Na última final europeia de Gigi Buffon, em 2017, a Juventus foi goleada pelo Real Madrid | OneFootball

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·29 de junio de 2025

Na última final europeia de Gigi Buffon, em 2017, a Juventus foi goleada pelo Real Madrid

Imagen del artículo:Na última final europeia de Gigi Buffon, em 2017, a Juventus foi goleada pelo Real Madrid

Em 3 de junho de 2017, o multicampeão Gianluigi Buffon teve uma das maiores decepções de sua carreira. O goleiro, que se tornaria recordista absoluto de títulos da Serie A, com 10 scudetti, entrou em campo para representar a Juventus em sua terceira final de Champions League e, novamente, saiu do gramado derrotado. Pela última vez, aliás. A goleada do Real Madrid, em Cardiff, por 4 a 1, selou o destino de Gigi e o da Velha Senhora. O arqueiro que saboreou uma Copa do Mundo não pode levantar a orelhuda em sua trajetória como atleta; já a equipe bianconera amargou a sétima derrota em decisões do torneio, ampliando o seu recorde negativo.

Dominante no cenário nacional, a Juventus vinha de um hexacampeonato consecutivo na Serie A e de um tri seguido na Coppa Italia – sem falar nas três edições de Supercopa Italiana vencidas em seis temporadas. Assim como em 2015, quando chegou à final com a dobradinha das competições locais, faltava conquistar a Europa. E, se isso ocorresse, os bianconeri alcançariam a tríplice coroa, igualando a arquirrival Inter, que em 2010 obtiveram o feito inédito para uma equipe do país. Ao contrário de dois anos antes, quando uma vitória contra o poderoso Barcelona do trio MSN seria considerada zebra, dessa vez a Velha Senhora parecia mais preparada para vencer e, finalmente, sentir o gosto daquele desejadíssimo objetivo.


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A Vecchia Signora avançou até a decisão da Champions League depois de campanha histórica, permanecendo invicta e exibindo performance soberba nos confrontos eliminatórios. Os bianconeri lideraram o Grupo H, que também tinha Sevilla, Lyon e Dinamo Zagreb, e passaram pelo mata-mata sem sustos: nas oitavas; 3 a 0 no placar agregado sobre o Porto; nas quartas, repetiu a dose ante o Barça de Lionel Messi, Neymar e Luis Suárez, estabelecendo a revanche de 2015; e, nas semis, aplicou 4 a 1 sobre o Monaco do emergente Kylian Mbappé.

Naquela noite em Cardiff, Dybala e outros jogadores da Juventus atuaram menos do que o esperado (Getty)

Do outro lado, o Real Madrid surgia como adversário temido – e algoz da própria Juve na final europeia de 1998. Era o campeão europeu vigente, aspirava ao terceiro título em quatro anos, e buscava mais um troféu dentro de um novo ciclo vitorioso, iniciado em janeiro de 2016 por Zinédine Zidane, ex-meia da Velha Senhora. Na trajetória continental, os espanhóis haviam ficado com a segunda posição do Grupo F, atrás do Borussia Dortmund, mas à frente de Legia Varsóvia e Sporting, e superado adversários de calibre no mata-mata: Napoli (6 a 2, nas oitavas), Bayern de Munique (num mentiroso 6 a 3, resolvido apenas na prorrogação, nas quartas) e Atlético de Madrid (4 a 2, nas semis). Em 2016-17, destaque-se, os merengues já haviam levantado as taças de La Liga, Supercopa Uefa e Mundial de Clubes.

Desde a última derrota continental, em 2015, Massimiliano Allegri contava com uma equipe completamente renovada, principalmente no meio-campo: não tinha mais o líder Andrea Pirlo, que havia rumado ao New York City FC, o talentoso Paul Pogba, vendido de volta ao Manchester United, nem Arturo Vidal, negociado com o Bayern de Munique. Outras saídas importantes tinham sido as de Patrice Evra (Marseille), Carlos Tevez (Boca Juniors) e Álvaro Morata, readquirido pelo Real Madrid. Em contrapartida, chegaram Medhi Benatia, Daniel Alves, Alex Sandro, Sami Khedira, Miralem Pjanic, Juan Cuadrado, Mario Mandzukic, Gonzalo Higuaín e Paulo Dybala. Além disso, permaneceram pilares como o capitão Buffon, o meia Claudio Marchisio e os zagueiros Leonardo Bonucci, Andrea Barzagli e Giorgio Chiellini.

Entretanto, a missão de conquistar a tríplice coroa era desafiadora e exigia derrotar o poderoso Real Madrid, que buscava o terceiro troféu da Champions League em quatro anos. Além disso, os blancos contavam com Cristiano Ronaldo em mais uma temporada brilhante, juntamente com a poderosa trinca de meio-campistas composta por Casemiro, Toni Kroos e Luka Modric. Outros grandes nomes daquele time eram Sergio Ramos, Raphaël Varane, Marcelo, Karim Benzema e Gareth Bale.

