A Superequipa do Betis que caiu para a Segunda: «Gastaram uma barbaridade de dinheiro» | OneFootball

A Superequipa do Betis que caiu para a Segunda: «Gastaram uma barbaridade de dinheiro» | OneFootball

In partnership with

Yahoo sports
Icon: Zerozero

Zerozero

·5 de marzo de 2025

A Superequipa do Betis que caiu para a Segunda: «Gastaram uma barbaridade de dinheiro»

Imagen del artículo:A Superequipa do Betis que caiu para a Segunda: «Gastaram uma barbaridade de dinheiro»

No futebol atual, o que distingue uma excelente formação de um colosso mundial - para além da tradição futebolística - são os montantes investidos na construção de um plantel forte e multifacetado. O dinheiro, quer se goste ou não, costuma ter impacto direto nos resultados desportivos.

No entanto, existiram alguns casos na história do desporto-rei que acabaram por ser exceções à regra, no que toca a esta premissa. Determinadas campanhas onde a direção apostou todas as suas fichas numa máquina mais refinada, mas onde acabou por não colher os frutos desejados.


OneFootball Videos


Caro leitor, venha conhecer o conto que levou à destruição (temporária) do Real Betis - adversário do Vitória SC nos oitavos-de-final da Europa League -, no final da década de 90.

Euro Betis estende a mão a salvador

Depois de uma despromoção inesperada ao segundo escalão espanhol  - no mesmo ano em que o conjunto disputou a Taça das Taças -, a turma sevilhana rapidamente se reergueu. Assim, surgiu o Euro Betis. Nomenclatura atribuída a um dos melhores períodos vividos pelos verdiblancos, que competiam regularmente nas provas europeias.

Em 1981/82 e 1983/84, o mítico emblema alcança as posições cimeiras da LaLiga, o que originou o acesso à prestigiante Taça UEFA, nas épocas subsequentes. Embora o Real Betis tenha sido eliminado na primeira ronda, nas duas edições que participou - uma delas caiu diante do Benfica -, tudo faria crer que o futuro seria bastante risonho.

Contudo, as previsões não correram como o previsto. Os béticos mergulharam em profundas dificuldades financeiras, estando recheados de dívidas avultadas. A transformação do clube numa Sociedade Anónima Desportiva (SAD) não fez desaparecer todas as problemáticas e, como tal, era necessário alguém chegar-se à frente para contornar a difícil situação. Esse pseudo-herói acabou por ser Manuel Ruiz de Lopera, presidente que sucedeu a José León Gómez.

Nacho Pérez, jornalista do 'ABC de Sevilla', garantiu, numa primeira instância, que a personalidade do dirigente contagiou a massa associativa: «Os discursos dele eram muito cativantes, porque proclamava frases muito chamativas. Para além de ser carismático, Lopera tinha uma grande quantia de dinheiro em sua posse, algo determinante para não permitir que o clube desaparecesse», enalteceu, em conversa ao zerozero.

«O Betis foi um dos principais animadores do mercado»

Com esta ressuscitação financeira, o Real Betis passou rapidamente do oito ao 80de um prejuízo significativo a um poder de compra superlativo. No retorno à elite, em 1994/95, depois de uma fase mais dramática, os verdiblancos acabam por ser a equipa revelação, acabando no prestigiante terceiro posto da tabela classificativa espanhola.

Já na temporada 1996/97, a história repetiu-se, com os heliopolitanos a ficarem só atrás dos tubarões Real Madrid e Barcelona, numa campanha em que também terminaram com o rótulo de vice-campeões da Copa del Rey. O plantel era recheado de muito talento e qualidade individual, mas nem o adepto mais positivo estava à espera das grandes aquisições que se seguiriam.

«O Real Betis foi um dos principais animadores do mercado de transferências da Europa. O clube contratou vários futebolistas de craveira mundial, como o Robert Jarni, lateral esquerdo que se tornou ídolo da instituição, antes de rumar à Juventus. Também adquiriu o George Finidi, ponta de lança nigeriano, que já havia conquistado a Champions pelo Ajax.»

O entrevistado prosseguiu a mencionar o extenso lote de nomes sonantes: «Alfonso Pérez, avançado que chegou vindo do Real Madrid, acabou por se tornar uma autêntica estrela verdiblanca. Um verdadeiro matador, que chegou a jogar pela La Roja, quando a seleção não brilhava tanto. Lorenzo Serra Ferrer foi o cérebro de todas as operações vividas nesses anos dourados.»

A maior transferência do futebol mundial!

