Neymar, o Príncipe da Vila | OneFootball

Raul Estevan, do Memorial das Conquistas

Nossa história começou há vinte anos. Foi nos salões do litoral santista que você deu os primeiros toques, impressionando a todos com seu talento e ousadia. Em 2009 mostrava ao mundo que, na Vila Belmiro, o raio caía mais de uma vez: o bom e velho enredo santista.

Sua estreia como profissional foi no Pacaembu, local que se tornaria sua segunda casa e onde você conquistaria grandiosamente a América. Estreando com apenas 17 anos, isso jamais deveria ser imaginável. Em entrevista, um jovem e franzino Neymar contou que imaginava uma estreia com gols, o que não veio. Mas aquele que escreve sua história guardava algo muito, muito maior para você. E você sabia.

O menino Neymar da Silva Santos Júnior nasceu na cidade de Mogi das Cruzes, no dia 5 de fevereiro de 1992. Ainda muito jovem, mudou-se para a Baixada Santista e viveu a infância na cidade de Praia Grande, e depois São Vicente. Quis o destino que Zito, eterno capitão santista, estivesse no lugar certo e na hora certa para encontrá-lo fazendo o que sabia de melhor: jogar bola. Neymar, com apenas 11 anos, é então recrutado para se tornar mais um Menino da Vila, e ali se formava uma Joia.

Você conquistou tudo. Pelo Santos, foram 6 títulos. Três Campeonatos Paulistas, Copa do Brasil, Libertadores e Recopa Sul-Americana. No total, 230 jogos e 138 gols com a camisa santista. Tudo isso impressiona, mas não traduz nem mesmo uma fração do que foi Neymar Jr com a camisa 11. Naqueles anos, o país inteiro parou para te ver jogar. Eram crianças e adultos de moicano, fazendo gols e comemorando com dancinhas. Uma alegria que, desde sua partida para o Velho Mundo, não existe mais nesta terra.

Mais ainda, o santista viveu por você. Os mais velhos, que viram de tudo um pouco, não acreditavam no que aquele garoto fazia em campo. Chapéus, pedaladas e dribles que só se encontravam contigo. Seu talento é único, do tipo que se revela, com sorte, uma vez na vida. Os pequenos, da época, jamais poderiam entender o que era Neymar. Uma geração inteira de crianças mal acostumadas, achando que aquilo em campo era normal. E não era, nunca foi. Uns viram Pelé, outros Neymar. De muita sorte são os que viram os dois. Pois o Rei e o Príncipe não são normais.

Sua ida foi a despedida de um sonho acordado. Por mais duro que fosse, o santista sabia que era necessário. Era claro que um jovem com o seu talento e ambição precisava buscar mais. Como um filho que cresce, você precisava partir de casa para o mundo. Seja na Espanha, França ou Arábia, você deixou um legado por onde passou. Fez com que eles soubessem quem é Neymar. Brigou em meio aos maiores do planeta, e com muita classe se tornou um deles.

Hoje você retorna à Vila Belmiro, para encontrar mais uma vez o amor. Aqui, você é feliz. E se você é feliz, o santista também é. Como o retorno de um herói, um messias que no momento mais importante aparece para devolver nossa alegria, o Príncipe voltou. Nesses doze anos que se passaram, por desavenças com o destino, o Santos Futebol Clube amargou seus dias mais tristes. Lamentou derrotas e dores que pareciam incuráveis. E quando tudo parecia perdido, aqui está. São 33 anos de uma história brilhante, uma das mais lindas desse esporte. Parabéns por tudo, Menino da Vila.

Não há nada que vá explicar no futuro o que viveremos no presente. São novas, belíssimas páginas prestes a serem escritas. Dessa vez, um adulto ditando as frases. Com um novo número nas costas, herdado do Rei do Futebol para o Príncipe. Neymar, daqui para frente, os dias serão mais alegres. Nós seremos felizes novamente.