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·21 January 2025

Votação de impeachment do presidente Augusto Melo no Corinthians é suspensa

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A votação de impeachment do presidente do Corinthians, Augusto Melo, está suspensa. A reunião definiria o futuro do mandatário nesta segunda-feira, no Parque São Jorge, mas o Conselho Deliberativo do clube decidiu adiar a decisão.

Antes de votar o impeachment de Augusto, os conselheiros deveriam participar de uma outra votação para definir se o processo de destituição seria levado adiante. Esta primeira parte do encontro durou mais de quatro horas e foi marcada por um clima quente, com momentos de tumulto entre opositores e aliados de Augusto Melo.


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Foram, ao todo, 126 votos a favor e 114 contra, dando prosseguimento à votação de impeachment do mandatário. Contudo, devido ao horário, a reunião foi suspensa. Além disso, por conta da demora, alguns conselheiros foram embora. A tendência é que um novo encontro seja convocado para a próxima semana, quando os membros do Conselho votarão diretamente para o impeachment.

Caso a maioria simples no Conselho aprove o impeachment de Augusto, o presidente será afastado imediatamente do cargo, que será assumido de forma temporária por Osmar Stabile, primeiro vice-presidente do clube.

Além disso, se o Conselho der parecer positivo quanto ao impeachment de Augusto, Romeu terá de definir uma data para a Assembleia Geral, que é a última instância do processo de destituição, com a participação dos associados do clube.

Nesse cenário, Augusto permaneceria afastado de suas funções até a divulgação do resultado final da Assembleia Geral. Se os sócios endossarem que ele deve deixar o cargo, o mandatário será definitivamente destituído.

Se o impeachment não passar no Conselho Deliberativo, o caso será encerrado e Augusto Melo continuará normalmente no cargo de presidente. No entanto, vale lembrar, há um outro processo de destituição correndo paralelamente, este a pedido do Conselho de Orientação e motivado em dados técnicos e números apresentados no último relatório do órgão sobre as demonstrações financeiras do primeiro semestre da gestão, e que também pode vir a ser votado no Conselho Deliberativo.

A votação de impeachment de Augusto Melo no Corinthians teve forte policiamento no Parque São Jorge e protestos da torcida, que compareceu em menor número em comparação à última reunião, mas protestou contra a possível destituição do mandatário.

O encontro para definir o futuro de Augusto, inicialmente, iria acontecer no dia 28 de novembro do ano passado. Em cima da hora, com a reunião prestes a começar naquela ocasião, Augusto Melo apresentou uma decisão liminar da Justiça que refletiu no adiamento do pleito. Posteriormente, a liminar foi derrubada, mas os eventos de final de ano, como Natal e Réveillon, fizeram o Conselho aguardar até este primeiro mês de 2025 para retomar o assunto, principalmente após as novidades reveladas sobre o caso VaideBet, graças aos depoimentos do proprietário e do diretor finaneiro da empresa à Polícia, além da entrevista concedida por Toninho Duettos, com exclusividade, à Gazeta Esportiva.

Entenda os motivos

No dia 12 de agosto, a Comissão de Justiça do Corinthians entregou um relatório para o Conselho Deliberativo a respeito de investigações sobre alguns temas que envolvem a gestão de Augusto, como as negociações com a VaideBet (ex-patrocinadora máster) e a Gazin (empresa de colchões que tem espaço no uniforme de treino).

Posteriormente, Augusto e pessoas que são ou foram ligadas à gestão foram ouvidas pela Comissão de Ética. Além do presidente, Armando Mendonça (segundo vice-presidente), Rozallah Santoro (ex-diretor financeiro), Yun Ki Lee (ex-diretor jurídico), Fernando Perino (ex-integrante do departamento jurídico), Marcelo Mariano (diretor administrativo) e Rubens Gomes (ex-diretor de futebol) foram investigados internamente.

Augusto entregou sua defesa à Comissão de Ética no final de setembro. No dia 26 de agosto, de forma paralela à investigação, um grupo de conselheiros enviou ao Conselho um requerimento que solicita a destituição de Melo.

O documento, de autoria do “Movimento Reconstrução SCCP”, conteve mais de 50 assinaturas, número mínimo para que a solicitação fosse apreciada pelo presidente do CD.

O documento pede “tramitação sucinta” e se apega, principalmente, ao Artigo 106, “b” e “d”, do Estatuto do clube, além da Lei 14.597/23, referente a nova Lei Geral do Esporte, que dispõe sobre crimes de “Lavagem” ou ocultação de bens.

