Portal dos Dragões
·10 June 2025
Treinador avalia técnica de Diogo Costa: “Não é só atirar-se para o lado e esperar que a bola lhe bata”

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“Não se trata apenas de se lançar para o lado e aguardar que a bola o atinja. Existem muitos outros fatores a considerar”, afirma Pedro Pereira, que orientou Diogo Costa na equipa B do FC Porto. “A questão dos penáltis foi algo que o Diogo foi aprimorando ao longo da sua carreira”, destaca o treinador, que recorda um episódio interessante envolvendo o guarda-redes da Seleção Nacional, quando este era sub-13 dos dragões. “No Torneio do CAC da Pontinha, na categoria sub-13, disputámos o 3.º/4.º lugar contra o Barcelona e ele, em três penáltis, defendeu dois”, lembra, ao iniciar a conversa com o Record.
A seguir, o treinador de guarda-redes do RB Salzburgo, na Áustria, destaca a performance do guarda-redes, que nasceu na Suíça, na final de domingo contra a Espanha, que culminou na vitória de Portugal na Liga. “Durante o processo de formação, nós, como treinadores, oferecemos orientações e pistas que indicam o que é mais fácil de realizar pelo adversário que enfrentamos”, explica o treinador, que na sua mais recente experiência em Portugal foi no Famalicão, na época 2021/22.
Naturalmente, nem todos os jogadores assimilam as orientações da mesma forma. “Alguns aprendem mais rapidamente do que outros. Uns têm um ‘instinto’ mais aguçado para esses momentos”, explica Pedro Pereira, partilhando algumas das estratégias que foram transmitidas ao guarda-redes da Seleção Nacional. “Seja a habilidade de aguardar pelo batedor, seja o que ele muitas vezes menciona, de olhar os adversários nos olhos. Muitas vezes, esse olhar nos olhos permite entrar na mente deles e antecipar as suas intenções. Os olhos não revelam tudo, mas, em algumas ocasiões, revelam bastante”, comenta o técnico de 39 anos, aprofundando o tema.
“No que se refere aos penáltis, existe um certo estudo que se pode realizar, como a posição do corpo do batedor ou o que é, do ponto de vista biomecânico, mais provável de acontecer. Depois, há um componente psicológico, que é levar o adversário a fazer o que nós desejamos”, resume, antes de entrar em uma explicação bastante detalhada.
“Há jogadores que têm um padrão na batida, ou seja, que quase sempre batem para o mesmo lado; e há outros que são mais flexíveis, mudando a batida da bola de acordo com o adversário que têm à frente. Por exemplo, o Vitinha, que aguarda sempre até ao último segundo para perceber o que o adversário pode fazer. Este é o estudo mais aprofundado que um guarda-redes pode fazer em relação aos penáltis”, afirma o treinador, que possui uma longa experiência nos escalões de formação do FC Porto.
“Diogo sabe que há jogadores que não vão alterar a forma de bater a bola até ao último segundo, e outros que mudam a batida em função do posicionamento do guarda-redes. Ele aguenta sempre até ao fim, porque o adversário pode mudar a batida. Estes são, normalmente, os penáltis mais difíceis de defender, devido ao tempo de reação do guarda-redes. É mais complicado, em termos de colocação da bola, porque há uma alteração de plano no último segundo, mas também é mais desafiador para o guarda-redes reagir”, ilustra Pedro Pereira, finalizando a conversa com o jornal Record: “Não se trata apenas de se lançar para o lado e aguardar que a bola o atinja.”