Última Divisão
·8 de mayo de 2025
Alê Menezes e a surpresa que o futebol quase viu em 2004

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O ano de 2004 é lembrado pelas zebras no futebol mundial. Teve Grécia campeã da Eurocopa, teve Once Caldas conquistando a Libertadores, teve Porto faturando a Liga dos Campeões, teve Werder Bremen campeão alemão, teve São Caetano no Campeonato Paulista, teve Santo André na Copa do Brasil…
Mas antes do título ramalhinho, a Copa do Brasil de 2004 viu outro time aprontar nas primeiras fases, empurrado por um jogador que fez história no futebol gaúcho, e sonhar com o brilho do torneio: era o São Gabriel do atacante Alê Menezes.
Alexandre Fagundes de Menezes nasceu em Porto Alegre no dia 6 de setembro de 1976. Profissionalizou-se em 1996 pelo Cruzeiro (RS), e teve um começo de carreira discreto, rodando por clubes de São Paulo, São Paulo e Santa Catarina. Na temporada 2001/2002, passou pelo União Madeira, que disputava divisões de acesso do futebol português.
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Naquele começo de 2004, nada indicava que o São Gabriel poderia aprontar. Vice-campeão da Divisão de Acesso do Campeonato Gaúcho de 2001, o clube fez boas campanhas na primeira divisão em 2002 e 2003, mas começou o Gauchão de 2004 com um empate e cinco derrotas em seis jogos. Só venceu na sétima rodada, quando visitou o São Luiz e fez 2 a 1. Alê Menezes fez três gols neste período.
Ao mesmo tempo, o time tinha a oportunidade de disputar pela primeira vez a Copa do Brasil, graças à campanha do Campeonato Gaúcho de 2003. E surpreendeu na primeira fase ao eliminar o Figueirense: empatou por 2 a 2 em casa…
Mas venceu por 1 a 0 em Florianópolis, graças ao gol de falta de Luciano Fonseca, e avançou.
Até que veio a segunda fase e o confronto contra o Palmeiras, então campeão da Série B do Brasileiro. E a grande surpresa: uma vitória do São Gabriel por 2 a 1 no estádio Silvio de Faria Corrêa.
Logo aos 4 minutos do primeiro tempo, Alê Menezes aproveitou o cruzamento rasteiro pela direita e desviou para as redes do goleiro Diego Cavalieri. Mais tarde, aos 31 minutos, Luciano Fonseca recebeu o cruzamento da esquerda e escorou para o centro da área, onde Alê Menezes ampliou.
Parecia um sonho, que quase foi pelos ares no final do segundo tempo. Aos 44 minutos, Corrêa cruzou e Dudu desviou contra as próprias redes, diminuindo o placar. Depois, aos 52 minutos, Pancera tocou a bola com a mão dentro da área – pênalti, que Magrão bateu e Altieri defendeu para segurar a vitória.
Àquela altura, no entanto, a fase do São Gabriel era outra. No Gauchão, entre o fim da primeira fase e o começo da segunda, o time contabilizava seis jogos de invencibilidade. O Palmeiras, embora viesse em reconstrução, convivia com os fantasmas de 2002 – a eliminação para o ASA na Copa do Brasil e o rebaixamento no Campeonato Brasileiro. Para piorar, o time faria o jogo de volta apenas três dias depois da eliminação nas semifinais do Paulistão diante do Paulista de Jundiaí.
Entre um jogo e outro, o clima no Palmeiras não poderia ser pior. O goleiro Marcos, líder dentro do elenco, subia o tom contra companheiros baladeiros nos bastidores. O principal alvo era Vagner Love, que pedia aumento de salário e teria simulado uma lesão para não enfrentar o Paulista de Jundiaí. “É sempre a mesma coisa. Nessa hora, são sempre os mesmos que vêm falar. Quem tem que dar explicação não aparece”, insinuou, segundo a Folha de S. Paulo.
Desta vez, o São Gabriel não resistiu: perdeu no Parque Antártica por 4 a 0. O confronto, no entanto, marcou para sempre a carreira de Alê Menezes. “As pessoas sempre me perguntam como foi aquele jogo contra o Palmeiras. É gratificante, um legado que deixamos, de ter vencido uma das equipes mais poderosas do Brasil. Não tem dinheiro que pague”, afirmou o ex-jogador em 2024, em entrevista ao Jornal Minuano.
O Palmeiras não foi longe naquela Copa do Brasil. Passou pelo Goiás na terceira fase, mas caiu diante do Santo André nas quartas de final. No Campeonato Brasileiro, fez boa campanha, brigou pelo título, mas perdeu força e terminou em quarto lugar.
O São Gabriel Futebol Clube, por sua vez, fez boa campanha no Campeonato Gaúcho de 2004, mas foi rebaixado em 2005. Nunca mais voltou à elite: afastou-se do futebol profissional em 2009 e fechou as portas em 2013. No mesmo ano, a cidade de São Gabriel viu nascer o Esporte Clube São Gabriel para substituir o antecessor.
E Alê Menezes?
Alê Menezes como técnico do Glória de Vacaria (Imagem: Glória/Divulgação)
Alê Menezes anotou 17 gols naquele Campeonato Gaúcho de 2004. Após o torneio, transferiu-se para o Caxias, que terminou a Série B do Brasileiro em décimo lugar. Daí em diante, passou a rodar por diversos clubes. Em 2005, defendeu Brasil de Pelotas e Joinville. Nos anos seguintes, vestiria camisas de equipes de Rio Grande do Sul, São Paulo, Goiás e Santa Catarina. Em 2008, ajudou o Inter de Santa Maria a chegar ao terceiro lugar no Gauchão. Aposentou-se em 2016, após defender o Inter de Lages.
Em 2017, começou a carreira de treinador no Sapucaiense. Passou depois por Brasil de Farroupilha, Glória de Vacaria (com direito ao título da Copa FGF de 2021), Farroupilha, Bagé e Esportivo.