AVANTE MEU TRICOLOR
·14 December 2024
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·14 December 2024
Diretor de futebol do Tricolor ao lado de Muricy Ramalho e Rui Costa (Instagram)
RAFAEL EMILIANO@rafaelemilianoo
O diretor de futebol do São Paulo, Carlos Belmonte, justificou em entrevista ao 'Blog do São Paulo' que os dirigentes da Barra Funda fizeram apenas uma exigência no acordo de FIDC (fundo de investimento em direitos creditórios) administrado pela Galápagos.
Segundo ele, o pedido foi para que houvesse um tipo de adequação na forma como são contabilizados os gastos, para que sejam ligados ao fluxo de caixa, fazendo assim com que as despesas não ultrapassem os R$ 350 milhões de limite anuais impostos.
"Uma questão muito importante que foi negociada com o fundo e que foi uma reivindicação nossa do futebol, que fosse baseado no fluxo de caixa", disse.
Ou seja, se o São Paulo contratar algum jogador de forma parcelada, somente a prestação anual que o clube tenha que fazer o pagamento é que será lançada como gasto referente àquela temporada.
"Essa era uma reivindicação nossa, porque senão a gente ficaria estrangulado. Eu tenho lá hoje uma previsão orçamentária de investimento na casa de R$ 49 milhões. Dois jogadores, acabou, não ter mais nada. E é impossível você fazer futebol competitivo nesse formato. O que nós reivindicamos? O importante com São Paulo é quanto entra e quanto sai do caixa. O fato é esse", completou.
"Nós precisamos fazer da melhor forma, porque aí dá tranquilamente. Porque eu consigo ano a ano negociar as contratações. Então não afeta diretamente o que nós estamos fazendo com relação ao fundo", apontou.
A entrevista com o diretor são-paulino foi gravada antes das informações divulgadas pelo jornalista Paulo Vinícius Coelho no portal 'UOL' de que o comando da Barra Funda tentaria nos próximos dias afrouxar o limite de investimentos no time principal do Tricolor imposto no acordo junto com Casares.
De acordo com o portal, há desacordo entre o departamento de futebol e Casares, que teria acertado as cláusulas de restrição orçamentária sem falar com o CT da Barra Funda.
Ainda segundo PVC, a argumentação do departamento de futebol será a de que apenas 37% do total do déficit de R$ 191 milhões que o São Paulo apresentou até setembro (o esperado era de R$ 21 milhões).
De acordo com fontes ouvidas pelo jornalista, parte dessa porcentagem seria referente à não negociação de jogadores do plantel profissional estimadas na previsão orçamentária para esse ano.
O AVANTE MEU TRICOLOR já revelou que, na verdade, o não cumprimento da meta estimada de venda de atletas correspondia a 18% do total do déficit até julho, última data que a reportagem teve acesso aos dados. Nos sete primeiros meses deste ano, o São Paulo estimava arrecadar R$ 108 milhões com negociações, mas obteve apenas R$ 35 milhões.
"O Belmonte vai se sentar com o fundo e dizer que não tem como cumprir o valor limite estipulado", disse PVC. Segundo fontes ouvidas por ele, a maioria do déficit apresentado pelo São Paulo no ano vem de outras frentes, como o clube social e os juros das dívidas bancárias.
O jornalista ainda completou ao portal que haveria o diagnóstico de que o Tricolor não teria como montar uma equipe competitiva e disputar títulos com a limitação orçamentária. E que contratações teriam que ser feitas às pressas para o segundo semestre caso os resultados esportivos deixem a desejar neste começo do ano.
A informação da insatisfação pelo limite de gastos do fundo de investimentos aparece após dois movimentos acontecerem com o São Paulo neste prenúncio de janela de transferências. O clube viu dificuldade de iniciar negociações para contratar reforços e subitamente acompanhou diversos nomes de seu elenco serem sondados por outras equipes. Ao AMT, dirigentes já haviam falado em 'incômodo' pelo fato da imagem passada ao mercado ser "de desespero".
Logo após as informações de PVC virem à tona, a diretoria de futebol do São Paulo divulgou por meio das redes sociais oficiais do clube uma nota oficial desmentindo o jornalista.
O texto, assinado em conjunto pelo quarteto que comanda o futebol profissional na Barra Funda (Carlos Belmonte, Rui Costa, Nelson Ferreira e Fernando Bracalle Ambrogi), diz contestar as informações divulgadas.
"O departamento de futebol teve uma reunião com os gestores do fundo Galápagos para buscar soluções para o cumprimento do teto orçamentário de R$ 350 milhões por ano, encontro este considerado positivo por todos", diz.
"Agora, o clube projeta manter o time competitivo e iniciar o projeto de equilibrar finanças, com o apoio irrestrito do departamento de futebol", completa.
"É importante também reforçar que não há qualquer desentendimento do departamento de futebol com o presidente Julio Casares. Sobre o déficit deste ano, o departamento de futebol desconhece um prejuízo oriundo do clube social. Por fim, o departamento de futebol desconhece quaisquer assuntos alheios e projetos políticos", finaliza.
Apesar do jornalista e do veículo não serem citados nominalmente, refere-se às informações divulgadas por PVC em live do referido portal.
O FIDC deverá captar receitas de investidores e substituir empréstimos bancários por uma única dívida, esta com o fundo criado. Ele captará dinheiro no mercado, com pagamento em dezembro de 2028, mediante aplicação de juros, com contratos do clube oferecidos como garantia, como patrocínios, licenciamentos, direitos de transmissão, programa de sócios-torcedores e vendas de jogadores.
Com os R$ 240 milhões previstos, a ideia é pagar dívidas mais antigas com instituições financeiras, diminuindo os juros que são pagos atualmente.
Entretanto, é uma iniciativa diferente da mera captação de valores com terceiros, que não costuma alterar a maneira como o clube é gerido financeiramente. Existem travas na governança, que limitarão os gastos e o quanto o clube pode contrair em novas dívidas. Há cinco restrições que precisarão ser cumpridas durante a vigência do fundo. E a principal delas são que os gastos e investimentos com futebol não poderão passar de 50% da receita bruta anual ou de R$ 350 milhões — o limite será o menor dos dois valores.