Cicinho relembra título da Libertadores pelo São Paulo: “Melhor elenco que já participei” | OneFootball

Cicinho relembra título da Libertadores pelo São Paulo: “Melhor elenco que já participei” | OneFootball

In partnership with

Yahoo sports
Icon: Gazeta Esportiva.com

Gazeta Esportiva.com

·14 de julio de 2025

Cicinho relembra título da Libertadores pelo São Paulo: “Melhor elenco que já participei”

Imagen del artículo:Cicinho relembra título da Libertadores pelo São Paulo: “Melhor elenco que já participei”

Um dos jogadores mais importantes da campanha do tricampeonato da Libertadores do São Paulo, Cicinho relembrou a conquista em cima do Athletico-PR, que completa 20 anos nesta segunda-feira.

O lateral direito, decisivo nas oitavas de final contra o Palmeiras, eternizou seu nome na história do Tricolor e garante que jamais integrou um elenco como aquele comandado por Paulo Autuori. Afinal, o segredo para o sucesso daquela equipe em 2005 ia muito além das quatro linhas.


OneFootball Videos


“Coletivamente, foi o time mais forte [do qual já fiz parte]. Até mesmo o melhor elenco que já participei. O futebol é um campo onde tem muita vaidade, muita questão de ego, daquele que quer aparecer mais que os outros. Isso é normal. Tem gente que sabe lidar com isso e tem gente que não”, disse Cicinho em entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva, antes de dar um exemplo do porquê o São Paulo acabou tendo tanto sucesso em 2005.

“Você disputa a competição todinha e aí chega o Amoroso assumindo a posição de titular faltando quatro jogos. O Autuori falou que era o Amoroso, o Rogério e mais nove. O Amoroso simplesmente bateu no peito e falou para a galera jogar a bola nele. Nós olhamos para aquilo e pensamos ‘bênção demais’. O cara assumindo a responsabilidade para nos ajudar. Não teve vaidade, simplesmente entendemos que ele chegou para ajudar. Em quatro jogos ele se tornou um dos caras mais importantes do título da Libertadores. Nós o acolhemos e ele fez por onde. Nosso time tinha isso, a questão do carinho que tínhamos uns pelos outros”, prosseguiu o ex-camisa 2 são-paulino.

Até mesmo o treinador da equipe, Paulo Autuori, que substituiu Emerson Leão após a conquista do Campeonato Paulista, foi na contramão do convencional, outro fator fundamental para o ambiente vivido pelo elenco naquele inesquecível ano de 2005.

“Nosso time tinha isso, a questão do carinho que tínhamos um pelo outro. O Autuori assumiu o time depois do título do Campeonato Paulista, o normal é o treinador chegar quando o time perde. Ele chegou e falou ‘Galera, o que preciso fazer para melhorar? Porque vocês já ganharam’. Nós passávamos aquilo que era necessário, e o Autuori atendia. Era do goleiro ao treinador falando a mesma língua, e eu nunca joguei em qualquer outra equipe assim”, concluiu.

Alívio

São Paulo e Athletico-PR protagonizaram a primeira final entre brasileiros da história da Libertadores. De um lado, o Tricolor despontava como grande favorito, voltando à decisão do torneio após 11 anos. Do outro, o Furacão surgia como uma grande zebra e sedento para fazer história.

Justamente pela grande responsabilidade de fazer o São Paulo voltar a vencer a Libertadores e evitar uma derrota surpreendente na final, o sentimento de muitos jogadores do elenco tricolor foi de alívio após a goleada por 4 a 0 no Morumbis, que sucedeu o empate em 1 a 1 na ida, no Beira-Rio.

