Zerozero
·25 July 2025
Foi um dos treinadores de Richard Ríos no futsal e garante: «Vão ficar encantados»

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·25 July 2025
Expectativa. Ansiedade. Curiosidade.
Três palavras que espelham, muito provavelmente, o estado de espírito dos adeptos benfiquistas relativamente a Richard Ríos, o reforço mais caro da história dos encarnados- foram 27 milhões de euros pagos ao Palmeiras, onde atuou durante as últimas temporadas.
O médio colombiano, atualmente com 25 anos, irá viver a sua primeira aventura no futebol europeu após se destacar com a camisola da turma de Abel Ferreira, técnico português que conseguiu potenciar as suas qualidades para outro patamar, num cenário que despertou o interesse de vários clubes europeus.
Antes dos seus primeiros jogos de águia ao peito, o zerozero quis ir mais longe e conhecer melhor o perfil de Richard Ríos. Assim, escolhemos dois protagonistas para nos ajudarem a contar esta 'história': Diego García (treinador-adjunto no Alianza Platanera, de futsal) e Jamerson (defesa que coincidiu com o médio no Guarani).
Se não esteve atento nos últimos dias, caro leitor, não saberá que Richard Ríos começou o seu percurso no desporto profissional com uma bola de futsal. É verdade, não nos enganamos. Antes de passar para a ribalta do futebol brasileiro, o colombiano aperfeiçoou a sua técnica num campo bem mais pequeno do que o de futebol de onze.
É por essa porta que entra o nome de Diego García, que conviveu de perto com o seu antigo atleta. O treinador-adjunto, que integra a equipa técnica de Osmar Fonnegra há vários anos, acolheu o médio no Club Deportivo Alianza Platanera, equipa modesta no futsal colombiano.
«Lembro-me perfeitamente de conviver com o Richard, que ainda hoje mantém as caraterísticas dessa altura. Era intenso, gostava de jogar com os grandes jogadores e nos maiores palcos. Acima de tudo, estava sempre bastante alegre, era uma pessoa espetacular», começou por referir o técnico, em conversa com o nosso portal.
E em termos técnicos? Será que já se destacava relativamente aos outros? «É importante realçar que ele deu um grande 'salto' em termos de altura. Numa fase inicial, era mais baixo que os adversários, pois encontrava-se sempre num patamar acima do que era suposto, nunca jogava com jogadores da sua geração. Ainda assim, já se notava que era um atleta diferenciado, era decisivo», vincou, indo mais longe:
«Tratava-se de um jogador completo: marcava golos, driblava, desenhava assistências, entregava-se ao jogo durante todos os minutos possíveis. Ele evoluiu muito a partir do momento em que entrou no futsal e isso está refletido no futebol de onze. Sempre foi uma pessoa disposta a aprender», referiu Diego García, que nos explicou ainda como foi feita esta transição:
«Todos querem ser vistos e contratados por uma equipa de futebol. Ele estava a representar a seleção colombiana de futsal - era um dos destaques - e começou a trabalhar com um empresário, que o ajudou a encontrar equipa fora do país. Falei com os pais e disseram-me isso: a decisão estava tomada.»
Foi a partir daí que Richard Ríos olhou para o futebol com outro tipo de mentalidade. O primeiro salto foi para os escalões de formação do Flamengo, uma das maiores equipas no contexto brasileiro. No ano seguinte, em 2020, estreou-se pela turma principal no Campeonato Carioca, atingindo outra das metas idealizadas.
No entanto, as primeiras épocas neste patamar acabaram por estar envolvidas em dificuldades. Numa primeira fase não conseguiu ganhar o seu espaço, sendo que, depois, acabou mesmo por ser emprestado ao Mazatlán, do México.
O grande problema? Sofreu uma rotura do ligamento cruzado anterior do joelho direito a 18 de setembro de 2021. Após sete meses afastado dos relvados, regressou ao Brasil, mas pela porta do Guarani, onde encontrou Jamerson, defesa que representou o Portimonense, U. Almeirim e Sertanense em Portugal.
«Notei logo que era um cara muito tranquilo no balneário, que gostava de trabalhar. Brincava bastante com quem tinha mais intimidade, mas respeitava toda a gente de igual forma. Sabia tratar bem o próximo, digamos assim. No campo, por sua vez, era um jogador absurdo. Possuía uma força acima da média e utilizava bastante bem o drible curto, algo típico no futsal. Também rematava bem, portanto, tratava-se de um jogador completo», começou por referir ao zerozero.
«Ele chegou ao Guarani à procura de espaço, após um período complicado devido à lesão sofrida anteriormente. O grupo de trabalho já estava consolidado, porém, ele conseguiu ganhar o seu lugar de forma progressiva. É importante realçar que ele fazia a diferença sempre que estava em campo, notava-se que a equipa melhorava com a sua presença», disse ainda o lateral esquerdo de 26 anos.
Richard Ríos não esteve muito tempo no conjunto de Campinas (SP) porque despertou rapidamente o interesse do Palmeiras, que o contratou em 2023 por um valor a rondar os 1,4 milhões de euros. No total, realizou 20 jogos com as cores do Guarani, contribuindo com três golos e uma assistência.
«O ponto de viragem foi no Campeonato Paulista, onde ele conseguiu ter minutos de forma consecutiva e acumular bastante experiência nesses palcos. Mostrou o seu futebol e tornou-se um destaque da nossa equipa», acrescentou o atleta, relativamente ao seu antigo companheiro.
O resto? O resto é história...
Voltemos ao presente, mais concretamente à transferência para o Benfica por 27 milhões de euros. Como é que família e amigos de Richard Ríos olham para a decisão de embarcar na sua primeira experiência no futebol europeu? Será que foi o passo certo no momento adequado?
«Parece-nos uma grande contratação por parte do Benfica, tendo em conta o que ele é enquanto pessoa e jogador. Ficámos todos muito felizes, como é óbvio. Tenho a certeza que vai correr bem, vão ficar encantados. Acima de tudo, já estava na hora de dar o salto para um grande clube europeu», referiu Diego García, antes de falar das metas a atingir por parte do médio colombiano.
«Ele tem muitos sonhos por concretizar, este não é o único. O mais importante, numa primeira fase, passa por estar feliz ao lado da sua família. O resto surgirá de forma natural, fruto da sua qualidade em distintos momentos do jogo. Demonstra que soube aproveitar as oportunidades concedidas pelas diferentes equipas técnicas», acrescentou o colombiano, numa ideia também defendido por Jamerson.
«Passei por Portugal entre 2018 e 2022, mas em contextos distintos dos do Richard. Ainda assim, sei que a I Divisão é bastante forte e ele não terá dificuldades em adaptar-se, tendo em conta o nível que atingiu. Leva uma bagagem interessante do campeonato brasileiro, onde disputam jogos complicados. Tenho a certeza que trará felicidades aos adeptos benfiquistas e que não sentirá o peso do valor da transferência.»
Para terminar, umas palavras sobre o futuro. «O estilo de jogo encaixa em Portugal, não nos podemos esquecer que se trata de um atleta da seleção colombiana. Ainda poderá embarcar noutro tipo de voos no futebol europeu, num Real Madrid ou Barcelona, por exemplo. Sempre trabalhou muito e não existem limites para ele», concluiu Jamerson.