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·18 de mayo de 2024

«Longa vida ao Rei»: a despedida emocionada de Ukra... e um trator

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«Ao 17º minuto. Ao 17º dia. A 17ª época. Ukra faz hoje o último jogo como profissional na carreira.»

Última jornada da Liga Portugal Betclic e tudo já havia sido planeado. Com Rio Ave e Benfica de desfecho definido no campeonato e sem qualquer objetivo claro pelo qual lutar, só existia um ligeiro pormaior: Ukra.

Na semana antes do duelo ser disputado, os vilacondenses anunciaram que este seria o último encontro que o avançado viria a disputar na carreira como jogador profissional e, em antevisão, Luís Freire garantiu que iria ter minutos em campo.


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A uma hora de tudo iniciar, eis a confirmação: a titularidade de uma saída de campo anunciada aos 17 minutos.

O tempo corria num duelo algo amorfo em que, no fundo, todos esperavam a homenagem. Chegou a hora exata. A bola rolava e, de repente, as bancadas dos Estádio do Arcos ecoam: «Olha a hora! É agora»

Jogo interrompido. Toda a gente em campo e guarda de honra ao Rei«Ao 17º minuto. Ao 17º dia. A 17ª época. Ukra faz hoje o último jogo como profissional na carreira», entoou o speaker do Rio Ave. E, assim, Ukra saiu de campo, debaixo de uma imensidade de aplausos e cânticos.

«Acabar a carreira? Não, eu só queria fazer um jogo a titular»

Mas não ficou por aí. Depois de um beijo sentido dado a ambos os joelhos, o avançado abandonou o relvado com a promessa de regressar no final, após o soar de um último apito.

Ainda antes disso, o Rio Ave conseguiu alcançar o empate, depois de estar a perder desde a primeira meia hora do encontro. Aí, já ninguém se conteve e, de repente, Ukra estava a ser levantado pelos colegas num círculo dentro de campo - e acabou por ser arrastado pelas pernas para fora das quatro linhas.

Já de pé, e no final do duelo, foi homenageado por toda a estrutura do emblema de Vila do Conde, na pessoa da Presidente do clube, Alexandrina Cruz, e foi presenteado com uma camisola assinada por todo o plantel com quem partilhou o balneário pela última vez.

Entre alguns tumultos na bancada, discursou no relvado. «Eu quis terminar a minha carreira convosco. Vocês pensam que eu vou acabar a carreira? Não, eu só queria fazer um jogo a titular», afirmou, entre risos, e seguiu... para cima de um trator, de coroa erguida na cabeça.

«Há dias em que até me apetece deixar de jogar»

Em julho do ano passado, Ukra esteve nas instalações do zerozero e, em entrevista, mencionou as dificuldades que sentiu ao longo da carreira e que o poderiam vir a trair: as três operações aos joelhos - esses mesmos que beijou na última saída de campo da carreira.

«É algo que ainda me deixa marca, estão visíveis e vai ficar para sempre no meu corpo, que ainda deixa moedeira. Grande parte das vezes, ainda sinto alguma coisa, não vou dizer que não. Há dias em que até me apetece deixar de jogar, pelo sofrimento que tenho, mas olho para isto de uma forma positiva», mencionou, na altura.

«Depois do futebol, tenho uma vida e quero que, depois de terminar a carreira e alguém me ligue a desafiar para ir jogar um futebol ou um padel, eu possa ter saúde para poder ir. Quero poder correr com as minhas filhas. Não quero chegar ao ponto em que só estou em sofrimento e em que não tenho prazer nenhum em jogar futebol.»

429 jogos, uma internacionalização e uma Liga Europa

Tudo começou em Famalicão, a terra-natal. O pequeno André esperava que o pai o levasse aos treinos nos minhotos e por lá ficou, ainda com 12 anos. Depois, o salto: FC Porto. O clube com o qual manteve ligação durante 13 anos e onde venceu um Campeonato Nacional, uma Taça de Portugal, uma Supertaça e a Liga Europa em 2010/11 - sendo que estava emprestado... ao SC Braga, o outro finalista.

Fora de Portugal, guardará as experiências na Arábia Saudita, com a camisola do Al Fateh durante uma temporada, e na Bulgária, ao representar o CSKA Sofia.

Regressou, ainda em 2018/19, diretamente os Açores, depois da última experiência em território luso ser onde tudo terminou: em Vila do Conde, durante quatro anos e, onde, durante esse tempo somou a única internacionalização da carreira por Portugal.

Após três épocas com o emblema dos açorianos ao peito, voltou a casa. Em 2021/22, ajudou o Rio Ave a voltar à Primeira Liga, depois de uma queda à Segunda, foi campeão do escalão e, depois de 205 jogos e 16 golos com a camisola verde e branca, colocou um ponto final numa carreira de várias vivências e histórias.

Deixa, igualmente, o legado de alguém que sempre se mostrou de sorriso na cara. De camisola 17 envergada, ao minuto 17 do duelo que se realizou no dia 17 e após 17 épocas como jogador profissional, o Rei abandonou o trono, uma última vez.

Foi uma honra.

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