações.
Em bravata mais direcionada à torcida do que de acordo com os fatos, Augusto Melo disse acreditar que, apenas com os contratos que negociou, poderia fazer o Corinthians igualar o Flamengo — que segue sendo citado como alvo a ser alcançado por outros clubes — em termos de receita anual.
Tudo começou, porém, em um questionamento sobre a implementação de uma SAF no Corinthians, que vive atolado em dívidas e com péssima imagem junto ao mercado. Além disso, negociações de patrocínio da atual gestão foram alvos de investigação da polícia.
"Sou completamente contra a SAF. O Corinthians, pela potência que é, pela torcida que tem, jamais deveria virar SAF. O poder de reação dele é muito grande, e eu provei isso. De que forma? Em um ano muito difícil, estou trazendo R$ 3 bilhões de receita para o Corinthians", disse Augusto à "TNT Sports".
Segundo Augusto Melo, sua gestão foi capaz de melhorar a situação financeira do Corinthians, algo que vai diretamente contra as constantes polêmicas envolvendo o clube, principalmente no mercado. O Cuiabá, por exemplo, já cobrou publicamente uma dívida pelo volante Raniele, nunca paga pelo clube paulista.
"Em um ano difícil, peguei o Corinthians com quase R$ 900 milhões de receita e estou deixando o Corinthians com R$ 1,15 bilhão", garantiu.
Foi neste momento que, reafirmando a posição do Flamengo no topo da cadeia esportiva no Brasil (o famoso "trem pagador"), Augusto Melo esqueceu a rivalidade e apontou o Rubro-Negro como exemplo a ser alcançado.
"Se não gastar nada esse ano, com mais receita de Adidas e outros contratos que estão na mesa da diretoria para fechar, o Corinthians chega a R$ 1,2 ou 1,3 bilhão. Igual ao Flamengo, que vem ganhando tudo há 4, 5 anos. Sem ganhar nada, só com Paulista e marca, iguala a receita anual do Flamengo", disse.
Não é a primeira vez que um rival cita o Flamengo como exemplo. Rubens Menin, principal controlador da SAF do Atlético-MG, já citou o Rubro-Negro como "exemplo de clube estruturado".
Na visão do empresário, o Mais Querido é um dos times que serão "prósperos para o futebol brasileiro" nos próximos dez anos. Pedro Lourenço, dono da SAF do Cruzeiro, apontou o Flamengo como maior clube do Brasil, seguido pelo Palmeiras. Até dirigentes do Vasco, maior rival do clube, já fizeram citações do tipo.
Recentemente, relatório divulgado pela Convocados Consultoria mostrou o Flamengo na liderança de uma série de quesitos relacionados à saúde financeira. Em diversas categorias analisadas pela empresa, o Rubro-Negro mostrou consistência nas finanças e permaneceu entre os melhores.
Na receita bruta, o Flamengo liderou nos dois últimos anos: R$ 1,4 bilhão em 2023 e R$ 1,2 bilhão em 2024. O Corinthians até ficou em segundo no primeiro ano, com R$ 981 milhões, mas perdeu o posto para o Palmeiras na temporada passada.
A receita recorrente do Flamengo também cresceu de um ano para o outro, alcançando R$ 1,1 bilhão líquidos no ano passado. E o time ainda manteve a ponta (com folga) nas receitas comerciais, com R$ 418 milhões em 2024 — o Corinthians ficou em segundo, com R$ 290 milhões.
O EBITDA, que mede a lucratividade operacional (excluindo despesas que não pertencem ao setor, como impostos, juros, amortização e demais burocracias) segue positivo, o que representa um trunfo para o Flamengo no mercado.
O cálculo é feito com a diferença entre a receita total e as despesas, o que resultou em R$ 308 milhões em 2024. Ainda que seja uma queda em relação ao ano anterior, isso se explica pelo maior investimento em reforços feito em 2024, entre outras despesas — que aumentaram de um ano para o outro.
Aqui é que o cenário mostra como as diferenças são claras. É importante ressaltas que dívidas são inerentes a clubes de futebol, já que até parcelamentos de compras de jogadores entram nessa lista. Assim, esse número nunca estará zerado, e o objetivo é mantê-lo sob controle.
O Flamengo, mesmo com investimento forte em contratações ao longo de 2024, bateu R$ 666 milhões em dívidas. Lembrando que a receita bruta ficou em R$ 1,2 bilhão — pouco menos que o dobro.
É uma excelente relação receita/dívida para os parâmetros do futebol brasileiro, acima de todos os outros times. E o próprio Corinthians serve como exemplo do contrário.
Mesmo afundado em débitos, o time paulista seguiu investindo e viu a dívida disparar para R$ 2,3 bilhões em 2024, para uma receita bruta de R$ 1,1 bilhão e recorrente de R$ 852,4 milhões. Insustentável.
Obviamente, os torcedores do Flamengo não deixaram as declarações de Augusto Melo passarem em branco. Ressaltando o tamanho do clube, novamente destacado como exemplo pelo presidente do Corinthians, os fãs produziram memes e fizeram piadas com a situação do time paulista.
Mesmo em situação política delicadíssima e vivendo um caos interno completo, Augusto Melo citou as finanças do Flamengo e deu novo exemplo de como o clube conseguiu se colocar como referência no mercado interno.
Há uma questão, porém. Ainda que conseguisse igualar o Flamengo em número de receitas de patrocínios, o Corinthians levaria algum tempo até acumular o crédito que o Rubro-Negro conseguiu no mercado.
Crédito este que foi conquistado por meio de um trabalho que Augusto Melo não parece querer fazer no Corinthians: enxugar gastos, encarar temporadas difíceis e arcar com os próprios compromissos em detrimento de grandes contratações e disputas de título.
Foi assim que o Flamengo, clube que chegou a ser o maior devedor do futebol brasileiro, conseguiu se reerguer e, como o próprio Augusto Melo citou, "ganhar tudo há quatro ou cinco anos". Decididamente, neste momento, é impossível imaginar um Corinthians assim.