No entanto, foi outro o negócio que proporcionou um elevado nível de atenção mediática ao conjunto espanhol. O Real Betis desembolsou, em 1998, 30 milhões de euros para garantir os serviços de Denílson, um dos maiores talentos brasileiros, na maior transferência orçamental do futebol mundial, até ao momento. .

Questionado pelos motivos que fizeram o Morcego abraçar este projeto, Nacho foi perentório: «Foi uma barbaridade de dinheiro investido. O Real Betis sempre foi uma equipa que conseguiu captar interesse fora de Espanha, muito por culpa da paixão transmitida pelos seus adeptos. A essência de Sevilha é muito própria, algo que também fez com que Maradona seguisse para o rival.»

«Lopera encheu-se de orgulho aquando da concretização do negócio. Adiantou-se a equipa maiores. Acredito que o peso no projeto escolhido também foi determinante na decisão. O Denilson sabia que ia ter uma maior importância numa equipa de segunda linha, comparativamente com uma eventual chegada ao Barcelona ou ao Real Madrid», prosseguiu.

Jogadores renomados e simpatizantes fervorosos, loucos pela sua equipa... condimentos suficientes para serem redigidos mais capítulos dourados numa história bonita. O problema é que o futebol não é um mero conto de fadas, onde o fio condutor segue previsões lógicas. A busca dos heliopolitanos pelo sucesso europeu acabou por se tornar num pesadelo inesperado.

Pesetas sem conversão para o sucesso

A temporada 1998/99 acabaria mesmo por ser um presságio para os fantasmas que estavam prestes a aparecer. No início da respetiva época, o leme dos béticos ficou encarregue a Vicente Cantatore, mas os resultados não foram de encontro com as ambições coletivas. Javier Clemente foi o escolhido pela direção para tentar equilibrar o barco. Porém, a missão foi fracassada.

O 11.º lugar no campeonato espanhol, bem como as eliminações precoces na Copa del Rey e na Taça UEFA, não faziam jus ao aumento de saúde económica. Todavia, pairava o pensamento do coletivo que a campanha infeliz seguia a expressão 'uma vez sem exemplo'. Mera ingenuidade. Para desalento dos adeptos, o tempo veio a desmentir este ideal.

Apesar de algumas boas exibições no ano de estreia, onde era possível denotar toda a sua irreverência, Denílson estava longe de ser um jogador decisivo, fruto dos poucos golos marcados - dois, para ser preciso -. Para alavancar o seu emblema enquanto estrela da companhia, o camisola '16' necessitaria de aumentar os índices de finalização, algo que ficou bastante longe de acontecer em 1999/00.

Quando a expectativa é alta, a quebra pode ser ainda mais abrupta. Nem Griguol, nem Guus Hiddink, nem mesmo Faruk Hadzibegic (antigo atleta da turma sevilhana), conseguiram trazer consigo um futebol atrativo e resultadista, fenómeno que levou a uma catástrofe: a despromoção à segunda divisão. Curiosamente, 'grandes' como o Atlético de Madrid e o Sevilla também não se conseguiram salvar, num ano, deveras, insólito.

Nacho Pérez assegurou que a falta de rendimento de alguns futebolistas teve como génese alguns comportamentos inadequados, extracampo: «Um dos episódios mais comentados na época foi a festa do Benjamín, na noite de Halloween. Os jogadores não tinham permissão para festejar nesse dia, mas muitos compareceram. O problema é que o presidente e o treinador descobriram e acabaram por aparecer para acabar com o evento.»

Esta descida de degrau competitivo acabou por ser, somente, um acidente de percurso, já que a equipa pintada de verde e branco voltou ao grande palco na temporada seguinte. Os béticos retornaram ao caminho do êxito, com 2005 a ditar a conquista da Copa del Rey, o segundo exemplar no palmarés. Entre notas soltas, Denilson, depois de um empréstimo ao Flamengo, acabaria por dar a volta por cima, sendo uma peça fundamental na turma sevilhana, no início do século XXI.

O mesmo desfecho não teve Manuel Luiz de Lopera. Em sentido inverso, o antigo presidente passou de adorado para odiado, depois de alguns atos de gestão questionáveis. A revolta originou mesmo uma manifestação nas ruas de Sevilha, aderida por cerca de 60.000 pessoas (!), em junho de 2009. A venda das ações do controverso empresário acabou por ser inevitável. Posteriormente, o Tribunal Supremo de Espanha sentenciou que o dirigente havia comprado 31% do clube com dinheiro do próprio Real Betis.

Ver detalles de la publicación