Importante contratação da Juve em 2016, Higuaín pouco produziu contra o Real Madrid, seu antigo time (Getty)

A Juventus pressionou desde o início, utilizando marcação alta de maneira intensa. Alex Sandro, de cabeça, e Higuaín, de fora da área, criaram oportunidades, mas sem representar grande perigo ao gol de Keylor Navas. A partida era acirrada e tinha temperatura elevada, o que gerava árduo trabalho para o árbitro alemão Felix Brych. Aos 12 minutos, Dybala recebeu o primeiro cartão amarelo ao interromper um avanço de Kroos no meio-campo. A partir de então, o Real Madrid assumiu controle da posse e equilibrou ações, reduzindo o ímpeto italiano – embora a primeira boa chance tenha sido dos bianconeri, num bom chute de Pjanic, defendido pelo arqueiro costarriquenho.

Na primeira falha defensiva da Juve, o Real Madrid escapou da pressão com espaço para avançar. Kroos encontrou Benzema no meio da zaga, e o francês entregou a bola para Cristiano Ronaldo. Observando a corrida de Dani Carvajal pela direita, o português fez o passe e, na entrada da área, recebeu de volta do lateral. CR7 finalizou rasteiro, e, com o desvio em Bonucci, qualquer chance de Buffon pegar o arremate foi eliminada. Aos 20 minutos, o time espanhol abriu o placar.

Enfrentando os pesadelos das finais anteriores, a Juventus buscou uma resposta rápida, e ela veio seis minutos depois. Bonucci realizou uma bela inversão de bola para Alex Sandro. Sem deixar a bola cair, o lateral cruzou de primeira, Higuaín dominou no peito e, também com a pelota no alto, passou para Mandzukic. O croata estufou o peitoral para matar a redonda e emendou uma meia-bicicleta que encobriu Navas, marcando um golaço para empatar a partida.

O golaço de Mandzukic foi uma das raras notas positivas para os bianconeri naquela final (Getty)

Apesar de tamanha agitação naquela fase do jogo, o restante do primeiro tempo não teve tanta movimentação ofensiva – ainda que o Real Madrid tenha ficado assustado pelos amarelos dados a Sergio Ramos e Carvajal, o que deixou o lado direito de sua defesa pendurado. Apesar da falha de marcação que permitiu que Cristiano Ronaldo finalizasse sozinho, a Juventus, muito concentrada, tinha sido melhor do que o adversário na etapa inicial.

Porém, aquele foco bianconero rapidamente evaporou, sobretudo com as caídas de Isco pelo lado esquerdo do campo, numa parceria com Marcelo que desmontou a marcação italiana. O Real Madrid retornou do intervalo demonstrando superioridade, com pressão inicial e presença ofensiva marcantes. Barzagli chegou a evitar o que poderia ser o segundo gol, desarmando o já citado meia-atacante espanhol no último momento dentro da área. Depois, Modric bateu de longe e Buffon defendeu com firmeza.

Aos 61 minutos, uma bola afastada pela defesa italiana encontrou Casemiro na intermediária. O volante brasileiro arriscou o chute de primeira e, contando com mais um desvio, dessa vez em Khedira, superou Buffon. O goleiro perdeu o tempo de reação e caiu meio estranho na pelota, que entrou no cantinho. Os merengues desempataram a partida e consolidaram seu domínio em campo.

Em noite de pesadelo, Buffon viu escapar sua última chance de ganhar a Champions League (Getty)

O impacto mal tinha sido assimilado pela Vecchia Signora quando veio outro golpe. Modric roubou a bola no campo de ataque, aproveitando uma cochilada do compatriota Mandzukic, tabelou com Carvajal, superou Alex Sandro e cruzou. Cristiano Ronaldo, se colocou no meio de três defensores e, com um toque só na pelota, ampliou o placar. Em apenas cinco minutos, as chances da Juventus pareciam ter se dissipado.

A desolação da torcida bianconera era evidente nas arquibancadas. Vendo as oportunidades escaparem e precisando de dois gols para empatar a decisão, Allegri substituiu Barzagli por Juan Cuadrado para aumentar a força ofensiva de sua equipe. Pouco depois, Marchisio entrou no lugar de Pjanic, amarelado minutos antes. Alex Sandro também recebeu cartão, indicando o crescente desespero da Vecchia Signora.

Faltou brio para a Juventus entrar de novo no jogo. Em condições normais para aquela equipe, Bonucci teria se jogado para completar uma cabeçada de Alex Sandro que passou ao lado da trave, após cobrança de falta – e, assim, poderia ter incendiado a partida com um hipotético 3 a 2, em uma das poucas oportunidades criadas pelos bianconeri no segundo tempo. A situação dos italianos piorou aos 83 minutos, quando Cuadrado recebeu o segundo cartão amarelo e foi expulso. Nada ocorreu, no entanto: em uma época sem VAR, passou incólume a simulação de Sergio Ramos, que também já havia sido advertido e não foi punido pela confusão causada.

