Portal dos Dragões
·4 February 2025
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João Koehler, figura destacada na candidatura de Pinto da Costa nas últimas eleições do FC Porto, quebrou o silêncio e deixou duras críticas à atual direção liderada por André Villas-Boas. Em entrevista à Executive Digest, o empresário abordou temas como os resultados da auditoria financeira, a relação do clube com a claque Super Dragões e a reestruturação da dívida, apontando falhas graves na gestão do novo presidente.
A auditoria realizada pela Deloitte revelou um défice de cerca de 60 milhões de euros, dividindo-se em três áreas principais: transferências, bilheteira e despesas da administração anterior. Para Koehler, enquanto as despesas administrativas são um ponto menor, os problemas na bilhética são preocupantes, sobretudo pela continuidade de Adelino Caldeira na estrutura jurídica da SAD.
“O novo presidente disse que ia ser implacável com todos, mas há associados que hoje ocupam altos cargos e que estão envolvidos até ao pescoço nas práticas que AVB condena”, afirmou. Além disso, defende que as transferências devem ser analisadas em detalhe, incluindo as vendas de Fábio Silva, Luís Díaz e Militão, bem como as comissões pagas pelas contratações feitas pela atual direção.
A auditoria também destacou a relação próxima entre a antiga direção e a claque Super Dragões. Koehler defende que havia um protocolo legal entre ambas as partes, mas considera que a nova administração está a adotar uma postura contraditória.
“O próprio André Villas-Boas e a sua equipa avalizaram essa situação no passado. Agora pensam diferente. Mas não se enganem os sócios: continuarão a haver situações de preferência ou de privilégio nas contratações”, criticou, referindo a presença de agentes ligados a AVB em várias operações.
Além disso, lamenta a perda de ambiente no Estádio do Dragão, apontando que a ausência da claque se faz notar: “Entristece-me ver jogos no Dragão em que a equipa adversária parece estar a jogar em casa, como aconteceu na visita do Olympiacos.”
Koehler já tinha manifestado oposição à reestruturação financeira proposta por Villas-Boas, considerando-a um peso insustentável para as próximas direções. “Não se trata de uma reestruturação de dívida, mas sim de um aprofundamento da dívida e do passivo”, acusou.
Segundo o empresário, a operação compromete o clube até 2050 e apresenta taxas de juro e comissões muito elevadas. “Tanto tempo de preparação e conseguiram taxas que a anterior administração conseguia em três semanas”, ironizou. Além disso, critica a falta de um plano para aumentar as receitas, alertando que, sem essa estratégia, o clube está “condenado.”
Sobre os primeiros meses de Villas-Boas à frente do FC Porto, Koehler não poupou críticas:
“A equipa sofre para ganhar a qualquer adversário preparado”; “A formação definha, com os piores resultados da história da equipa B”; “O clube transformou-se num ‘Big Brother’, com a vida interna a ser exposta na comunicação social”; “As ações do clube caíram a pique”; “O FC Porto tornou-se alvo de chacota pelos adversários.”
Koehler defende que qualquer ilegalidade descoberta na auditoria deve ser investigada e fala em “más práticas”, mas lamenta a forma como as informações foram divulgadas, prejudicando a imagem do clube. “O segredo é a alma do negócio, esta direção ainda não percebeu isso?”, questionou.
A oposição a Villas-Boas dentro do universo portista parece crescer, com figuras ligadas à antiga administração a apontarem falhas graves na gestão do atual presidente. A instabilidade financeira e desportiva do clube coloca um grande desafio à nova liderança, que terá de encontrar soluções rápidas para evitar uma crise prolongada.