Portal dos Dragões
·28 April 2025
José Fernando Rio: “O que tenho visto é um constante sacudir de responsabilidades por parte de Villas-Boas”

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·28 April 2025
Este domingo marca um ano desde que André Villas-Boas foi eleito de forma convincente para a presidência do FC Porto. Como era de esperar, o primeiro ano de mandato foi repleto de desafios para o atual líder dos dragões. Segundo José Fernando Rio, que se candidatou à presidência em 2020, o balanço “só pode ser negativo”, em grande parte devido aos sucessivos insucessos do futebol profissional.
“O balanço é, de facto, negativo, mesmo considerando que a direção está a dar os primeiros passos. São três os principais fatores: o clube permanece desunido, as eleições foram bastante polarizadas, e a responsabilidade de unir o clube recai sobre quem venceu, que, tendo obtido uma vitória expressiva, não conseguiu realizar essa união. Não consigo ver essa união a acontecer, e o principal responsável é quem venceu. Desportivamente, a época está a caminho de ser um desastre: foram dois treinadores, o clube está em 3º ou 4º lugar no campeonato, afastado da luta por outros troféus desde cedo, com duas derrotas históricas contra o Benfica, um grupo de jogadores indisciplinado e um plantel que, no final da época, é consideravelmente inferior ao que esta direção herdou. O primeiro ano de mandato, do ponto de vista desportivo, é claramente negativo. Os melhores jogadores foram vendidos, o clube arrecadou uma quantia considerável, mas a competitividade da equipa foi para o fundo. O que correu menos mal foi a parte financeira, embora não se possa considerar um sucesso total. Foram abordados problemas de curto prazo do FC Porto, que eram graves. Era crucial cumprir com as normas da UEFA para evitar sanções financeiras e desportivas, além de ser importante liquidar algumas dívidas a clubes e agentes. O que foi feito a curto prazo foi positivo, e o FC Porto conseguiu sair de uma pressão financeira da UEFA, mas a verdade é que os recursos que o clube tinha para enfrentar esses problemas foram deixados pela direção anterior. Foram vendidos os melhores jogadores, totalizando mais de 150 milhões em duas janelas de transferências, e o negócio com a Ithaka já vinha de trás, embora o contrato tenha sido melhorado. O clube conseguiu um empréstimo de 115 milhões de euros a juros mais baixos, o que permitiu a renegociação de parte da dívida. O passivo, ao contrário do que se pode pensar, aumentou. Foram resolvidas questões mais urgentes, mas o passivo não foi reduzido. O clube teve de se endividar para cumprir as obrigações, mas com menos juros a pagar. A parte financeira não é positiva nem negativa, está no meio. Contudo, houve alguns aspetos positivos, como o aumento do número de sócios, a venda de lugares anuais e o sucesso do futebol feminino.
O que se espera para o próximo ano
“Infelizmente, não tenho a certeza de que desportivamente estaremos em melhor posição no próximo ano. Esta época está perdida e receio que a próxima já esteja comprometida. A qualidade do plantel desceu tanto que, para voltarmos a ser competitivos, teremos de nos esforçar muito mais do que os outros. O próximo momento crucial será o mercado de verão. É nesse momento que os sócios e adeptos poderão ver uma visão do que será a próxima época. O plantel precisa de ser renovado e reforçado significativamente, e será interessante ver que tipo de ações esta direção irá tomar. É nesse momento que se poderão definir as próximas épocas.
Prioridades para o futuro próximo
“André precisa de unir o clube. A situação atual torna tudo mais complicado. É importante apaziguar e não menosprezar quem apoiou Pinto da Costa. Este não é o caminho. É essencial dar mais esclarecimentos aos sócios, que não sabem o que ele pretende para o futebol. O presidente não se pronuncia, o diretor desportivo não se pronuncia, o responsável pelo futebol não se pronuncia… Aparentemente, as ideias eram de continuidade com a aposta em Vítor Bruno, mas tudo isso foi desfeito com a contratação de Martín Anselmi. Este treinador representa uma ruptura com o passado recente e mais distante do FC Porto. A contratação é de alto risco, e espero que tenha sido bem ponderada. É crucial dar-lhe um plantel que se alinhe com as suas ideias, fornecendo-lhe as ferramentas que claramente não possui neste momento. É vital que se explique o que se pretende para o futebol, pois o que tenho observado é um constante desvio de responsabilidades. Ao atribuir a culpa aos jogadores, o presidente desvia a responsabilidade de si mesmo. André Villas-Boas precisa de assumir mais responsabilidades, caso contrário, não será respeitado pelos jogadores, pelos treinadores e, mais cedo ou mais tarde, pelos sócios que lhe confiaram esta tarefa.
“O ponto alto teve de ser a vitória na Supertaça. Foi um momento que trouxe esperança aos adeptos do FC Porto, que acreditaram que a época poderia ser positiva. Infelizmente, essa esperança foi desfeita rapidamente, e os adeptos perceberam que as coisas não iriam correr como esperado.”
O ponto baixo
“A derrota em casa contra o Benfica foi claramente o momento mais baixo. Os números foram quase intoleráveis. É evidente que a responsabilidade direta não recai sobre o presidente, mas ele está à frente. Esta derrota marca de forma negativa o primeiro ano de mandato.”
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