Art. 106 – São motivos para requerer a destituição do Presidente e/ou dos Vices:

b) ter ele acarretado, por ação ou omissão, prejuízo considerável ao patrimônio ou à imagem do Corinthians.

d) ter ele infringido, por ação ou omissão, expressa norma estatutária.

Em 19 páginas, que detalham acontecimentos recentes promovidos pela atual gestão, o requerimento se apoia em fundamentos que objetivam apontar eventuais problemas e condutas temerárias da gestão após avaliação dos seguintes casos:

-“Laranja” na intermediação da VaideBet.

-Depoimento de Cassundé à Polícia, refutando ter feito intermediação.

-Debandada de dirigentes, perda do patrocínio e prejuízo moral.

-Depoimento de Armando Mendonça à Polícia, apontando omissão dos gestores.

-Agressão de Augusto a um torcedor do Cruzeiro, em MG, com prejuízo a imagem da instituição.

No requerimento, conselheiros afirmam o Corinthians como “vítima de crimes cometidos pelos próprios dirigentes” e ainda reforçam a intenção de se obter para o clube o devido “ressarcimento do prejuízo em razão do pagamento errôneo à malfadada empresa que nunca intermediou a confecção do contrato com a antiga patrocinadora”.

Versão de Romeu Tuma Júnior (presidente do Conselho Deliberativo)

Romeu se manifestou a respeito da reunião marcada para a votação do impeachment de Augusto Melo. O conselheiro vitalício disse que o órgão fiscalizador listou “diligências policiais estaduais e federais de teor gravíssimo” por parte da gestão atual e que deu andamento no processo “pela questão de tranquilidade da gestão e por obrigação estatuária e legal”.

Romeu alegou que alguns temas que evolveram o clube ganharam notoriedade na imprensa e geraram preocupação no Conselho. Na visão do mandatário do órgão, “não foi possível ignorar a urgência dos fatos”.

O presidente do Conselho entende que a reunião para a votação de impeachment é a forma de direcionar o processo de forma “regular e regimental” e defende que a instituição foi preservada durante a investigação do CD.

Versão de Augusto Melo (presidente do Corinthians)

O mandatário classificou a decisão de Romeu Tuma Júnior, que preside o órgão fiscalizador, como “golpe”, já que alega que não teve seu direito de defesa garantido. Na visão de Augusto, o processo em andamento é um “desrespeito” ao clube e prejudica o planejamento em curso para a temporada de 2025.

“Mais uma vez uma tentativa de golpe, querem o poder na mão grande, não vai acontecer. Se querem o poder, daqui a dois anos tem eleição, como fiz, e atropela. Tem que para isso. Corinthians está em uma situação favorável, temos um planejamento muito bom que não via há muito tempo. Está na hora desses caras pararem de ser tendenciosos, e querer, sabe, todo mundo no clube sabe as pessoas que estão articulando, quem está por trás disso, desse golpe para tomar a cadeira. Ganhamos a eleição democraticamente. Se querem a cadeira, daqui a dois anos tem eleição. Querem julgar uma pessoa que nada tem a ver com a história que quer fazer o melhor. Aí acaba o processo, não tem nada, e aí? Julgaram, impicharam a gente, o que acontece daqui a dois meses? Qual a justificativa que vão dar para o torcedor? Nossos credores e colaboradores sabem quando vão receber. É isso que querem? Por que tanta pressa fazer isso, esperar em um mês o inquérito acaba. O Corinthians é vítima, querem tomar na mão grande, opinião publica está conosco, clube social está conosco. Está na hora de dar um basta, não são corintianos, estão lá pelo poder”, disse Augusto, que também garantiu que dessa vez a votação será realizada.

“Não, eu dei ordem: deixa acontecer, está na hora de acabar isso, para ver se esses caras sossegam. Eles esperam dois anos e se candidatam. Eles sabem que não tem mais condições de vencer uma eleição no Corinthians. Eles, esses grupos, essas pessoas que não estão mais aqui por incompetência e saem falando abobrinha. Vocês vão ver no final. Vamos ver quem deve algo. Clube tem órgãos competentes, não preciso ir para a imprensa, resolve dentro do clube. Essas pessoas que fazem mal têm que ser expulsas do Corinthians”, complementou.

Opinião do elenco

Praticamente todos os jogadores do Corinthians e a comissão técnica se posicionaram contra o impeachment de Augusto Melo via nota oficial, em 2024. O principal argumento utilizado é que o mandatário, junto com o executivo Fabinho Soldado, cumpre sua palavra com o vestiário, especialmente em relação ao pagamento de salário e direitos de imagem.

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