
Central do Timão
·23 March 2025
História do Brasileirão Feminino vai além do torneio disputado desde 2013; entenda contexto

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·23 March 2025
Na próxima segunda-feira, 24, o Corinthians Feminino enfrenta o Real Brasília, fora de casa, no início de sua caminhada em mais uma edição do Campeonato Brasileiro, cujos primeiros jogos aconteceram neste sábado, 22. As Brabas são as atuais campeãs do torneio e lutam, neste ano, para levantar o sétimo troféu, sendo o sexto consecutivo.
No entanto, a história do Brasileirão Feminino não tem seu início com a competição que é atualmente disputada, cuja primeira edição foi organizada em 2013. Outras competições já haviam sido criadas no passado, com hegemonias sendo construídas desde os anos 1980. A Central do Timão pesquisou um pouco desta história, que se confunde com a própria história da modalidade no país.
Foto: Rodrigo Gazzanel/Ag. Corinthians
Taça Brasil
O futebol atraiu interesse das mulheres desde o século XIX, com registros de jogos na Inglaterra a partir de 1885 e times como o Dick, Kerr’s Ladies of Preston levando mais de 50 mil pessoas aos estádios. No entanto, em um contexto pós-Primeira Guerra, a modalidade acabou proibida no país em 1921, restrição que se espalhou pelo mundo e chegou ao Brasil em 1941, durando até 1979.
No entanto, mesmo “liberado” neste ano, faltava a regulamentação para que as mulheres pudessem, de fato, formar times e disputar competições, o que aconteceu apenas em 1983. Foi neste ano, justamente, que surgiu a primeira iniciativa local de organizar um campeonato nacional de futebol feminino: a Taça Brasil, disputada em Niterói e promovida pela Federação de Futebol do Rio de Janeiro (FERJ).
O torneio, embrionário, foi disputado em partidas de 70 minutos e teve, em sua primeira edição, quatro equipes: Radar-RJ, Cruzeiro, Ponto Frio-GO e Corinthians do Parque – equipe que defendia as cores e escudo do Corinthians e que foi “herdeira” de uma tentativa do clube de criar um time feminino, em 1979, por iniciativa do então presidente Vicente Matheus. O projeto, porém, acabou desativado por ordem do Conselho Nacional do Desporto (CND), órgão da ditadura que regulamentava o esporte no país, forçando as atletas a seguirem treinando e jogando por conta própria.
As cariocas do Radar acabaram vencendo este torneio, no que foi o início da primeira grande “dinastia” do futebol feminino no Brasil. A equipe sagrou-se pentacampeã da Taça Brasil nesta fase em que era organizada por federações estaduais, conquistando os títulos entre 1983 e 1987. Os títulos trouxeram visibilidade à equipe, que fez 71 jogos no exterior e representou a Seleção Brasileira no Torneio Experimental da China de 1988, que serviu de base para a criação da Copa do Mundo Feminina pela FIFA.
CBF assume a competição
Após cinco edições da Taça Brasil sendo organizada por federações estaduais, a CBF resolve “assumir” o torneio, organizando em 1988 a sua sexta edição, que novamente foi vencida pelo Radar. No entanto, após esse torneio, a entidade passou cinco anos sem voltar a realizar esta ou qualquer outra competição para a modalidade.
Neste hiato, outros campeonatos pontuais chegaram a ser organizados, como o Troféu Brasil de 1989 vencido pelo Saad-SP, e o Troféu Brasil e o Torneio Quadrangular de Águas de Lindóia, ambos de 1990 e vencidos respectivamente por Sul América-AM e Independente-PA. No entanto, o status real desses torneios ainda não é consenso entre pesquisadores do futebol feminino.
Então, em 1993, a CBF retoma a Taça Brasil, organizando-a por mais três vezes: o Vasco venceu o torneio em 1993 e 1994 e o Sadd-SP foi o campeão em 1996. No ano seguinte, a entidade modificou a competição, inaugurando a primeira “era” do Campeonato Brasileiro, com quatro edições e tendo como campeões São Paulo em 1997, Vasco em 1998, Portuguesa em 1999/2000 e Santa Isabel-MG em 2001.
Torneios da Linaf
Após o Brasileirão de 2001, a CBF volta a se retirar do cenário, com a modalidade passando por um vácuo de poder na organização de torneios nacionais. Quem acabou preenchendo esse espaço foi a Liga Nacional de Futebol (Linaf), que no início dos anos 2000 se destacou organizando diversos torneios estaduais e, também, nacionais.
O primeiro foi a Taça Brasil de 2006, disputada em Jaguariúna e “sucessora” da competição realizada entre 1983 e 1996. O torneio contou com oito times e foi vencido pelo Botucatu. Já no ano seguinte, em 2007, surgiu a Liga Nacional, com 20 times e vencida pelo Santos.
O torneio teria uma segunda edição no final de 2008 com 32 equipes, incluindo o Corinthians, que na época disputava o Campeonato Paulista da Linaf. No entanto, problemas envolvendo, principalmente, a concorrência da CBF, que voltou naquele ano a organizar competições, inaugurando a Copa do Brasil, forçaram o adiamento do torneio da Linaf para 2009, que posteriormente acabou cancelado.
O “novo” Brasileirão
Após organizar a Copa do Brasil entre 2008 e 2012, a CBF decidiu desativar o torneio no ano seguinte e “retomar” a realização do Campeonato Brasileiro. É a competição que conhecemos atualmente e que está em sua 13ª edição. O Centro Olímpico venceu o Brasileirão em 2013, seguido por Ferroviária em 2014, Rio Preto em 2015, Flamengo em 2016 e Santos em 2017, que venceu o Corinthians na final.
Foi então que, a partir de 2018, começou a segunda grande “dinastia” de um clube em torneios nacionais da modalidade, com as Brabas vencendo seu primeiro troféu neste ano e outros cinco a partir de 2020, chegando ao status que possuem hoje de hexacampeãs brasileiras. Além disso, foi vice em 2019, o que significa que a equipe esteve nas últimas oito finais do Campeonato Brasileiro – um feito inédito no futebol brasileiro.
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