AVANTE MEU TRICOLOR
·2 December 2024
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Se Ruan jogar 25 vezes pelo São Paulo, clube será obrigado a contratá-lo (Foto: Rubens Chiri/SPFC)
BRUNO NASSER
Imagina ter um atleta que chega ao clube e começa a render muito bem, mas que precisa ser afastado do time por causa do contrato?
Agora imagina precisar colocar um atleta em campo de qualquer jeito (mesmo não sendo o melhor na posição) para poder contratá-lo em definitivo?
No meio do ano, o São Paulo trouxe dois jogadores - Ruan e Marcos Antônio - e aceitou o desafio de comprá-los em definitivo se eles atingirem 25 jogos (atuando pelo menos 45 minutos). Ou seja: batendo a quantidade de partidas estipuladas, a compra será sacramentada, querendo ou não, tendo dinheiro ou não.
Esse tipo de contrato interfere diretamente na montagem do time, e isso é prejudicial porque pode interferir também no resultado final do jogo e, porque não, no resultado de um campeonato.
Uma escalação por ordem diversa jamais pode se sobrepor às escolhas técnicas.
Na derrota do São Paulo contra o Grêmio, neste domingo (1), Ruan não fez uma partida desastrosa, diferentemente do que muitos falaram. Mas ele virou titular da zaga não porque está melhor do que Arboleda.
Embora o São Paulo jamais vá admitir, o clube tem escalado Ruan como titular para que ele atinja o quanto antes a meta de 25 jogos, que possibilita o São Paulo depositar para tê-lo em definitivo.
O clube vê nele um atleta de potencial não só em campo, mas em uma futura venda. Ruan é jovem, alto e com boas partidas pelo São Paulo neste ano.
Por todas essas qualidades, o São Paulo acertou na aquisição por empréstimo com direito a compra automática se ele atingir 25 jogos.
Do ponto de vista de negócio, ok. Tática válida. Mas nessa estratégia de aproveitar Ruan, sobrou para Arboleda, que completou duas partidas no banco. Como um atleta recebe essa orientação? Ter sequência é algo muito importante para os atletas. Isso não pode prejudicar a evolução de quem for para o banco?
Essa estratégia de usar alguém pensando em atingir metas não trouxe tanto impacto para o clube porque o São Paulo já está classificado para a Libertadores A equipe vai cumprir tabela nas próximas duas rodadas. Ruan, aliás, terá mais dois jogos para se aproximar da cláusula de compra.
Agora analisemos o caso de Marcos Antonio. Vamos supor que o São Paulo considere inviável pagar o valor da cláusula (4,2 milhões de euros), embora esteja satisfeito com seu rendimento.
E o que vai acontecer quando ele estiver próximo de bater a “meta de compra”? Muito provavelmente ele será cortado das partidas seguintes para não estourar a cota que obriga a comprá-lo.
Novamente, a decisão vinda de cima pode impactar na montagem do time, ainda mais porque o volante veio ao São Paulo com um contrato curto (até junho de 2025) e ainda assim existe a possibilidade de ter que ser sacado ou utilizado “com moderação” por razões contratuais.
O São Paulo não pode ser refém de nenhum jogador ou empresário. Ao contrário, empresários e jogadores precisam atender aos interesses do Tricolor.