“O título, no momento, a sensação dele foi de alívio. Por quê? O São Paulo vinha de 1992 e 1993, campeões da Libertadores, e em 2004 nós batemos na trave, saímos na semifinal para o Once Caldas. Quando assinei contrato com o São Paulo, a primeira coisa que o Dr. Juvenal Juvêncio e o [presidente] Marcelo Portugal Gouvêa falaram foi exatamente isso: vamos montar um time para voltar a ser campeão da Libertadores. Cheguei com o peso da responsabilidade de substituir laterais como Cafu, Belletti, e tinha uma pressão muito grande. Quando tivemos a oportunidade em 2005 de fazer a final, a única coisa que passava na cabeça era tirar o peso de todos esses anos do São Paulo sem conquistar a Libertadores. No apito final, erguendo a taça, foi uma sensação de alívio mesmo, dever cumprido”, confessou Cicinho.

Aos poucos, porém, as fichas do lateral direito e de seus companheiros foram caindo, e o sentimento de alívio deu lugar à grande satisfação por entrar definitivamente para a história do São Paulo.

“Na sequência, você vai vivenciando cada momento. Agora já estou na história do clube, é um título que identifica ainda mais. O cara pode passar pelo São Paulo, ganhar Brasileiro, Paulista, mas quando ganha a Libertadores, acaba ficando identificado como um jogador que realmente entrou para a história do São Paulo. Foi um alívio primeiro e depois a realização de um sonho por escrever seu nome na história. Você ser são-paulino e ganhar o título mais importante com a camisa do clube do seu coração é muito gratificante. Entrei para a história e meu nome está gravado lá”, afirmou o ex-camisa 2.

Atropelo na final

O confronto com o Athletico-PR na grande final da Libertadores se desenhava difícil. O Furacão, apesar de não ter a mesma tradição no continente que seu adversário, se mostrava um adversário osso duro de roer, com bons valores, muito forte jogando em casa e com fome para conquistar o maior título de sua história.

Justamente por isso, o elenco do São Paulo ligou o alerta para evitar qualquer tipo de salto alto às vésperas do confronto, embora a confiança dos jogadores fosse grande.

“Nós chegamos respeitando completamente o adversário. Nunca faltamos com respeito, tanto é que o nosso time de 2005 adquiriu admiração até de torcedores rivais, pela conduta que tínhamos. Não tínhamos um grande craque para sobressair, era o Rogério Ceni liderando uma equipe totalmente competitiva, que depois com a chegada do Amoroso para as finais trouxe um clima bacana”, comentou Cicinho.

Mas, após o empate em 1 a 1 no Beira-Rio, no jogo de ida da final, o São Paulo voltou para casa ainda mais seguro de que o tão sonhado tricampeonato da Libertadores estava perto. No Morumbi lotado, o grupo sabia que dificilmente a taça escaparia de suas mãos.

“A certeza começou quando empatamos o primeiro jogo, sabíamos que o segundo no Morumbi, casa lotada, torcida incentivando, jogadores que chamavam a responsabilidade… se sair uma falta perto da área, gol do Rogério Ceni. Jogou no Luizão, o cara vai rasgar o rosto cabeceando, porque é jogador de decisão. Amoroso, cara que chama a responsabilidade. Tinha a liderança do Lugano. Josué, Mineiro… Júnior, pentacampeão do mundo que dispensa comentários, e eu já tinha me consolidado como um dos jogadores responsáveis pela boa fase, gols contra o Palmeiras nas oitavas de final. A confiança era total, não temíamos a derrota e cada um sabia do seu papel. Danilo naquele brilhantismo jogando. Era certeza da vitória, mas respeitando o adversário”, completou.

A polêmica do Beira-Rio

Você pode estar se perguntando por que o Athletico-PR enfrentou o São Paulo no jogo de ida da final da Libertadores de 2005 no Beira-Rio, estádio do Internacional, ao invés de atuar em sua casa, a Arena da Baixada, que na época ainda não havia sido completada.

Explica-se: o Colégio Expoente ficava no terreno vizinho à casa athleticana, o que inviabilizava a construção de mais arquibancadas. Desta forma, sua capacidade era de 25 mil torcedores, abaixo do mínimo exigido pela Conmebol.

