Nosso Palestra
·25 de febrero de 2025
Gramado sintético: inovação ou vilão? A FIFA já deu a resposta
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·25 de febrero de 2025
O futebol sempre foi um um palco de inovações e mudanças imprevistas. Não à toa, milhões de torcedores gostam de tentar fazer previsões aproveitando o depósito mínimo de R$1 em casas de apostas. E em meio a dribles, carrinhos e gols de tirar o fôlego, uma mudança importante vem ganhando corpo: a grama sintética. Alguns torcem o nariz, outros defendem com unhas e dentes. Mas uma coisa é fato: a FIFA já bateu o martelo, e o sintético veio para ficar, assim como a oportunidade de fazer.
O estopim da última polêmica? Palmeiras x São Paulo, no Allianz Parque. Lucas Moura e Oscar decidiram não começar jogando, preocupados com o risco de lesões. Depois do jogo, Lucas jogou lenha na fogueira e criticou o gramado sintético nas redes sociais. Como era de se esperar, o post viralizou. Neymar, Thiago Silva, Memphis Depay e outros grandes nomes entraram na conversa, dando a impressão de que a grama artificial era a grande vilã do futebol. Até ex-palmeirenses como Dudu e Felipe Melo se posicionaram contra, e, de repente, parecia que o gramado sintético era o responsável por todas as contusões do mundo.
Só que, no meio dessa tempestade, um detalhe passou despercebido: não há nenhuma prova científica de que a grama sintética aumenta o risco de lesões. Nada, zero, nulo. Os estudos até agora não mostram diferença significativa entre jogar no natural ou no artificial. Então, será que a grama sintética é realmente um problema, ou só mais um bode expiatório?
Vamos colocar os pingos nos is: a FIFA não apenas permite gramados sintéticos, como certifica e regulamenta o uso. Para um campo artificial ser aprovado, ele precisa seguir uma lista rigorosa de exigências, garantindo segurança, absorção de impacto e regularidade na bola. Não é qualquer gramado de pelada, não. O que temos hoje é tecnologia de ponta, que imita a grama natural em textura, maciez e resposta.
O Allianz Parque, por exemplo, tem um gramado sintético que segue todos os padrões da FIFA. A Liga dos Campeões Feminina da UEFA já foi disputada em campos sintéticos. Jogos de Copa do Mundo aconteceram em estádios com esse tipo de gramado. Então, se a maior entidade do futebol mundial aceita e certifica, por que ainda existe tanta crítica?
Embora as principais ligas da Europa utilizem gramado natural, vários estádios de ponta pelo mundo já adotaram o sintético sem comprometer a qualidade do jogo.
Luzhniki Stadium (Moscou, Rússia) – Sede da final da Copa do Mundo de 2018, optou pelo sintético para lidar com os invernos rigorosos.
BC Place (Vancouver, Canadá) – Recebeu jogos da Copa do Mundo Feminina e se tornou referência em gramado sintético.
Astana Arena (Cazaquistão) – O clima extremo do país impossibilita a grama natural; o sintético garante qualidade o ano todo.
Estádio Caliente (Tijuana, México) – O calor intenso do deserto tornou a grama artificial a opção mais viável.
Stade de Suisse (Berna, Suíça) – Desde 2007, o Young Boys joga em gramado sintético certificado pela FIFA.
Otkritie Bank Arena (Moscou, Rússia) – Casa do Spartak Moscou, utiliza gramado sintético sem comprometer o alto nível da equipe.
Johan Cruyff Arena (Amsterdã, Holanda) – Utilizou gramado sintético por anos antes da liga local decidir pelo retorno ao natural.
O que esses estádios têm em comum? Todos sediaram competições importantes sem que o gramado sintético fosse um problema.
A principal crítica ao gramado sintético é a alegação de que ele aumenta o risco de lesões. No entanto, não há evidências científicas que sustentem essa afirmação. Estudos conduzidos por diversas entidades apontam que as taxas de lesões em gramados sintéticos e naturais são praticamente idênticas.
Na verdade, gramados artificiais modernos possuem tecnologia de amortecimento, reduzindo o impacto sobre as articulações e proporcionando uma superfície mais uniforme. Em comparação, gramados naturais frequentemente sofrem com buracos, falhas na drenagem e desgaste ao longo da temporada, aumentando o risco de torções e contusões.
Se o risco de lesões fosse comprovadamente maior no sintético, a FIFA jamais aprovaria seu uso em competições oficiais.
Além da segurança, a manutenção do gramado sintético é um dos principais fatores que motivam os clubes a adotá-lo. Diferente do natural, que requer replantio, irrigação constante e sofre com mudanças climáticas, o sintético permite um controle maior sobre a qualidade do campo ao longo do ano.
Clubes como Palmeiras, Athletico-PR, Botafogo e Atlético-MG já aderiram ao modelo, garantindo um campo sempre nivelado e pronto para o jogo, independentemente do clima ou da quantidade de eventos realizados no estádio.