Sólida até a final, a defesa da Juventus sucumbiu a Cristiano Ronaldo e sua trupe madrilenha (Getty)

No último minuto do tempo regulamentar, aconteceu o golpe de misericórdia do Real Madrid. Marcelo realizou uma ótima jogada pelo lado esquerdo, cruzou rasteiro para o meio da área e Marco Asensio – que entrou bem na segunda etapa, assim como Bale e Morata – apareceu sozinho, tocando para as redes. Estava definido: o time espanhol chegava ao 12º título da Liga dos Campeões da sua história, se tornando o primeiro bi consecutivo da era moderna do torneio. Já a Juventus perdia a sua quinta decisão seguida e ampliava a sua sina de maior vice da competição, com sete derrotas em finais.

O sonoro 4 a 1 sofrido pela Juventus em Cardiff surpreendeu e causou na torcida bianconera um forte gosto de decepção. Não só pelo resultado, mas porque a equipe foi quase perfeita em todo o caminho e acabou fraquejando justamente na linha de chegada. No vice-campeonato de 2015, contra o Barcelona, o sentimento ao fim do jogo era de dever cumprido, de que o time foi até onde deu. Dessa vez, os italianos passaram a impressão de que atuaram muito abaixo do que podiam.

Afinal, a Juventus havia sofrido apenas três gols em toda a campanha até a final. Só na decisão, o jogo mais importante, foi vazada pela mesma quantidade de vezes em 45 minutos – quatro em 90. As falhas de marcação permitiram que Cristiano Ronaldo finalizasse sozinho em duas oportunidades, sendo letal em ambas, e nomes como Daniel Alves, Dybala e Higuaín não renderam o esperado. Aliás, ficaram apagados durante praticamente toda a partida no Millenium Stadium.

Mais ligado e malandro, o Real Madrid se impôs sobre a Velha Senhora (Getty)

No fim das contas, quem diria que logo Zidane, craque tão identificado com a Juventus, daria tanta alegria a interistas um dia? Devido ao francês, os torcedores do lado nerazzurro de Milão puderam comemorar o fato de a Inter ter continuado como a única equipe italiana a ter alcançado o triplete. A derrota da Vecchia Signora também estragou o sonho de milhões que torciam para que o craque Gigi Buffon finalmente conquistasse o único título que lhe faltava na sua gloriosa carreira. E que acabaria jamais saboreando, pois não voltou a disputar uma decisão continental.

Aquela noite ainda terminaria com uma tragédia em Turim. Após uma tentativa de corre-corre, três pessoas morreram e mais de 1.600 ficaram feridas – apenas as contabilizadas oficialmente – enquanto assistiam a final entre Juventus e Real Madrid na Praça San Carlo. A confusão começou depois que um grupo de assaltantes usou spray de pimenta para fugir com pertences furtados e provocou pânico na multidão, numa época em que atentados terroristas estavam acontecendo frequentemente na Europa. Em fuga, muitos torcedores acabaram esmagados, pisoteados e cortados com garrafas de vidro. Quatro jovens de origem magrebina foram identificados como responsáveis pelo tumulto e foram condenados a mais de 10 anos de prisão por homicídio preterdoloso, por terem assumido o risco de matar.

A tragédia gerou alterações nas leis italianas para uso do espaço público e estabeleceu limitações de capacidade de público em eventos realizados ao ar livre. Turim, a capital do Piemonte, juntou os cacos após o desastre e homenageou os mortos com uma placa na Praça San Carlo. A Juventus teve alguma participação nesse processo porque se recompôs da derrota e continuou a dar alegrias a seus torcedores nos anos seguintes. Ao menos em nível local, já que a obsessão pelas conquistas continentais não foi resolvida.

Juventus 1-4 Real Madrid

Juventus: Buffon; Barzagli (Cuadrado), Bonucci, Chiellini, Alex Sandro; Pjanic (Marchisio), Khedira; Daniel Alves, Dybala (Lemina), Mandzukic; Higuaín. Técnico: Massimiliano Allegri. Real Madrid: Navas; Carvajal, Sergio Ramos, Varane, Marcelo; Modric, Casemiro, Kroos (Morata); Isco (Asensio), Cristiano Ronaldo, Benzema (Bale). Técnico: Zinédine Zidane. Gols: Mandzukic (27′); Cristiano Ronaldo (20′ e 64′), Casemiro (61′) e Asensio (90′) Cartão vermelho: Cuadrado Árbitro: Felix Brych (Alemanha) Local e data: Millenium Stadium, Cardiff (País de Gales), em 3 de junho de 2017

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