A diretoria athletica até tentou correr contra o tempo, providenciando arquibancadas provisórias e entrando em acordo com o colégio para derrubar um muro e viabilizar as obras. A entidade que regula o futebol sul-americano, porém, foi irredutível, exigindo uma nova sede para a partida.

“Quem sentiu mais foi o Athletico-PR, porque nós estávamos preparados pra jogar na Arena da Baixada, nossa equipe era muito forte, muito concentrada. Eu não estava na semifinal, estava na Seleção Brasileira, mas eliminamos o River, ganhamos dos caras lá [na Argentina]. Nossa equipe, independentemente de onde jogasse, o desempenho seria o mesmo”, comentou Cicinho.

Com o empate em 1 a 1 em Porto Alegre, coube aos são-paulinos fazer o “dever de casa” na volta, diante de mais de 70 mil pessoas no Morumbis. Resultado: goleada por 4 a 0 e a confirmação de um título inquestionável.

“Eles sentiram mais, talvez eles teriam um outro comportamento estando no estádio deles, conhecendo cada setor do campo, poderíamos encontrar outra dificuldade, pode ser que sairíamos derrotados, mas ganhamos por quatro a zero na volta, então seríamos campeões de qualquer maneira. Aprendemos muito em 2004 com a derrota para o Once Caldas e tiramos muitas lições para 2005. Pela força do São Paulo, peso da camisa quando chega na final, e o Athletico-PR era o patinho feio que chegou ali sem uma grande história, mas como uma grande equipe que mereceu estar na final”, pontuou.

Semifinal mais difícil que a final?

Há quem diga que, devido à goleada do São Paulo sobre o Athletico-PR no jogo de volta da final, o duelo válido pela semifinal da Libertadores, contra o River Plate, foi uma tarefa mais difícil para a equipe comandada por Paulo Autuori. Cicinho não participou dos embates porque estava com a Seleção Brasileira disputando a Copa das Confederações, na Alemanha, mas tem a mesma impressão, até porque se tratava de um dos gigantes da América do Sul.

“Acredito que sim [que a semifinal contra o River foi mais difícil que a final contra o Athletico-PR]. Quando se trata de jogar contra argentinos, com história, é muito difícil. Eu estava lá na Alemanha, na Copa das Confederações, falava com os amigos, com a assessoria do São Paulo, eu disputando a final lá e o São Paulo prestes a entrar em campo na Argentina”, comentou o ex-lateral direito.

Na ida, no Morumbi, o São Paulo venceu os argentinos por 2 a 0, graças aos gols de Danilo e Rogério Ceni, de pênalti. Na partida de volta, no Monumental de Núñez, o Tricolor foi superior novamente, batendo o River Plate por 3 a 2, estando sempre à frente no placar.

“Foi difícil, jogo muito acirrado, mas os jogadores do nosso time assumiram a responsabilidade. Nossa equipe teve méritos para ganhar lá. Para a final foi manter a boa sequência de apresentações”, completou.

Libertadores mais importante que título com a Seleção

Cicinho cumpriu sua missão com a Seleção Brasileira, vencendo a Argentina na final da Copa das Confederações, por 4 a 1, e retornando ao São Paulo para jogar a tão sonhada decisão da Libertadores. Foram dois títulos conquistados em 16 dias, mas, para ele, a taça erguida pelo Tricolor teve um sabor diferente.

“Lógico que falando de Seleção estamos representando nosso país, tem um gosto muito especial, ainda mais fazer quatro gols na Argentina numa final. Sabor especial demais. Mas, ter seu nome gravado na história do clube pelo qual você é apaixonado e ganhar um título pelo clube não tem explicação. Quando visito o Morumbi e vejo a taça, eu me emociono, porque sei o quão difícil foi conquistar aquilo ali. É um gosto diferente. Não se compara. É prazeroso demais vestir a camisa da Seleção Brasileira, mas nem um título de Copa do Mundo é tão importante quanto ganhar um título pelo clube que você torce”, garantiu Cicinho, cujo nome estará para sempre marcado na história do São Paulo Futebol Clube, seu time do coração.

Ver detalles de la publicación