Mundo Rubro Negro
·22 de noviembre de 2024
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A conquista da Libertadores 2019 ficou marcado na alma de todo rubro-negro. A sensação é de nada daquilo vai se repetir, diante de todo o contexto daquele título. O Mengão voltou a levantar a taça em 2022, sendo tri, mas naquela altura, com Jorge Jesus, era o sonho de uma geração que não pôde ver 1981. Diego Alves, em carta aberta à Nação, fala exatamente sobre esse sentimento e relembra a conquista.
O goleiro do Flamengo teve o texto publicado pela ESPN, e inicia afirmando que quase deixou o clube após as decepções em 2017 e 2018, quando o Flamengo bateu na trave para conquistar títulos.
“Para falar do histórico dia 23 de novembro, eu preciso voltar para 2017, 2018… anos marcados por alguns tropeços em campo, decepções e até uma possível saída. Sim, eu quase deixei o Flamengo. Mas eu sabia que a minha história não poderia acabar daquela forma. É aí que entra o ano de 2019 (…) para mim a mudança de patamar no lado pessoal com o Flamengo se iniciou no comecinho de 2019. Aquele novo ciclo vinha para cicatrizar algumas feridas deixadas pelos anos anteriores. E o tempo é sempre o melhor remédio”, comenta
Ele revelou que a permanência passou pela vontade de ser campeão pelo Flamengo.
“Ser campeão de algo grande no Flamengo. No final, eu vou voltar com essa frase: ‘Muitos passaram, muitos tentam, mas poucos entram para história’. Eu sabia que seria preciso passar por muita coisa para que lá na frente essa frase fizesse sentido na minha trajetória pelo Flamengo. E eu já havia passado. Sofrido. Lutado. A recompensa viria”, garante.
Diego Alves lembra bem dos jogos contra o Emelec. O Mengão voltou do Equador com uma derrota por 2 a 0, precisando reverter. Mas o pior foi perder Diego Ribas naquele jogo, por lesão. O Camisa 10 só voltaria na final contra o River Plate, lançando para o gol do título de Gabigol.
“Passei muito tempo ouvindo que o Flamengo não tinha tradição em Libertadores. Nas oitavas de final, tão traumáticas como em anos anteriores, voltaríamos a sofrer. Mas não só com resultado. Com uma grave lesão de um amigo. A derrota por 2 a 0 para o Emelec foi o de menos. Vimos ali o nosso capitão, líder e amigo Diego Ribas quebrar a perna. Foi duro. Um duro golpe”, relembra.
Diego Alves diz que o time sabia que reverteria o placar.
“Não se falava em outra coisa diferente de vitória, classificação. A preparação foi especial. O clima positivo trouxe confiança. Eu senti isso desde que entrei para aquecer. Mais uma vez foi sofrido? Sim. Abrimos 2 a 0 e quando achamos que iríamos abrir mais, o jogo parou. Não andou mais. E foi assim até os pênaltis”, comenta.
Para as penalidades, o histórico arqueiro entende que as coisas aconteceriam de forma diferente em outro momento.
“Eu digo: se fosse em outros anos, talvez a gente não tivesse preparado para avançar naquele momento, com aquela tensão. Mas aquele grupo em 2019 estava muito preparado. E ali, diante da nossa torcida, cada um daquele elenco começava a mudar a sua história no clube”, completa.
Time em ascensão, o Grêmio tinha fama de copeiro, e Diego Alves relembra que Renato Gaúcho tirava onda e desdenhava de Jorge Jesus.
“Era o Grêmio pela frente (na semifinal). Campeão em 2017. Semifinalista em 2018. Provocações de cada lado entre Renato Gaúcho e Jorge Jesus. Quem tinha o melhor futebol do país? E o duelo mostrou que era a gente”, diz.
Sobre JJ, Diego afirma que Renato “mexeu com quem estava quieto”, relembra o jogo do “cincum” e exalta o AeroFla histórico.
“E o 5 a 0 no Maracanã coroou um time que ali praticava o melhor futebol do Brasil. Era uma expectativa gigantesca de tudo o que uma final de Libertadores iria proporcionar para todos nós. E vimos isso no AeroFla. Uma loucura. Fomos carregados do Ninho ao Galeão pela torcida do Flamengo. Eu nunca tinha vivido aquilo em lugar algum do mundo”, exalta.
Sobre a final da Libertadores em Lima, no Peru, Diego Alves lembra que o jogo do Flamengo “não encaixava” e o time sofreu um “gol bobo”. Além disso, “a tensão aumentava” com o passar do tempo, até que ele percebeu que o gol de empate aconteceria.
“Não sabíamos que faltava tão pouco tempo quando o Diego pressionou, o Arrasca deu o carrinho e enxergou o Bruno. Lá do gol, eu falei: ‘Bruno, vá para o gol’. Eram cinco nossos contra três deles. Mas o Bruno para. E faz uma magia até a bola chegar no Arrasca, que dá um carrinho e encontra o Gabi. 1 a 1. Que alívio. Que emoção”, emociona.
Imaginando que o time administraria o jogo após conversa com Everton Ribeiro, o que se viu foi diferente: o Flamengo foi campeão no tempo normal com o segundo gol de Gabigol dentro de três minutos.
“Eu toco a bola para o Rafinha, que joga no Rodrigo Caio, que volta no Rafinha. E a bola chega ao Diego. O Diego vai e manda para frente. Um lançamento para o Gabigol, que ali brigou com o Pinola. Gol”, complementa.
O histórico goleiro do Flamengo lembra que as reações foram diferentes nos dois gols. No primeiro, a explosão foi geral, já que a Nação exorcizou seus demônios e colocou a tensão de 88 minutos perdendo para fora. No entanto, o choro tomou conta no segundo tento, abafando os gritos.
“Se o primeiro gol foi uma explosão, o segundo foi diferente. Não teve o mesmo ambiente. Alguns ainda comemoravam o primeiro gol. Mas a maioria chorava. Um grito abafado pelas lágrimas. Era um sentimento que só quem viu a geração do Zico pode falar. 38 anos depois. No mesmo dia que os ídolos imortais ganharam a primeira Libertadores, quis o destino que a gente tivesse a honra de acabar com um jejum de 38 anos na mesma data”, continua.
O ídolo encerra dizendo que 2019 jamais vai se repetir.
“Ah, e lembra daquela fase lá do início, eu volto para falar de novo. Agora ela fez sentido. “Muitos passaram, muitos tentam, mas poucos entram para história”. Depois disso, ganhamos muitas outras vezes. Mas não como em 2019. É algo que não vai se repetir. Não dá pra esquecer. E valeu muito a pena. Obrigado, Flamengo”, finaliza.